Os cruzeiros Lisboa-Lisboa do MSC Virtuosa tem registado em média o embarque de 900 passageiros, dos quais 95% são portugueses, o maior número registado comparativamente ao mesmo período de 2017, 2018 e 2019.
“Foram os melhores números que tivemos até agora. Isto faz-nos crer que o setor dos cruzeiros em Portugal, especialmente os de porta-a-porta (no caso Lisboa-Lisboa), pode ainda ter muito para dar nos próximos anos, especialmente no próximo ano”, disse Eduardo Cabrita, diretor geral da MSC Cruzeiros Portugal, esta sexta-feira, dia 15 de outubro, numa visita de imprensa ao MSC Virtuosa.
Para o responsável, tem sido “uma agradável surpresa”, tendo em conta a pandemia e o período de realização destes itinerários – de setembro a novembro- que não é habitualmente o de férias. “Não temos famílias a embarcar porque as crianças estão na escola, mas temos casais com mais idade e de meia idade”.
Desde o mês passado, que o MSC Virtuosa está a fazer cruzeiros com embarque em Lisboa. Já se realizaram três partidas para cruzeiros de 9 noites (nos dias 18, 27 de setembro e 6 de outubro), o quarto embarque aconteceu esta sexta-feira, 15 de outubro. Os passageiros têm oportunidade de explorar o Mediterrâneo Ocidental com escala em Barcelona, Marselha, Génova, Málaga, Casablanca, antes do regressar a Lisboa.
A MSC Cruzeiros tem, atualmente, 11 navios a operar. Questionado sobre a procura de portugueses para os cruzeiros no Mediterrâneo, Eduardo Cabrita confirma que os portugueses têm navegado nestes itinerários, mas não são os números registados nos embarques em Lisboa. “Temos tido portugueses a navegar nestes itinerários, principalmente no Mediterrâneo Ocidental – Espanha, França e Itália, mas também no Mediterrâneo Oriental, do lado de Veneza. Lançámos há muito pouco tempo um cruzeiro no Báltico, e na Arábia Saudita durante este verão, que tem sido um desafio para os portugueses, porque os voos ainda não são os que queremos em termos de ligações, mas lá chegaremos. Os números não são tão bons quanto aos embarques de Lisboa no que diz respeito aos portugueses, porque a distância faz a diferença nesta pandemia e porque a parte aérea ainda faz a diferença”. No entanto, as perspetivas são boas para 2022: “Este ano de 2021 foi um recomeço de tudo e estamos a chegar ao fim bem alicerçados para que 2022 seja bastante perto de 2019″.
Cruzeiros mais baratos
Fazer um cruzeiro da MSC pode custar menos 30% agora do que antes da pandemia. O diretor geral da MSC Cruzeiros Portugal confirma uma descida de preços. “As companhias estão a perder dinheiro”, referiu. “Este é um negócio de volume e os navios pré-pandemia estavam sempre a 90%/95% da ocupação”, constatou.
No entanto, “financeiramente e em termos de liquidez a MSC está perfeitamente normal”, garantiu e explicou porquê: “Com a pandemia, a frota mundial foi suspensa e as companhias tiveram de ir buscar reservas financeiras. A maior parte das companhias que estão em bolsa, não é o caso da MSC, tiveram de ir buscar aos investidores. No caso da MSC, o alicerce do grupo é o transporte marítimo de contentores (…) e o último ano e meio foi o melhor em termos de transporte marítimo”. Mesmo com a perda de dinheiro, a decisão foi retomar os cruzeiros: “A MSC Cruzeiros, como empresa, está numa situação de liquidez financeira boa, mas não consegue fazer dinheiro para estar na situação pré-pandemia, não temos os passageiros suficientes mas temos de recomeçar”. A visão da companhia é que está “numa melhor posição para recomeçar nos próximos anos do que todas as outras empresas”. A comprovar está a carteira de novos navios, que deverá passar dos atuais de 19 para 40 navios em 2030.
Quanto à retoma total da operação, Eduardo Cabrita acredita que em março/abril do próximo ano a frota estará toda a navegar. A dúvida está na capacidade dos navios. “Se teremos a frota toda a navegar com a capacidade completa? Essa é a parte mais difícil de chegar lá”, afirmou, defendendo que vai passar “muito pelo desconfinamento dos países”. “Acredito que, se tudo correr como estamos a vislumbrar nos países, especialmente na Europa – não falo dos EUA e da Ásia (fechada aos cruzeiros), o verão de 2022 será muito mais próximo do que era nos níveis pré-pandemia”.
Protocolos de segurança apertados com testagem no embarque
A MSC Cruzeiros exige aos passageiros a apresentação de um certificado que ateste uma das três situações: vacinação; teste negativo antigénio 48h antes ou teste negativo PCR 72h antes do embarque; ou recuperação da doença. Além disso, os passageiros são testados em qualquer porto de embarque. Quando efetuam excursões em bolha de segurança, os passageiros são novamente testados até 48h antes da excursão. A bolha de segurança implica não haver contactos com os locais. As medidas apertadas não têm afastado os viajantes, pelo contrário: “Estamos a ser muito mais preventivos e cautelosos do que a sociedade o quer, mas sinto-me mais satisfeito por isso”. A capacidade a bordo pode ir até aos 70%, embora a companhia queira manter-se nos 50%.
No caso de um passageiro testar positivo para a covid-19 a bordo, a companhia, através de pulseiras eletrónicas usadas pelos passageiros, faz o tracing dos contactos próximos de forma a isolar. O passageiro continua a bordo até ao próximo porto. É acionado o seguro covid – um seguro obrigatório para todos os passageiros. A MSC Cruzeiros encarrega-se de arranjar transporte especial para as pessoas, ou a quarentena num hotel, conforme os protocolos de segurança de cada país. “Começam a ser cada vez mais raros esses casos. Quando chegarmos perto do zero, fará sentido aliviar as medidas”, referiu Eduardo Cabrita.