As principais transportadoras aéreas estão a apostar num futuro em que os viajantes usem aeronaves pequenas, rápidas e sem emissões, para contornar estradas congestionadas no caminho para o aeroporto, conta o Travel Weekly.
Em meados de junho, a American Airlines e a Virgin Atlantic fizeram anúncios semelhantes, firmando acordos de pedidos preliminares para aeronaves elétricas, de descolagem e aterragem vertical (eVTOL), da Vertical Aerospace, com sede no Reino Unido.
De acordo com um relatório de junho, realizado por analistas de investimentos da Cowen Research, 93% dos 100 maiores aeroportos do mundo estão a menos de 32 quilómetros do centro das cidades.
Nesse sentido, em todo o mundo, cerca de 100 ou mais empresas estão a desenvolver aeronaves eVTOL, que prometem um transporte rápido, silencioso, com emissão zero e curto alcance. A Archer Aviation, sediada em Palo Alto, Califórnia, uma das startups líderes eVTOL, estima que o custo de uma viagem na sua aeronave Maker, de quatro passageiros, ronde os 2,81€ por assento-milha, o que é semelhante a um passeio num UberX. Para uma viagem do JFK, Nova Iorque, a Manhattan, o preço seria de 43€ por passageiro.
Quatro meses antes da American e da Virgin Atlantic anunciarem as suas encomendas de aeronaves Verticais Aerospace, a United fez um acordo condicional para comprar até 200 aeronaves da Archer. Paralelamente, no início deste mês, a Azul do Brasil anunciou planos para comprar até 220 aeronaves eVTOL da Lilium, com sede na Alemanha, bem como a intenção de desenvolver e lançar uma rede eVTOL de marca conjunta com a Lilium no Brasil até 2025.
Eliot Lees, vice-presidente de transporte limpo da empresa de consultoria ICF, estima que a adoção generalizada do eVTOL ocorrerá gradualmente entre 2025 e 2035.
Desafios e receios
Ainda assim, os analistas têm vindo a desenvolver algum cepticismo sobre se as companhias aéreas irão, realmente, levar adiante estes compromissos de compra.
“Na maioria dos casos, as companhias aéreas fizeram investimentos modestos nos eVTOLs e colocaram ‘pedidos’ que envolvem depósitos mínimos. São opções que podem ser abandonadas se as coisas não derem certo”, escreveu a analista Helane Becker da Cowen.
Junto com a certificação de 11 etapas pelas quais todos os novos participantes do eVTOL terão que passar, a Cowen prevê desafios a longo prazo na gestão do espaço aéreo urbano, assim que o uso se tornar denso o suficiente. Por exemplo, São Paulo, que tem o maior mercado de táxis aéreos de helicópteros do mundo, com aproximadamente 1.200 voos diários, limita o número de voos no centro da cidade a apenas seis de cada vez.
A escassez de pilotos também pode ser um problema. No ano passado, a Boeing estimou uma necessidade, até 2039, de 763.000 novos pilotos para aeronaves comerciais, jatos executivos e operações de helicópteros civis, sem contar com as potenciais necessidades da eVTOL.
Outro desafio logístico será a disponibilidade de pistas de descolagem e aterragem, conhecidas como vertiports. No entanto, as aeronaves eVTOL são capazes de usar os heliportos existentes, o que, mesmo assim, é uma solução pouco consistente, devido à dispersão geográfica destes espaços.