O presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), António Marques Vidal, afirmou esta segunda-feira, dia 21, que o setor dos eventos não pode continuar a viver “com regras pouco claras”, ditadas “só tendo por base um acontecimento”, sem se medir “a validade do seu impacto”.
O último exemplo, aponta o responsável, “foi a regra dos testes para todo o tipo de eventos”. “Entre o anúncio do Conselho Ministros e a clarificação da regra feita pela Direção Geral de Saúde decorreram cinco dias, nesses cinco dias foi o pânico. A quantidade de eventos cancelados e programas de animação turística cancelados foi enorme e é isto que não pode acontecer”.
António Marques Vidal falava na abertura do 9º congresso da APECATE que decorre entre até amanhã, dia 22, em Peniche.Marques Vidal apontou ainda o dedo às regras que criam “interpretações diferentes de situações de injustiça” e alimentam “o pânico”. “Não há nada pior para a retoma económica, que continuarmos a alimentar o pânico. A crise já é suficientemente grave. Não precisa de ajudas”.
O presidente da APECATE referiu que, com a concretização deste congresso, a associação pretende “iniciar um novo ciclo”, virado para o futuro. No entanto, parte do discurso de António Marques Vidal esteve na pandemia e no receio de que nada mude. “Este ano e meio de crise levou-nos a algumas algumas considerações. A crise chegou, e recebemos os apoios do governo, as entidades oficiais uniram-se, trabalharam imenso, ajudaram. (…) O problema agora é este: se mudou muita coisa, então está na altura de continuar a mudar, porque aquilo que sentimos é que, mal a pressão aliviou, voltamos ao mesmo que existia antes. Entramos outra vez num momento de inconsistência e de incoerência. Isso é o que há de pior para um setor que é extremamente organizado que planeia e organiza e que cria conteúdos quer seja nos congressos, nos eventos ou na animação turística”.
Animação turística fora do IVAucher “é inconcebível”
Com a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, presente na abertura do congresso, António Marques Vidal não poupou críticas à não inclusão do setor da animação turística no programa de incentivo do Governo ao consumo, o IVAucher. “É inconcebível que a tutela do Turismo tenha colocado de fora o setor da animação turística do programa IVAucher. Isto é discriminação. Não se faz. Estamos todos juntos. As medidas têm que ser transversais. Este tipo de acontecimentos leva-nos a questionar outra coisa: “por que é que somos os únicos do setor do turismo que somos taxados a 23 por cento de IVA. Mais uma vez estamos a ser colocados de lado”, disse o responsável.
“Queremos um governo e um setor virado para o futuro, um setor que seja líder mundial como já fomos e para sermos isso precisamos de apoio para a reconstrução, porque temos que investir outra vez em recursos humanos, uma vez que ao longo deste ano e meio de crise houve muitos que se perderam”, acrescentou.
António Marques Vidal falou ainda da necessidade de reformar o Estado. “Todos sabemos que, a nível da digitalização, o mundo em geral avançou dois anos. As empresas do setor turístico avançaram também e o Estado continua 20 anos atrasado. É urgente reformar, simplificar e virar para o futuro. Não estamos a apontar o dedo, estamos a falar de um Estado que devíamos ser todos nós. O Estado não está a funcionar em função do cidadão, está a funcionar em função de si mesmo e esta é a mudança de fundo que, com a crise, se agudizou. Basta ver a confusão que existe sobre o que é necessário para realizar eventos. Repito, temos 13 tutelas, 308 municípios, 32 Comunidades Intermunicipais e duas regiões autónomas a mandarem em nós. Os empresários deste setor são os heróis, conseguem, além disto tudo, trabalhar, gerar riqueza e estar a virar para o futuro que nós hoje aqui queremos”.