José Manuel Santos, candidato à presidência da Entidade Regional do Turismo (ERT) Alentejo e Ribatejo, considera que o país não precisa de um ministério do Turismo, mas de “governantes que percebam que o turismo é estruturante para o país”.
Questionado sobre declarações do atual presidente da ERT, Vítor Silva, que afirma ser “um milagre Portugal conseguir ter os resultados que tem, se ainda não se assumiu como um país turístico”, José Manuel Santos discorda. “Acho precisamente o contrário, se há área do país em que temos investido é no turismo. Temos conseguido uma coisa extraordinária que outros setores da nossa sociedade não pode dizer, independente das mudanças políticas e partidárias, o turismo tem sido sempre o foco no turismo”.
O candidato realizou uma conferência de imprensa em Lisboa na passada quinta-feira, dia 4 de maio, para apresentar a sua candidatura designada por “Nova Ambição – Construir o Futuro.Turismo do Alentejo.Turismo do Ribatejo 2023”. Com José Manuel Santos estiveram alguns membros da lista, designadamente, Pedro Beato, Conceição Grilo, Rui Raposo, Isabel Vinagre, José Bizarro e Nuno Pina.
Sobre o que pensa da Lei 33/2013, que define o regime jurídico da organização e funcionamento das entidades regionais de turismo, apontada por alguns dirigentes como estando desatualizada, José Manuel Santos considera que “a lei é ótima, ampla, abrangente e dá liberdade de atuação às entidades regionais”. A lei está desatualizada? Sim, há muitas leis desatualizadas. Creio que neste momento em Portugal precisamos de estabilidade das leis estabilidade da administração. É uma boa lei, acho que até tem coisas boas, como Conselho de Marketing, que não utilizamos tanto. Estou mais preocupado em utilizar o que lei me dá, e não com o que a lei não tem, ou se está desatualizada. Não concordo e não sou o único. Portanto, vamos trabalhar com a lei que temos”.
Sobre o choque de competências entre as ERT’s com as Comunidades Intermunicipais (CIM’s), o candidato defende o diálogo. “As CIM’s não tinham competências no turismo e passaram a ter, isso implica que as ERT’s tenham de ser capazes de trabalhar com as CIM’s. Não vou entrar em choque com as competências das CIM’s, o que tenho de fazer é ajudar as CIM’s a ter uma intervenção racional, sem sobreposições e com o melhor resultado para o turismo. É aí que digo que não somos políticos, não queremos alterar ou mudar leis, queremos trabalhar com as entidades no terreno, para ter os melhores resultados para o território, para as pessoas que lá vivem, para os trabalhadores e para as empresas turísticas”.
Reconhecendo que existirá uma mudança de protagonistas em algumas ERT’s este ano por causa das eleições, José Manuel Santos afirma que “será muito importante aprendermos a trabalhar uns com os outros, até porque temos uma grande responsabilidade, de substituir pessoas e dirigentes que tiveram um papel muito relevante na afirmação das regiões nestas duas décadas”. O responsável assume que terão de “criar uma dinâmica de afirmação dos destinos regionais”. “Não é necessário criar uma associação, podemos ter uma plataforma informal”, defende, dando o exemplo do Alentejo e ribatejo. “Queremos criar no Alentejo um grupo de alto nível juntando à mesa o presidente da CCDR, os presidentes das CIM’s, da ERT e da ARPT. Uma reunião informal mas com uma agenda e com uma acta”.
Já quanto à questão orçamental das ERT’S, José Manuel Santos defende que problema hoje” não é tanto o valor do orçamento, mas as cativações”. No entanto, sublinha que as cativações “não chegam aos fundos europeus, o que é bom, portanto, temos de alavancar a nossa estratégia – fiz isso com o Ceia da Silva durante 10 anos – os Fundos Europeus, não me importo nada de ter cativos em estrutura”. Jose Manuel Santos defende que se tente “racionalizar a questão das cativações”. “Sei que é difícil, por isso, temos de ser imaginativos, criativos e pro-ativos”.
Questionado sobre a solução aeroportuária para Lisboa e qual o papel do aeroporto de Beja, José Manuel Santos sublinha que estão em análise duas soluções localizadas na região. “Nunca conseguimos criar uma estratégia de afirmação do aeroporto de Beja”, reconhece. “Tenho uma ideia muito clara, sempre parti do princípio que muito dificilmente o aeroporto de Beja seria escolhido, não temos a conectividade de transportes necessária, mas não quer dizer que Beja não mantenha viva a ideia de um aeroporto. Temos de recuperar a ideia da atração de companhias aéreas”, defende. “Gostávamos de ter um contributo mais objetivo e profissional, chamando pessoas que sabem para discutir este tema, de forma menos apaixonada e mais objetiva”.