O ano está a acabar e quisemos saber que balanço fazem os profissionais de turismo de 2023. Saiba o que elegeram como o melhor e o pior do ano e os seus desejos para 2024.
Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal
+ Melhor
Depois da pandemia que paralisou a atividade, depois de duas guerras, o mais positivo foi a contínua recuperação da atividade. Sentida em todas as regiões turísticas do país, é resultado de um trabalho de muitos anos feito por muitas pessoas por todo o país.
– Pior
Anunciado há poucos dias, a localização do novo aeroporto não contempla com a mesma dignidade um plano de curto / médio prazo que responda a este crescente interesse por Portugal. Podemos dar-nos a esse luxo? Dispensar clientes com vontade de visitar, fruir, gastar no nosso país, ajudando a criar riqueza, emprego e sendo um instrumento de coesão nacional…
Um desejo para 2024
Para todos saúde e esperança. Na certeza de que todos, nesta atividade, estamos convocados a participar na construção de um país turístico melhor. Bom 2024!
Eduardo Cabrita, diretor geral da MSC Portugal
+Melhor
O melhor de 2023 com impacto para o setor do turismo foi a recuperação da procura por viagens de lazer. Após dois anos de pandemia, as pessoas estão cada vez mais à procura de viagens que sejam relaxantes e agradáveis. No nosso caso, os cruzeiros oferecem uma experiência de viagem completa, com alojamento, alimentação, entretenimento e atividades.
Outro fator positivo foi o aumento da oferta de novos navios. As principais empresas de cruzeiros do mundo estão a investir em novos navios para conseguir sustentar a crescente procura. Esses novos navios oferecem uma variedade de comodidades e atrações, o que os torna mais apelativos para os passageiros.
Ainda, a sustentabilidade também é uma tendência importante no setor do turismo. As empresas de cruzeiros estão na vanguarda e a investir em práticas sustentáveis, como o uso de combustíveis alternativos, a redução do desperdício e do consumo de energia e a proteção do meio ambiente.
Desta forma, o número de passageiros previstos para os cruzeiros mundiais em 2023 é de 27,5 milhões, um aumento de 10,5% em relação a 2022.
Em geral, o ano de 2023 é bastante positivo para o setor do turismo. A recuperação da procura, o aumento da oferta e a sustentabilidade são tendências que devem continuar a impulsionar o crescimento do setor nos próximos anos.
-Pior
A guerra na Ucrânia provocou uma crise humanitária e económica na Ucrânia e nos países vizinhos, o que teve um impacto negativo no setor turístico.
A guerra levou a uma redução da procura por viagens para toda a região, uma vez que os viajantes estão preocupados com a segurança e a estabilidade da região. Além disso, a guerra também levou a uma redução da oferta de viagens, pois as companhias aéreas e as empresas de turismo estão a cancelar ou a adiar viagens para essa parte do mundo.
Desta forma, as reservas de viagens para a Europa diminuíram significativamente em 2023, com uma queda de 20% em comparação com 2022 e a guerra na Ucrânia está a prejudicar a recuperação do setor turístico após a pandemia de COVID-19.
Em consequência da guerra, a inflação, levou a um aumento nos preços das viagens, tornando-as mais caras. A escassez de mão de obra, continua a dificultar o funcionamento das empresas de turismo. A crise climática, com eventos meteorológicos extremos, como furacões e ondas de calor, que estão a prejudicar o turismo em várias regiões.
Por outro lado, a guerra Israel-Hamas, colocou uma região turística por excelência (em Israel: Jerusalém, Haifa, Eilat, Galileia, etc) completamente deserta de viajantes. No caso do sector dos cruzeiros, houve alterações dos itinerários previstos para este Inverno e o próximo Verão 2024 sem que haja uma previsão de retomar.
Um desejo para 2024
Acho que não é difícil porque é de certeza comum a todos, embora não seja apenas um desejo: paz, segurança, direitos humanos e desenvolvimento sustentável.
Miguel Velez, CEO da Unlock Boutique Hotels
+Melhor
A resiliência dos portugueses em termos turísticos e não só, o optimismo dos mercados internacionais, em especial do mercado americano, que prova claramente que estratégias de longo prazo têm resultados muito significativos no futuro, agora presente. A força de todos os intervenientes no sector do turismo que têm servido os hóspedes e clientes e permitido que Portugal tenha mantido a sua economia mais forte e com elevada taxa de empregabilidade e com um significativo crescimento nos salários.
– Pior
Obviamente a instabilidade internacional, o aumento dos custos e das taxas de juro. A elevadíssima carga fiscal nas empresas e nas mais diversas taxas que os negócios têm de suportar. Acresce a enorme e complexa burocracia, tal como, a falta de mão de obra qualificada. A situação decorrente do aeroporto de Lisboa.
Um desejo para 2024
Só podendo ser UM, um maior focus nas empresas, na dinamização do mercado e da sua competitividade através de meios libertadores e “agilizadores”.
Constantino Pinto, diretor comercial Portugal da Ávoris
+Melhor
Podia referir-me à recuperação macro económica ou ao crescimento do PIB, mas em boa verdade o que me parece mais relevante e impactante para o nosso setor foi a perda de receio em consumir por parte dos consumidores. Neste sentido, o viajar consolidou-se como necessidade imprescindível, o que se traduziu num aumento imprevisto do consumo, pese embora toda a adversa conjuntura internacional. Em linhas gerais o cidadão comum pensa em viver o dia a dia e aproveitar para viajar “enquanto pode”. Esta mudança de paradigma teve e continuará a ter, a meu ver, um enorme impacto positivo na nossa atividade!
-Pior
Aqui não posso deixar de referir a crise económica, social e política que nos afeta, a inflação, as guerras em curso e, mais diretamente ligado ao setor, o colapso do atual aeroporto de Lisboa e a incapacidade dos nossos governantes em encontrar soluções urgentes.
Um desejo para 2024
Que o cidadão comum continue a desejar muito viajar e que o possa fazer… Que, como players deste setor, saibamos ser bons concorrentes, baseando a nossa atuação nos valores que nos devem orientar em todas as áreas da nossa vida, porque, de facto, não vale tudo!…