A Solférias apresentou esta quinta-feira, dia 19, os destaques da sua programação para o Fim de Ano aos agentes de viagens no Porto, segue-se Lisboa. Em entrevista, Nuno Mateus, diretor-geral da Solférias, partilha o desempenho da empresa durante o verão. Cabo Verde e Senegal mantiveram-se como os destinos mais procurados, enquanto a Tunísia e o Brasil surpreenderam pelo crescimento. Um dos destaques para 2025 será um novo charter do Porto para a Costa Norte do Egito.
Como foi o desempenho da Solférias durante o verão de 2024?
Cada ano tem a sua história e este também teve uma história curiosa. Foi o ano que se começou a vender mais cedo. Nunca tínhamos tido um nível de vendas tão elevado para o verão, que começou de uma forma mais notória na Black Week, em novembro. Portanto, correu muito bem em termos de vendas antecipadas. No entanto, o mercado em si não cresceu significativamente. O que observamos foi um maior volume de vendas antecipadas em comparação ao ano passado, com o pico a ocorrer em março. A partir de abril, notamos uma tendência de desaceleração. O verão ainda não está completamente fechado,
Notou-se este verão que houve muito mais oferta, comparando com os anos anteriores, e, claro que, quando há uma oferta muito grande, depois começamos a sentir os fenómenos de que nem tudo é bem vendido. Não tenho dúvidas nenhumas que vai ser um bom ano, agora não vai chegar aos níveis de 2023, em termos de rentabilidade, porque realmente 2023 foi um ano muito bom.
“Notou-se este verão que houve muito mais oferta, comparando com os anos anteriores, e, claro que, quando há uma oferta muito grande, depois começamos a sentir os fenómenos de que nem tudo é bem vendido”
Em que destinos esse aumento de oferta foi mais evidente?
Cabo Verde tem sido o líder em termos de outgoing de lazer há alguns anos, porque é um destino que combina um número elevado de voos charters com um volume impressionante de voos regulares. De facto, é impressionante. Além disso, não tenho dúvidas de que, além de Cabo Verde, as Caraíbas são outro foco importante, onde a oferta de voos também cresceu significativamente. O longo curso, em geral, registou um grande crescimento. Ao crescer muito, e muitas vezes com preços muito competitivos, naturalmente acaba por colocar em causa alguns destinos de médio curso. Chega a um momento em que os preços estão quase nivelados.
Além de Cabo Verde, houve algum outro destino que tenha surpreendido em termos de crescimento?
Destaco o Senegal. O Senegal, que foi um destino lançado por nós há três anos, está a consolidar-se. Voltámos a colocar um charter de Lisboa e um do Porto, sendo o segundo destino mais vendido da Solférias. É claro que é um destino com um preço médio alto. Em segundo lugar também surge a Disney, só que a Disney tem muito mais passageiros, portanto, são conceitos diferentes.
Em termos de vendas, o Senegal está realmente consolidado. Há voos diários da TAP para Dakar, o que nos ajuda, garantindo uma regularidade muito grande. Foi, sem dúvida, uma aposta ganha. Na Disney, como sempre, a procura é elevada. A verdade é que há várias formas de vender a Disney: não vendemos apenas o pacote, mas também os serviços terrestres, pois há quem chegue pelos seus próprios meios a Paris, ou quem combine Paris com Disney.
Um destino que cresceu muito este verão foi a Tunísia. Sem dúvida, a Tunísia, neste momento, é dos destinos com a melhor relação qualidade-preço. É um destino muito próximo, a apenas duas horas e meia de Portugal, e a aceitação tem sido extremamente positiva, tanto na parte continental como em Djerba.
O Egito, com um voo de Lisboa e outro do Porto, também está consolidado, e não tenho grandes dúvidas em relação à sua continuidade. Apesar de algumas dúvidas iniciais devido aos conflitos, Hurghada, que é o destino que programamos, tem mostrado um nível de turismo muito bom. A nossa equipa esteve lá e constatou que o Egito está bem e recomenda-se.
Outra surpresa foi o Brasil, que é o sexto destino da Solférias. O Brasil está num processo de recuperação, algo que não víamos há algum tempo. Passou muitos anos de uma fase muito boa para uma fase muito difícil em termos de turismo internacional, mas agora está a retomar.
Depois temos uma panóplia de destinos que nos são muito próximos, como Marrocos e os de longa distância. A longa distância, talvez, seja o que mais me surpreendeu no pós-covid. Inicialmente, pensava-se que a longa distância demoraria mais a recuperar e que só em 2025 voltaria aos patamares de 2020, mas a verdade é que o desempenho foi excecional, e este ano está ainda melhor.
É verdade que o aumento da concorrência – com mais companhias aéreas a voar para a Ásia e para o Médio Oriente – nos beneficia, porque gera uma maior competitividade tarifária na parte aérea. Temos um conjunto de destinos que realmente estão muito, muito bem. E, quando temos um mercado da nossa dimensão, tudo joga a nosso favor. A Solférias é, provavelmente, o operador com a programação mais vasta e variada. Isso acaba por nos ajudar, porque o turista português não procura todos os anos a mesma coisa. Tentamos, sempre que possível, apresentar algumas diferenças em relação à programação que é oferecida no mercado.
“Um destino que cresceu muito este verão foi a Tunísia. Sem dúvida, a Tunísia, neste momento, é dos destinos com a melhor relação qualidade-preço”
No ano passado, Zanzibar foi um dos grandes lançamentos da Solférias. Como correu a operação em 2024?
Zanzibar foi mais difícil este ano, principalmente porque, no ano passado, estávamos sozinhos no mercado, e este ano tivemos uma concorrência muito forte a partir de Madrid. Para quem está no Norte, viajar para Lisboa ou para Madrid acaba por ser praticamente a mesma coisa. Sabemos que, naturalmente, muitos no Norte optaram por aproveitar o voo a partir de Madrid, o que é normal por uma questão de competitividade.
Vão manter Zanzibar na vossa programação?
Zanzibar está sempre garantido, porque temos programação em voos regulares. Sinceramente, ainda é cedo para falar sobre isso, mas Zanzibar continuará continuará, seja com charters ou com voos regulares. Não há grande diferença nesse sentido, até porque Zanzibar está muito bem servido de voos regulares, e nós estamos confortáveis com essa opção. Dou um exemplo concreto: um dos destinos que mais cresceu em termos de voos charter este ano foi Cuba. Neste momento, Cuba tem quatro voos charters a operar durante todo o verão, e foi o ano em que mais aumentámos as vendas para lá. Porquê? Porque fazemos uma programação diferente em voos regulares,que permite outro tipo de combinações e com maior flexibilidade no número de noites. Nem todos querem algo mais fechado, por isso, aproveitamos o melhor dos dois mundos: usamos charters quando são vantajosos para o mercado, e voamos em voos regulares quando consideramos adequado.
“Cuba tem quatro voos charters a operar durante todo o verão, e foi o ano em que mais aumentámos as vendas para lá. Porquê? Porque fazemos uma programação diferente em voos regulares, que permite outro tipo de combinações”
Programação 2025
Já estão a trabalhar no verão de 2025. O que podes adiantar sobre o próximo ano?
Só conseguimos adiantar algo no momento em que temos tudo fechado. Quem conhece a Solférias sabe que gostamos de desafios. Portanto, se surgir a oportunidade de lançarmos um bom desafio, claro que o faremos.
Estão a trabalhar no lançamento de pelo menos um novo destino?
A Solférias tem sempre esse objetivo, mas, às vezes, conseguimos e outras vezes não. Faz parte da nossa maneira de estar. Este ano, vamos lançar um charter à partida do Porto para a Costa Norte do Egito, conhecido como North Coast. É algo completamente novo, com hotéis de qualidade superior e praias excecionais.
Olhando para os resultados do verão, tendo em conta, por exemplo, o Senegal já em segundo lugar, pode haver algum reforço ou vão manter a operação como está?
Não conseguimos aumentar por uma razão simples: toda a nossa programação está sustentada no Riu Baobab, que é um hotel único. Só conseguiremos aumentar a capacidade para o Senegal quando o RIU Palace for construído, pois está prevista a construção de um RIU Palace ao lado.