O presidente da ADHP, Fernando Garrido, apresentou um pacote de medidas durante a Jornada Regional da Área Metropolitana de Lisboa, com o objetivo de enfrentar a crise de habitação no setor do turismo. As propostas incluem incentivos fiscais, subsídios de alojamento e disponibilização de terrenos municipais para a criação de alojamento para colaboradores. A ADHP destaca a importância da união de esforços entre o setor privado, as autarquias e o governo para superar esse desafio e garantir a contratação e retenção de talentos no turismo.
No debate, que contou também com a presença de Joana Ferreira, coordenadora de Recursos Humanos do Grupo Vila Galé, e Tiago Quaresma, administrador no Grupo O Valor do Tempo, foram discutidos os desafios enfrentados pelo setor do turismo na contratação e retenção de talentos devido à crise de habitação em Portugal.
Fernando Garrido, presidente da ADHP, salientou que o turismo enfrenta uma batalha em duas frentes: nas regiões de menor densidade populacional e com forte sazonalidade, onde é necessária oferta de habitação para garantir mão-de-obra, e nos grandes centros urbanos, onde a escassez de “habitação acessível, próxima das empresas” obriga os trabalhadores a deslocarem-se para a periferia, dificultando a contratação e afetando a disponibilidade horária.
Fernando Garrido apresentou dois exemplos para ilustrar os investimentos feitos pela hotelaria para enfrentar esses problemas. Para garantir o funcionamento normal em 2022, duas unidades independentes em regiões sazonais investiram 500.000 euros no arrendamento de habitações e aproximadamente 2 milhões de euros na criação de alojamentos para funcionários.
Considerando que a questão da habitação só pode ser superada com “esforços conjuntos entre os setores privado, autarquias e o governo”, o presidente da ADHP defendeu a implementação de um conjunto de medidas, como a redução da carga fiscal para alojamentos destinados a colaboradores e a criação de subsídios de alojamento pagos pelas empresas, não tributáveis e equiparáveis aos subsídios de alimentação.
Para as regiões com especulação imobiliária elevada, Fernando Garrido apelou ao “apoio das autarquias com a disponibilização de terrenos municipais” de segunda linha para a criação de alojamentos para colaboradores – uma prática que, segundo recordou, era comum no passado.
Segundo comunicado, estas propostas já foram apresentadas ao governo pela AHETA (Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve) como medidas úteis para o setor do turismo. A lista inclui incentivos fiscais para empresas que disponibilizem alojamento aos profissionais do setor turístico (como isenções fiscais ou reduções nas taxas aplicadas), transporte subsidiado ou fornecido pelas empresas, e benefícios adicionais, como descontos em serviços turísticos ou culturais, acesso a atividades de lazer ou desportivas, planos de saúde e subsídios de alimentação.
No que diz respeito ao reconhecimento profissional, no contexto da “Agenda Profissões do Turismo”, publicada em março deste ano pelo Ministério da Economia, o presidente da ADHP também destacou a importância de rever as categorias profissionais com base na experiência e, sobretudo, na formação.
Segundo Fernando Garrido, a meta estabelecida pelo governo de aumentar o nível de qualificações dos profissionais do turismo, com mais de 60% deles possuindo ensino secundário e superior, é “plenamente exequível” se houver um “esforço coletivo para valorizar” as profissões, algo que passa por mais do que o aumento das remunerações, de acordo com o presidente. No capítulo dos salários, Garrido considerou que o “grande problema” ainda se prende com os impostos pagos pelas empresas.