Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), afirmou na passada terça-feira, dia 4, ser “convictamente contra a taxa turística”, acreditando que existe “outra forma de compensar os municípios”. Como exemplo desta outra forma, Francisco Calheiros recordou que, em 2018, “defendeu-se aquilo que se chamou de IVA turístico, que mais não era que os municípios tivessem acesso a 5% das despesas de alojamento, restauração, combustíveis, entre outros. Assim, através desta coleta viva, eram compensados pelo aumento das despesas que tinham por causa do turismo. Penso que esta seria uma solução mais justa de compensar os municípios”.
Francisco Calheiros falava na sessão de abertura da 10º edição do Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”, que decorre em Torres Vedras, entre os dias 3 e 5 de junho.
Relativamente à localização do novo aeroporto, o presidente da CTP preferiu não se pronunciar sobre o tema, mas deixou claro que o “necessário era haver uma decisão e essa sim foi tomada”.
“Esta decisão irá atrair mais turistas para todas as regiões do país. Não há dúvidas que, entrando mais turistas no país, haverá uma maior procura pelas nossas regiões. Contudo, continua a ser essencial encurtarmos ainda mais as distâncias do nosso país e permitir que as várias regiões estejam interligadas, não só por autoestradas, mas por uma linha férrea modernizada, cómoda e mais rápida”, disse.
Relativamente a números, Francisco Calheiros garantiu que o turismo “continua a ser o motor da economia portuguesa”.
Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística revelam que no primeiro trimestre de 2024 foram registados 5,6 milhões de hóspedes, mais 7,7% face ao período homólogo. Isto, segundo o responsável, originou aproximadamente 14 milhões de dormidas, um aumento de 7% face ao mesmo período de 2023.
O responsável referiu que este crescimento foi sobretudo influenciado, por um lado, pelo período de férias da páscoa, e, por outro, pelo crescimento da procura internacional, sendo que todas as regiões registaram aumento das dormidas.
“Estes números são um bom sinal do que poderá ser o verão este ano. Se 2024 for igual a 2023 já será um ótimo ano turístico, até porque sem um novo aeroporto dificilmente conseguiremos crescer muito mais”, concluiu.
Região Centro regista “números expressivos” em 2023
Na ocasião, Raul Almeida, presidente da Turismo Centro de Portugal, afirmou que a Região Centro recebeu, em 2023, quase oito milhões de dormidas. Este valor, “nunca antes alcançado pela região”, representa um aumento significativo de 11,6% face a 2019. Este crescimento, segundo o responsável, verificou-se tanto nas dormidas dos visitantes nacionais, como dos visitantes internacionais.
As dormidas dos residentes em Portugal superaram os 4,6 milhões, registando um aumento 16,1% em relação a 2019. Paralelamente, as dormidas de visitantes internacionais continuaram a aumentar. Os números de 2023 indicam um aumento de 5,9% em relação a 2019, ultrapassando os 3,3 milhões registados no período pré-pandemia.
Por sua vez, as receitas e os proveitos do alojamento chegaram perto dos 500 milhões de euros, um “valor que não parecia possível em anos anteriores”, disse.
Relativamente ao tema das acessibilidades em Portugal, o presidente da Turismo do Centro considerou que “a região é estruturalmente mal servida por ferrovia e, nas estradas, é fundamental avançar com a transformação do IP3 em autoestrada, assim como construir o IC31, entre a A23 e Espanha, via Monfortinho”.
“Se é certo que o crescimento está a bater todos os recordes, também me parece evidente que a região cresceria ainda mais se fosse mais fácil de chegar ao Centro de Portugal, de avião, de comboio ou até de automóvel. Não tendo sido possível um aeroporto que servisse a maior região do país, então apelo aos decisores políticos que olhem com atenção redobrada para as restantes acessibilidades ao Centro de Portugal”, concluiu Raul Almeida.
