A pandemia não impediu o avanço do grupo de trabalho interministerial, criado no ano passado para identificar os constrangimentos no setor da animação turística. Foi a garantia dada pela secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, na abertura do 9º congresso da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE) que decorre em Peniche até esta terça-feira, dia 22.
Depois de identificados os constrangimentos pela APECATE, Rita Marques garante que já foi feito um “levantamento, análise e identificação de formas de resolução de todos os constrangimentos relacionados com a atividade da animação turística”.
A responsável da tutela do turismo avança que já foram desenvolvidos “trabalhos importantes no quadro das áreas protegidas”, trabalho esse que ficará concluído “muito em breve”. Rita Marques deu também o exemplo de um guia orientador para a gestão das praias focado nas atividades do surf, no qual o grupo interministerial está a trabalhar, assim como em formas de resolução de vários constrangimentos que afetam a atividade das empresas marítimo turísticas. A secretária de Estado do Turismo lembrou também que a tutela está a cooperar ao nível da formação, dando o exemplo o exemplo da inclusão na atividade formativa das Escolas do Turismo de Portugal de matérias relacionadas com o turismo de natureza e aventura.
Nota de confiança
A secretária de Estado do Turismo quis passar uma mensagem de confiança ao setor da animação e dos eventos e e chegou mesmo a dizer que “passámos o nosso cabo de tormentas e estamos a chegar seguramente a um porto seguro”.
Segundo Rita Marques, “é verdade que muitas empresas estão numa situação particularmente difícil, mas também é verdade que as empresas conseguiram, na sua grande maioria, sobreviver, principalmente aquelas que já tinham uma situação económica e financeira relativamente robusta antes da pandemia. Evidentemente que outras existem que não conseguiram sobreviver, mas também é verdade que muitas das que não conseguiram sobreviver estavam, de facto, com uma situação económica financeira muito fragilizada mesmo antes da pandemia”.
Rita Marques notou que foi “um esforço de todos” e reconheceu também o trabalho das associações empresariais que “tiveram um papel fundamental na formação, na capacitação e na sensibilização de informação aos seus associados de modo a garantir que todos os apoios que foram efetuados pudessem estar facilmente acessíveis à distância. Estou convencida que o setor do turismo, na sua generalidade, aproveitou e soube explorar esses bons instrumentos de apoio que foram concretizados.”
IVAucher
Um dos momentos mais tensos da abertura do congresso aconteceu quando o presidente da APECATE, António Marques Vidal, classificou de “inconcebível” e discriminatório a não inclusão da animação turística do programa IVAucher. Em resposta, Rita Marques afirmou: “Parece-me manifestamente desadequado reduzir toda a nossa ambição, no que toca ao estímulo ao consumo, à medida do IVAucher. Temos pilares específicos no plano “Reativar o Turismo| Construir o Futuro”, que pretendem justamente gerar negócios, criando as melhores condições para todos os empresários poderem desenvolver a sua atividade neste virar de página”. “Portanto, dentro dessas várias medidas, temos naturalmente o IVAucher, mas temos outras que, seguramente, são importantes para as empresas de animação turística e organização de eventos. Tal, também não implica que as empresas de animação turística e organização de eventos não possam celebrar parcerias adequadas de modo a poderem usufruir também da medida”, completou a responsável.
Rita Marques reforçou o papel do plano “Reativar o turismo | Construir o Futuro”, que conta com seis mil milhões de euros. “É um plano ambicioso, dada a sua dotação orçamental, mas sobretudo dadas as várias dezenas de medidas programáticas que estão ali vertidas. A nossa prioridade a curto prazo é justamente a capitalização das empresas, garantindo que estas empresas que viveram tempos particularmente difíceis, tendo em conta a ausência de faturação, possam retomar a atividade em condições anímicas interessantes”, referiu a governante.
Dirigindo-se ao setor da animação turística, “que vive muito de trabalhadores independentes e empresários em nome individual“, Rita Marques afirmou que estão a “ser contempladas medidas específicas” para permitir que “estes trabalhadores independentes e estes empresários possam também ter aqui quadro favorável à manutenção da sua atividade.”
Rita Marques lembrou também que, desde o início da pandemia, o setor da animação turística “recebeu um conjunto de apoios muito próximo dos 200 milhões de euros, sendo 100 milhões a fundo perdido”. No caso da organização de eventos, “os apoios, na grande maioria atribuídos pelo Turismo de Portugal, ultrapassam os 120 milhões de euros, sendo 80 milhões de euros a fundo perdido. “Penso que com estas métricas chegamos à conclusão que a nossa agenda já não é tanto a sobrevivência mas passa a ser a vivência”.