Segunda-feira, Dezembro 9, 2024
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Reportagem | Entre o céu e a terra há um paraíso chamado São Tomé e Príncipe

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Poderia ser uma manhã de domingo comum na Roça Porto Real, na ilha do Príncipe, se não fosse a nossa presença atrair a atenção dos curiosos que assistiam à missa, talvez pouco habituados a intrusos com máquinas fotográficas e telemóveis em riste, tentando captar o momento. Embora assistir à cerimónia religiosa não estivesse no roteiro da nossa viagem ao Príncipe, rapidamente se tornou o ponto alto de interação com a população local. Se a religião aqui pode ser integradora, os sorrisos também. E basta um para quebrar o gelo. No Príncipe, assim como na ilha de São Tomé, adultos e crianças sorriem “fácil, fácil”, num gesto “leve, leve”, que nos toca para “sempre, sempre”.

Viajámos para São Tomé e Príncipe a convite do grupo HBD Príncipe e da STP Airways, numa jornada de sete dias que nos permitiu conhecer o paraíso que é a ilha do Príncipe e a rica cultura de São Tomé. O nosso destino inicial foi a ilha do Príncipe, onde o Grupo HBD se estabeleceu como uma empresa de ecoturismo e agricultura. O voo internacional da STP Airways partiu do Aeroporto de Lisboa pouco depois da meia-noite, aterrando em São Tomé por volta das 6h10 (menos uma hora em Portugal). Não há voos internacionais diretos para o Príncipe, por isso tivemos de fazer escala em São Tomé e de lá apanhar o voo inter-ilhas da STP Airways. A ligação é rápida e às 8h00 já estávamos a caminho do Príncipe, num voo de cerca de 30 minutos. Já em terras de Príncipes, chegámos rapidamente ao Sundy Roça, o hotel onde passámos as primeiras duas noites.

São 9h30 e o pequeno-almoço ainda está a ser servido na varanda da antiga casa principal da roça, hoje transformada em hotel de charme. Deliciamo-nos com os sabores da ilha, apresentados em compotas e sumos de fruta, enquanto apreciamos a vista sobre a densa e tropical floresta do Príncipe. Passaram-se menos de 12 horas desde que deixámos Portugal e temos ainda um dia inteiro pela frente para desfrutar de tudo o que esta ilha tem para oferecer. Esta conveniência é um atrativo para quem procura um destino tropical a curta distância de Portugal e sem jet lag.

Desenvolvimento sustentável e turismo no Príncipe

Os primeiros dois dias no Príncipe foram dedicados a conhecer o trabalho desenvolvido pela HBD Príncipe. O sul-africano Mark Shuttleworth é o fundador da HBD Príncipe, e há 13 anos iniciou um projeto de desenvolvimento económico e sustentável na ilha, centrado no turismo e na agricultura. Como segundo maior empregador da ilha do Príncipe, depois do Estado, a presença da HBD Príncipe vai muito além da oferta de alojamento e da produção de cacau; estende-se à participação na melhoria das infraestruturas rodoviárias e aéreas, à preservação da memória e das tradições, e à sustentabilidade, como nos foi mostrado durante a nossa estadia no Príncipe.

Através de contratos de concessão com o Governo de São Tomé, o grupo gere a Roça Sundy, onde se localizam os hotéis Sundy Roça e Sundy Praia, e a Roça Paciência, onde também produzem cacau. Tem ainda a concessão do Hotel Bom Bom Príncipe, a unidade mais icónica da ilha, e de várias praias.

Foi em 2016 que a Roça Sundy ganhou nova vida com a abertura do hotel de 15 quartos, resultado da reabilitação de dois edifícios: a antiga casa do governador da roça (seis quartos), de estilo colonial, e um outro edifício de estilo mais contemporâneo, que alberga os restantes quartos. Há, no entanto, outros projetos para reabilitar o património existente na Roça. Nos próximos dois anos, a HBD Príncipe prevê reabilitar as antigas senzalas, ou casas comboio, e transformá-las em galerias de arte, lojas e alojamento.

Até dezembro de 2023, as casas comboio da Roça Sundy eram habitadas. Com a conclusão do projeto de reassentamento, 133 famílias que viviam na Roça Sundy foram realojadas na Terra Prometida.

Na Roça Sundy, ainda estão por reabilitar as antigas cavalariças, a creche (ainda em funcionamento) e o hospital. Há também uma Fábrica de Chocolate com uma loja onde é possível comprar derivados de cacau, como grãos torrados, nibs, infusões de cacau para chá, massa de cacau 100% para culinária, além de produtos de cosmética com ylang-ylang.

O holandês Egbert Bloemsma é CEO da HBD Príncipe desde dezembro de 2023. Considera o projeto inspirador e juntou-se ao nosso grupo no segundo dia da viagem para nos acompanhar numa visita à Terra Prometida.

Egbert Bloemsma é CEO da HBD Príncipe

Durante a viagem de cerca de quinze minutos entre a Roça Sundy e a Terra Prometida, Egbert falou sobre os planos para a transformação das Casas Comboio. “Vão ser limpas e recuperadas para bares, ateliês, quartos para hóspedes e artistas”, num projeto que deverá estar concluído em dois anos.

Na pequena cidade de Santo António, “capital” da ilha do Príncipe, está também prevista a recuperação da “Casa Verde”, que funcionará como escritório, ateliê e loja de arte. O grupo HBD Príncipe quer trazer arte ao Príncipe, à semelhança do que João Carlos Silva fez em São Tomé. O conhecido chef e coordenador da Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe poderá mesmo vir a ser parceiro deste projeto.

Já na Terra Prometida, percorremos o bairro até chegar ao Cantinho da Cheira. Alda, uma das moradoras, é a proprietária deste restaurante que trouxe da Roça Sundy e onde trabalha como cozinheira. Também encontrámos o senhor João, cabo-verdiano de 77 anos, natural da ilha de Santiago, que será parceiro da HBD Príncipe num futuro projeto de introdução de burros no Príncipe para ajudar na colheita de cacau e banana, preservando as tradições. João vivia na senzala, mas diz que viver na Terra Prometida é muito melhor. A HBD Príncipe também auxilia no transporte dos trabalhadores dos hotéis e das crianças para a creche.

Egbert Bloemsma garante que os lucros da operação hoteleira são reinvestidos na ilha, além dos “milhões investidos anualmente”. É “dinheiro do fundador com o objetivo de criar um projeto auto-sustentável”.

Sustentabilidade e Iniciativas Locais

A sustentabilidade é uma das principais apostas da HBD Príncipe, que criou uma fundação com o objetivo de promover a conservação da ilha, das suas comunidades e da natureza. Esta fundação é liderada, desde janeiro deste ano, pelo português Jorge Alcobia. Em 2025, através desta fundação, serão pagos dividendos trimestrais aos habitantes do Príncipe em função da preservação e conservação dos ecossistemas da ilha. À exceção de um projeto de conservação no Parque da Gorongosa, em Moçambique, não há registo de nada semelhante no mundo feito pela iniciativa privada, afirma o responsável. “Noutros locais, há projetos em que os governos estão envolvidos. Aqui, é um privado que está a fazer; não há financiamentos públicos e não tem a força da lei”.

A HBD Príncipe não quer ser vista como uma Organização Não Governamental, mas apenas “mostrar que é possível desenvolver uma região cuidando do planeta A, porque não há planeta B”. O fundador do grupo está disponível para exportar este modelo para outras regiões do mundo que apresentem condições semelhantes às do Príncipe, como estabilidade política e social. “É o legado que Mark quer deixar, mostrar que é possível fazer diferente, cuidando do planeta A”.

A Cooperativa de Valorização de Resíduos na Roça Porto Real é um projeto que, desde 2016, transforma vidro em bijuteria. Anabela Pina é uma das quatro artesãs que trabalham na CVR. Ela recebe-nos na fábrica e loja, explicando com detalhe o processo manual de transformação do vidro em bijuteria. Este é mais um exemplo da intervenção da HBD, que financiou o projeto e permitiu a formação das artesãs no Gana. Este é um projeto de sustentabilidade, mas há outros que preservam as tradições do Príncipe, como o ateliê de cestaria criado na Roça Paciência, onde é possível aprender a história desta atividade e participar em workshops.

Experiências imersivas para visitantes

As visitas a estes artesãos são apenas algumas das experiências que a HBD Príncipe preparou para os hóspedes do Sundy Roça ou do Sundy Praia, todas incluídas na tarifa. Diariamente, os hóspedes podem participar numa atividade guiada, oferecida pelo hotel. O programa de atividades é fornecido na chegada e pode incluir uma caminhada pela Rota do Cacau, com visita a uma plantação de cacau e à Fábrica de Chocolate na Roça Sundy, onde é possível conhecer o processo de transformação e degustar produtos de cacau. Outras opções incluem caminhadas até a Cascata Oquê Pipi ou à Cidade Perdida de Ribeira Izé.

Ao todo, são sete experiências disponíveis. Durante a nossa estadia no Príncipe, vivenciamos algumas delas na companhia do nosso guia Ofreu: um passeio de barco para ver a Baía das Agulhas, localizada na Reserva da Biosfera da UNESCO, com paragens para mergulho e snorkel; uma viagem de barco até as praias isoladas no Nordeste da ilha, como Praia Macaco, Banana e Boi, consideradas as mais bonitas da ilha, para nadar e contemplar a paisagem; e um passeio de carro até a roça Paciência, visitando alguns dos miradouros mais impressionantes e terminando na pitoresca cidade de Santo António.

Paulo Andrade, diretor comercial do grupo HBD Príncipe, define a estadia nos hotéis do grupo como uma “imersão dos turistas na cultura, usos e costumes da população”. “Não queremos que o cliente fique confinado ao hotel, por isso incluímos atividades na tarifa, incentivando o cliente a descobrir todos os dias um novo recanto da ilha”, afirma. Acrescenta que o objetivo do grupo “é criar no Príncipe um exemplo de turismo sustentável para o mundo, respeitando a população local e ajudando a preservar a natureza, mantendo a ilha tão bonita como está para as futuras gerações”.

Despedimo-nos do Príncipe com a certeza de que cada um de nós se tornou um novo embaixador desta terra de príncipes sem coroa, mas coroada de paraíso.

Chegada à Ilha de São Tomé

São Tomé é um país relativamente jovem. No próximo ano, celebra os 50 anos de independência de Portugal e, ao observarmos a sua população, percebemos que prevalece uma faixa etária jovem. O turismo é uma grande fonte de receita e emprego em ambas as ilhas. Durante a pandemia, ficou evidente a dependência do país em relação ao turismo, mas os números já foram recuperados em 2023, quando São Tomé e Príncipe recebeu cerca de 35 mil turistas, comparado aos 34 mil de 2019, revela Rute Umbelina. No segundo dia em São Tomé, a diretora-geral de Turismo e Hotelaria do país acompanhou-nos numa visita ao Museu Nacional, localizado na antiga fortaleza de São Sebastião, no extremo sul da Baía de Ana Chaves.

Rute Umbelina, diretora-geral de Turismo e Hotelaria de São Tomé e Príncipe

Após a visita ao museu, que exibe várias temáticas como a história dos 500 anos de colonização, a revolta dos escravos no século XVI, comandada pelo Rei Amador, a introdução das culturas do café e cacau no século XVII, o trabalho forçado nas roças, o massacre de Batepá em 1953, e a independência do país em 1975, Rute Umbelina falou sobre o estado atual do turismo em São Tomé.

A diretora reconhece a escassez de recursos financeiros para realizar as atividades de promoção “que gostaria e que seriam necessárias”. No entanto, para o mercado português (responsável por 49% da quota de mercado), a presença na Bolsa de Turismo de Lisboa é fundamental, assim como “algumas pequenas ações pontuais” com operadores turísticos portugueses. O país tem agora um projeto financiado pelo Banco Mundial que permitirá uma nova estratégia, revela a responsável, que permitirá também apostar no marketing digital. “Sabemos hoje que o potencial turista conhece o destino através da internet, o gosto é criado através dos recursos digitais, por isso vamos sobretudo investir no marketing digital”.

Desafios e estratégias

A diretora sublinha que o país não pretende tornar-se “num destino de massas”. “Temos uma estratégia diferente de Cabo Verde, a nossa natureza é rica, portanto, o turismo de massas iria ter impactos negativos. Temos de preservar a nossa natureza. Temos um posicionamento de destino mais dispendioso, portanto, também não precisaremos de tantos turistas. Se Cabo Verde precisa de 500, nós precisaremos de 200 para atingir os mesmos ganhos”. Embora o país não queira atrair um turismo de massas, Rute Umbelina reconhece que as acessibilidades aéreas atuais são insuficientes para a meta turística traçada até 2030. “Gostaríamos de ter mais voos para a ilha. Hoje, o que temos limita-nos muito. Se queremos atingir 60 mil turistas por ano em 2030 – esse é o nosso objetivo – é óbvio que temos de aumentar o número de voos, porque os que temos já vão lotados. Teremos obrigatoriamente de aumentar, talvez duplicar”.

O papel do turismo na economia local

O são-tomense Herlinger Gomes é guia turístico e sócio fundador do recetivo CacauTourSTP. Acompanhou-nos ao longo dos três dias que passámos em São Tomé. Sabe, por conta própria, a importância que o turismo tem para o desenvolvimento económico do país. É um dos 223 mil habitantes da ilha, mas outros 44 mil decidiram sair em busca de novas oportunidades. A sua jovialidade não é sinónimo de pouco conhecimento, pelo contrário, o Alemão – alcunha que ganhou dos tempos da escola por ser o mais alto da turma, é um profundo conhecedor dos lugares históricos e da origem do povo, e do arquipélago de São Tomé e Príncipe. Guiou-nos pelos locais mais visitados da ilha, como a Roça Agostinho Neto, a Roça Água Izé e a Roça Monte Café, mas também deu lições da fauna e da flora da ilha. Herlinger representa uma nova geração de empreendedores de São Tomé. Quando era criança começou a vender framboesas no antigo Hotel Salazar, atualmente Pousada Boa Vista, para ajudar a família. Ele e outras crianças faziam cones de folha matabala, onde colocavam as framboesas – hoje ainda existem crianças a vender – que depois vendiam aos turistas, entre a pousada e a cascata São Nicolau. Foi assim que conheceu de norte a sul a ilha e foi daí que nasceu a paixão por ser um guia de turismo. Em 2016, depois de ter sido guia turístico de um casal de portugueses que vive na Suíça, na sua viagem a São Tomé, propôs uma sociedade para criar a Cacau Tours STP, que dura até hoje.

Herlinger Gomes, guia e fundador da CacauTourSTP

Desafios e perspetivas futuras

O turismo é o ganha-pão de Herlinger, ele faz parte dos 20% da população que trabalha no setor, direta ou indiretamente. Mostra receio quanto ao possível impacto que o recente acordo militar entre a Rússia e São Tomé e Príncipe assinado em abril, possa ter no turismo. “Já tivemos cancelamentos por causa do acordo com a Rússia, isso vai tirar o ganha-pão a muita gente”. Há quem afirme que é um aproveitamento por parte da Rússia de uma economia frágil com elevados níveis de desemprego. Se se confirmar um efeito negativo no turismo, não restam dúvidas que serão os são-tomenses os mais penalizados. Ao considerarmos o papel social que o turismo deve desempenhar nos destinos, é imperativo compreender que pode contrabalançar o rumo destes acordos de cooperação. Aqueles que optam por visitar este país, repleto de riquezas naturais maravilhosas, estão a contribuir para o bem-estar da sua população, possibilitando-lhes encontrar oportunidades dentro de São Tomé, junto das suas famílias, e fomentando uma economia promissora. Pequenas ações têm o poder de mudar vidas, e em São Tomé e Príncipe, além de desfrutar de uma experiência imersiva, como poucos destinos oferecem, os turistas têm a oportunidade de retribuir de maneira significativa.

INFORMAÇÕES ÚTEIS


Como chegar?

Voos para São Tomé: A STP Airways tem voa uma vez por semana para São Tomé (partida de Lisboa às 00h05 e chegada a São Tomé às 06:20).
Voos para a Ilha do Príncipe: Voo diário, exceto às terças-feiras, entre o Aeroporto Internacional de São Tomé e o Príncipe. Recomenda-se reconfirmar o horário antes de viajar.
A bagagem máxima permitida para o voo interno é de 15 kg por pessoa. Acresce 5 kg de bagagem.

Hotel Roça Sundy
Site:
hotelrocasundy.com
Tarifa: A partir de 415€ por noite (quarto para duas pessoas).
Descrição: Uma roça reabilitada com uma comunidade ativa. Oferece conforto e uma experiência autêntica relacionada à história das roças, do cacau e do café.
Incluído: Quarto, jantar, pequeno-almoço, bebidas da casa, chás e café no quarto, 1 experiência por dia (de acordo com a lista de experiências incluídas), transferes e Wi-Fi.

Ilha do Príncipe

Sundy Praia
Site:
sundyprincipe.com
Tarifa: A partir de 955€ por noite (vila para duas pessoas).
Descrição: Com 14 quartos apenas é um hotel de cinco estrelas, elegante e localizado junto à praia, dentro da mesma propriedade da Roça Sundy.
Incluído: Quarto, jantar, pequeno-almoço, bebidas da casa, chás e café no quarto, 1 experiência por dia (de acordo com a lista de experiências incluídas), massagem de boas-vindas, transferes e Wi-Fi.

Hotel Bom Bom
Site:
bombomprincipe.com
Tarifa: A partir de 510€ por noite (quarto para duas pessoas).
Descrição: Bungalows na praia, permitindo viver em comunhão com a natureza. Reabertura prevista para setembro de 2024.
Incluído: Quarto, pequeno-almoço, jantar com bebidas da casa, chás e café no quarto, transferes e Wi-Fi.

Ilha de São Tomé

Hotel Omali
Site: omalisaotome.com
Tarifa: A partir de 165€ por noite (quarto para duas pessoas).
Descrição: Hotel de cidade com 30 quartos situado a apenas 1,5 km do aeroporto de São Tomé, decoração elegante e espaço exterior generoso e muito agradável.
Incluído: Quarto, pequeno-almoço, chás e café no quarto, transferes aeroporto e Wi-Fi

Hotel Mucumbli
Site:
mucumbliexplore.com
Tarifa:
90€ (quarto duplo com pequeno-almoço).

Club Santana
Site:
clubsantana.com
Tarifa: A partir de 250€ (quarto duplo com meia pensão)

Roça de São João de Angolares
Site:
facebook.com/rocasaojoao
Tarifa: A partir de 65€ (quarto duplo com pequeno-almoço)

Transfers e Guia
Cacau Tours

Site: facebook.com/cacautourstp
Email: cacautour.stp@gmail.com

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