O grupo Neya Hotels apresentou esta quinta-feira, dia 28, o Quarto Solidário, um projeto de responsabilidade social corporativa que proporciona alojamento e pequeno-almoço gratuitos aos pais ou cuidadores de crianças internadas ou em tratamento numa das unidades do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central.
O lançamento do Quarto Solidário foi o mote para uma conversa com a CEO do grupo e mentora do projeto, Yasmin Bhudarally.
A CEO conhece bem a realidade dos pais e cuidadores de crianças em situação de internamento em hospitais. Viu-se nessa condição há trinta anos, quando nasceu a sua primeira filha. Recorda que, na altura, os pais “não podiam pernoitar junto às crianças, nem ficar a acompanhar os filhos, não tinham uma cadeira para se sentar, nem direito a uma alimentação”. “O que aconteceu comigo foi uma sensação de abandono. Todos os dias vivia a sensação que estava a abandonar a minha filha. Nenhum pai e nenhuma mãe merece essa sensação. Hoje temos todas as possibilidades de acompanhar um filho num momento de doença. Na altura não era assim”, conta.
Foi este episódio “traumatizante” que levou Yasmin Bhudarally, anos mais tarde, em 2012, a dar os primeiros passos do projeto Quarto Solidário. O primeiro hotel do grupo, o NEYA Lisboa Hotel, já estava aberto e a localização, junto ao Hospital Dona Estefânia, não apagou da memória a história que Yasmin Bhudarally viveu com a filha.
“Dizia a mim própria: se existem outros pais a viverem o mesmo que eu vivi, então tenho de fazer algo, não posso continuar a pensar nisto como um hotel, este hotel tem de fazer a diferença na vida das pessoas, comecei a idealizar uma triangulação entre hotel, pais e hospital”, recorda.
Setembro de 2023 marca o arranque oficial do Quarto Solidário, mas a verdade é que o grupo Neya Hotels já trabalhava neste projeto há 11 anos, o que permitiu apoiar mais de 100 famílias com cerca de 600 room nights.
Como funciona?
O Quarto Solidário é dirigido às famílias, mas é, acima de tudo, para as crianças porque, desta forma, podem ter os seus pais sempre presentes e focados apenas no seu bem-estar e convalescença”.
Ao abrigo de um protocolo com o Centro Hospitalar de Lisboa Central, os pais que não têm possibilidade de pagar um quarto, ou de pernoitar num hotel nas condições normais, são identificados pela Ação Social, que, por sua vez, faz o pedido ao hotel. “Os pais ficam alojados no hotel, tal e qual como qualquer outro hóspede, têm pequeno-almoço”.
O grupo Neya começou a trabalhar com o Hospital Dona Estefânia, mas todos os hospitais do Centro Hospitalar de Lisboa Central estão abrangidos pelo protocolo, designadamente o Hospital Curry Cabral, Hospital Santa Marta, Hospital Santo António dos Capuchos, Hospital São José e a Maternidade Dr. Alfredo da Costa.
O quarto solidário do Neya Lisboa Hotel funciona como apoio de retaguarda à Fundação Infantil Ronald McDonald. “A Casa Ronald MacDonald é a primeira resposta do Hospital Dona Estefânia na parte social. O que acontece é que a Fundação tem poucos quartos e, normalmente, é para famílias cuja estada é mais prolongada. Como a taxa de ocupação da casa é crítica, o hotel serve de segunda linha para estas famílias que são identificadas”, explica a CEO do grupo Neya.
Yasmin Bhudarally explica ainda que o projeto não consiste apenas na cedência de um quarto. “Depende dos pedidos que existem, já tivemos pedidos de um quarto para uma semana, de dois quartos, não recusamos, a menos que sejam feitos no próprio dia ou apenas com com 24horas de antecedência, porque temos que conciliar o alojamento com a possibilidade de entrada dessas famílias”.
O projeto Quarto Solidário não se cinge apenas à unidade hoteleira em Lisboa, mas é o conceito que se aplica a todos os hotéis do grupo Neya, nomeadamente ao outro hotel da cadeia no Porto.
A CEO do grupo Neya não consegue estimar quantas famílias beneficiarão do Quarto Solidário, uma vez que o projeto funciona com base em pedidos dos hospitais, existindo uma triangulação entre pais hospital, pais e o hotel, mas gostaria que ver o projeto replicado por outras unidades hoteleiras. “Acredito que o Quarto Solidário pode ter um efeito multiplicador”, remata.
