“Em 38 anos de profissão, foi a primeira vez que testemunhei um primeiro semestre com vendas muito acima da média”, revelou Adriano Portugal, diretor-geral do Mercado das Viagens, durante uma entrevista ao TNews, enfatizando a preferência dos clientes por vendas antecipadas em comparação ao ano anterior. Além disso, o responsável avançou que a rede de agências de viagens tem planos para inaugurar três novos balcões até o final do ano e estabelecer parcerias estratégicas, que incluem a oferta de serviços como bilhetes para eventos desportivos.
Numa entrevista exclusiva ao TNews, o diretor-geral começou por avaliar as operações de verão, destacando que, apesar de alguns desafios relacionados com cancelamentos devido a greves e ameaças de greve, a operação decorreu “relativamente bem”. Adriano Portugal notou um aumento nos problemas relacionados com cancelamentos de operações, mas enfatizou que a rede Mercado das Viagens conseguiu enfrentar essas adversidades com sucesso.
Quando questionado acerca das vendas, Adriano Portugal revelou que as vendas em 2023 já ultrapassaram as de 2019 e 2022, “um ano que foi excecional devido à crescente vontade das famílias de viajar após o período de pandemia”. De acordo com o diretor-geral, o primeiro semestre de 2023 foi notavelmente robusto em termos de vendas, mas houve um ligeiro abrandamento devido ao “aumento das taxas de juro, que se refletiu na maioria das famílias”.
O diretor-geral também destacou uma mudança no comportamento dos clientes, com uma procura crescente por vendas antecipadas. “A venda antecipada é um indicador de que o próprio cliente percebeu que as promoções de última hora já não ocorrem com tanta frequência. Cada vez mais, as pessoas querem garantir férias com qualidade aliada ao preço na venda antecipada. A estratégia das agências e operadores turísticos no pós-pandemia tem dado resultados positivos”, sustenta.
No que diz respeito aos destinos mais populares, Adriano Portugal realçou as Caraíbas como um dos principais destinos de longa distância, especialmente o México e a República Dominicana. “O México continua a ser um destino de venda fácil, pois reúne todos os elementos: um clima agradável, a possibilidade de combinar lazer e cultura, excelentes hotéis e serviços. Mesmo com desafios climáticos como o problema do sargaço, a indústria hoteleira tem sabido responder de forma eficaz, para que os clientes não se sintam prejudicados por essa questão”, sublinhou o diretor-geral.
Entre os destinos de médio curso, o Senegal e Cabo Verde continuam a registar boas vendas. Djerba, na Tunísia, destaca-se entre os destinos de curta distância, assim como Saïdia, em Marrocos.
Questionado sobre o fluxo de turismo doméstico versus internacional, o diretor-geral explicou que este ano os portugueses preferiram viajar para o estrangeiro devido a fatores como “preços extremamente elevados no Algarve”.
“O México continua a ser um destino de venda fácil, pois reúne todos os elementos: um clima agradável, a possibilidade de combinar lazer e cultura, excelentes hotéis e serviços”.
“Não nos podemos esquecer de que a costa sul espanhola, que está muito próxima à fronteira com o Algarve, tem destinos com qualidades acima da média e com preços bastante mais competitivos do que o Algarve”. Além disso, o responsável expressou o desejo de ver mais procura interna para destinos como Porto Santo e Açores, que oferecem alternativas atrativas para quem procura voos de curta distância, tranquilidade, clima agradável e “cadeias hoteleiras com um excelente serviço”.
Em relação às expectativas para o resto do ano, Adriano Portugal reconheceu que o aumento das taxas de juro pode impactar as viagens de inverno, mas acredita que a procura se manterá, embora a “um ritmo menos acelerado”. O diretor acredita que o Mercado das Viagens vai alcançar o que estava perspetivado para o ano de 2023.
Novos balcões e parcerias
Em termos de expansão, Adriano Portugal revelou que a Mercado das Viagens planeia abrir três novos balcões até o final do ano, sendo um no Algarve, um a norte e outro potencialmente no centro do país. Além disso, a rede está a estabelecer parcerias com novos parceiros, incluindo uma colaboração com um parceiro externo que oferecerá serviços adicionais, como bilhetes para eventos desportivos e experiências únicas. “Os clientes estão a demonstrar um interesse crescente em acrescentar valor ao que adquirem em termos de destino. Já não se trata apenas do voo e do alojamento. Os clientes estão a começar a procurar experiências adicionais, como provas de vinhos, refeições em restaurantes emblemáticos de determinadas regiões e ingressos para eventos como concertos.”
“Os clientes estão a demonstrar um interesse crescente em acrescentar valor ao que adquirem em termos de destino. Já não se trata apenas do voo e do alojamento”.
Durante a entrevista, foram também revelados detalhes sobre o planeamento das formações internas. Dadas as limitações do período de verão, quando as agências estão mais ocupadas, a rede optou por concentrar-se na temporada de inverno, quando os balcões têm mais disponibilidade para formação. Algumas ações terão uma abordagem mais orientada para questões técnicas, enquanto outras se focarão em apresentar os produtos específicos disponibilizados pelos operadores. Estas sessões serão divididas em módulos, adaptando-se ao nível de complexidade e exigência.
Foi também partilhado que há planos para o próximo ano, incluindo a criação de grupos personalizados. “Para o próximo ano, temos em mente a criação de dois grupos exclusivos, concebidos à medida, que até ao momento não estão disponíveis no mercado. Estes grupos foram pensados especialmente para atender às necessidades e desejos dos nossos clientes, oferecendo experiências únicas que de outra forma não seriam acessíveis. Estamos a falar de mini-grupos, compostos por 18 a 20 pessoas, uma dimensão que acreditamos ser a mais adequada. À medida que a procura aumentar, estamos preparados para implementar outras estratégias que já foram cuidadosamente delineadas para o futuro”, acrescentou.
“Para o próximo ano, temos em mente a criação de dois grupos exclusivos, concebidos à medida, que até ao momento não estão disponíveis no mercado.”
Finalmente, em relação à possível entrada da Mercado das Viagens na AirVenture, como anteriormente anunciado durante a IV Convenção anual, Adriano Portugal esclareceu que, após uma análise detalhada alinhada com a estratégia da marca, chegaram à conclusão de que essa não seria a trajetória mais adequada. “Foi por essa razão que ativámos o nosso próprio consolidador. Fazia todo o sentido aproveitar as nossas próprias sinergias. Estamos cada vez mais empenhados em potenciar essas sinergias, trabalhar em conjunto com os nossos parceiros e manter uma relação construtiva até mesmo com os concorrentes na indústria”, conclui.
