Segunda-feira, Janeiro 20, 2025
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Novas formas de “voar”, com menos custos e emissões de CO2

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As companhias aéreas e as autoridades europeias estão a explorar ligações ferroviárias e de autocarro que possam substituir os voos de curta distância. As companhias aéreas procuram alternativas com menos emissões de carbono e mais económicas, para lidar com a escassez de pilotos, com o aumento dos custos de combustível, com os efeitos da pandemia e com a recente guerra na Ucrânia, noticia o Skift.

Estas ligações aero-ferroviárias – ou itinerários “Comboio + Ar” como a Air France lhes chama – envolvem um voo e um comboio interurbano numa única reserva, em oposição à compra de dois bilhetes separados para a mesma viagem. O benefício de reservar em conjunto inclui proteções caso um dos transportes estiver atrasado e um viajante perder a sua ligação, bem como créditos adicionais em programas de fidelidade das companhias aéreas.

Estas viagens multimodais existem há décadas, mas à medida que as promessas de redução das emissões de carbono crescem, estão a receber um interesse renovado tanto das companhias aéreas como das autoridades europeias. O desafio, porém, é a infra-estrutura ferroviária, ou a falta dela, que limita os lugares onde estas ligações são possíveis.

A parceria da Air France “Comboio + Ar” com a operadora ferroviária francesa SNCF, liga o hub da companhia aérea de Paris com pelo menos 18 destinos em toda a França, assim como Bruxelas.

O vice-presidente da Air France para a Sustentabilidade e Novas Mobilidades, Vincent Etchebe, afirmou que a companhia aérea vê um “apetite crescente de muitos dos nossos clientes para favorecer o comboio, mesmo quando existe uma solução de avião”. Vincent Etchebe explica que há um interesse crescente entre os viajantes por meios de transporte com menos emissões de CO2.

Cerca de 160.000 itinerários de comboio + ar foram reservados em 2019, afirma Etchebe. Porém, explica que tanto a Air France como a SNCF querem aumentar o número que, em 2019, representava uma fração de uma percentagem dos 52,2 milhões de viajantes que a companhia aérea transportava a nível mundial.

Ideia antiga, novos objetivos

Desde cedo, as companhias aéreas viram as parcerias ferroviárias como uma forma de reduzir o número de voos para destinos próximos dos seus aeroportos centrais, libertando assim faixas horárias valiosas para rotas mais lucrativas. Hoje em dia, a lógica é reduzir as emissões, operando menos voos de curta distância com utilização intensiva de carbono e transferir os viajantes para comboios mais ecológicos.

A França é o único país europeu, até à data, a proibir os voos de curta distância, em rotas que podem ser percorridas por comboio em menos de duas horas e meia. Esta medida faz parte de um projeto de lei climático mais amplo que visa cortar as emissões de carbono de França em 40% em 2030.

“Se houver uma alternativa atraente, as pessoas irão apanhar o comboio de qualquer forma”, disse Kathrin Obst, chefe de unidade adjunta na Direção Geral de Mobilidade e Transportes da Comissão Europeia, durante o evento United Europe. A comissão “não acredita numa proibição total de voos”, acrescentou Kathrin Obst.

Futuro

Os caminhos-de-ferro substituem os voos, nos lugares “onde há uma oferta de qualidade com alta frequência e uma curta duração da viagem”, disse Jérémie Pélerin, Diretor de Assuntos Europeus da SNCF. Mas aqui reside a questão: substituir os voos por comboios só funciona, realmente, onde a infraestrutura ferroviária já existe, defende o Skift.

A Iberia vai testar a vontade dos viajantes de reservar ligações de avião + comboio, com a sua nova oferta Ticket&Fly. O aeroporto de Barajas, em Madrid, tem ligação direta ao metro da cidade e aos comboios regionais. Quando desembarcarem do voo, os viajantes terão de optar por uma dessas opções de transporte, para se deslocarem até ás estações Chamartín ou Atocha Renfe, para apanharem a sua ligação ferroviária. A Iberia prevê que, apesar dos inconvenientes, que resultam da falta de infraestruturais, cerca de 100.000 passageiros poderão utilizar o Ticket&Fly anualmente.

Na Finlândia e nos Estados Unidos, onde as redes ferroviárias estão menos desenvolvidas, as companhias aéreas estão a utilizar autocarros ecológicos para efetuar ligações terrestres. Exemplos disso são a Finnair, Sun Country Airlines, United Airlines e brevemente a American Airlines.

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