As obras no Aeroporto Humberto Delgado, que visam melhorar a operacionalidade da infraestrutura, serão iniciadas previsivelmente no último trimestre deste ano, confirmou Francisco Pita. O administrador da ANA – Aeroportos de Portugal foi um dos oradores do painel “A importância da aviação no destino”, que decorreu na passada sexta-feira, dia 22, no congresso da Associação dos Diretores de Hotel de Portugal (ADHP) em Aveiro.
A obra tem como principal objetivo aumentar o número de posições de estacionamento, proporcionando maior capacidade operacional para as companhias aéreas. Com a criação de um novo pier sul, serão adicionadas cerca de 10 posições de contacto, totalizando aproximadamente 33 mil metros quadrados de área construída.
“O lançamento do concurso para a empreitada está previsto para as próximas semanas, com a expectativa de que as obras tenham início até o último trimestre deste ano”
Pita ressaltou que o projeto, inicialmente concebido em 2019, foi interrompido devido à pandemia de COVID-19, mas recebeu recentemente aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente e da ANAC (Autoridade Nacional de Aviação Civil). “O lançamento do concurso para a empreitada está previsto para as próximas semanas, com a expectativa de que as obras tenham início até o último trimestre deste ano. A primeira fase do projeto deverá ser concluída até o final de 2026”, afirmou.
O administrador da ANA enfatizou que a consulta aos clientes foi uma etapa fundamental no planeamento das obras, destacando a importância da participação democrática e do feedback dos clientes para garantir melhorias significativas na infraestrutura aeroportuária.
Em relação aos desafios enfrentados devido ao congestionamento da infraestrutura, Pita comparou a situação a um hotel permanentemente lotado, onde qualquer mínima interrupção pode causar grandes impactos adicionais. O responsável reconheceu o aumento expressivo do tráfego aéreo em Lisboa, que ultrapassou os 18 milhões de passageiros numa década.
José Lopes, diretor da easyJet em Portugal e um dos oradores do painel, enfatizou que o investimento no novo pier sul do Aeroporto Humberto Delgado pode transformá-lo no aeroporto do futuro, com a implementação de mais automatismos para facilitar a vida dos passageiros e melhorar a eficiência operacional. “Este investimento no pier sul pode trazer um approach ao aeroporto de Lisboa para aquilo que chamamos de aeroporto do futuro, trazendo a implementação de mais automatismos de modo a facilitar a vida dos passageiros e a facilidade com que eles se movimentam dentro dos terminais”.
Apesar das limitações atuais do Aeroporto de Lisboa, a easyJet estima um crescimento sólido, com um aumento esperado de capacidade de 9% neste verão em todo o país.
Apesar das limitações atuais do Aeroporto de Lisboa, a easyJet estima um crescimento sólido, com um aumento esperado de capacidade de 9% neste verão em todo o país. O diretor projeta fechar o ano com um crescimento de 7%, ultrapassando os 11,5 milhões de lugares oferecidos. No entanto, alerta para os desafios enfrentados no Aeroporto de Lisboa devido à sua congestionada capacidade, que resultam em atrasos e impactos negativos para os passageiros.
Nesse sentido, o diretor apela ao Governo e ao regulador ANAC por uma atenção especial e medidas que permitam lidar com as limitações de capacidade de forma mais flexível. “É necessário que, quer o regulador, quer o Governo, tenham uma atenção especial. O aeroporto está congestionado, estas limitações de capacidade ao longo do dia fazem um efeito de bola de neve e provocam atrasos e derrapagens”, afirma. Para José Lopes, “não deve haver um olhar cego nem a tentativa de tentar implementar as regras esquecendo que a realidade é de irregularidade. Se calhar, nestes períodos mais difíceis, em que existe uma maior pressão para uma melhoria futura, devia ser permitido derrapagens para o período noturno, sabendo que isso pontualmente traz algum impacto às populações, mas que é algo temporário”.
Já Sofia Lufinha, vogal do conselho de administração da TAP, acolheu positivamente as obras de expansão, enfatizando que qualquer melhoria na infraestrutura é bem-vinda. No entanto, “reconheceu que o crescimento futuro da companhia não será através do Aeroporto de Lisboa”, dada a capacidade limitada da infraestrutura atual.
“Que fique claro que a prioridade da ANA não foi o lado do ar, nem a eficiência da infraestrutura para os operadores. Isso é claro, foi ganhar dinheiro”
António Moura Portugal, diretor executivo da RENA – Associação das Companhias Aéreas em Portugal, partilhou as preocupações das companhias aéreas em relação às obras em curso no Aeroporto Humberto Delgado. Embora reconheça a importância das obras de expansão, o responsável apontou questões relacionadas à priorização dos projetos.
“Que fique claro que a prioridade da ANA não foi o lado do ar, nem a eficiência da infraestrutura para os operadores. Isso é claro, foi ganhar dinheiro e bem, fê-lo e os resultados são conhecidos”.
António Moura Portugal enfatizou que, para os operadores, operar uma infraestrutura limitada é extremamente desafiante, e qualquer pequeno atraso pode resultar em penalidades financeiras e problemas operacionais significativos.
Além disso, o diretor executivo destacou que as obras estão a ser realizadas em resposta a uma Resolução do Conselho de Ministros, que obrigou a ANA a executar os projetos. O responsável esclareceu que não se trata apenas de uma questão de satisfação, mas sim de prioridade. “Durante as discussões sobre o novo aeroporto, as companhias aéreas e associações sempre enfatizaram a necessidade de obras essenciais na infraestrutura existente, além do desenvolvimento de uma nova infraestrutura”.