É já no próximo dia 6 de junho, que a Solférias dá inicio à operação charter para o Senegal, com partidas de Lisboa e do Porto que se prolongam até 3 outubro de 2022.
Na base desta operação em voos especiais está a parceria estabelecida entre o operador português e a cadeia Riu que abriu este ano o seu primeiro hotel no país. O Riu Baobab, de cinco estrelas, está na primeira linha de praia na zona de Pointe Saréne, a 100 quilómetros da capital Dakar e a 48 do aeroporto. Foi para conhecer o hotel e o destino, que a Solférias promoveu uma viagem de familiarização para um grupo de agências de viagens, no passado mês de maio.
Do ponto de vista da diversificação de destinos, esta já é uma aposta ganha do operador, que consegue assim, no período pós pandemia, dar ao mercado português um novo destino charter, a uma distância de voo comparável com outros destinos favoritos dos portugueses, como é o caso de Cabo Verde. Mas se há parecenças que unem o Senegal a destinos mais familiares dos portugueses, como a distância de voo, hotel tudo incluído e boas praias, também há diferenças que separam o Senegal daquilo que os portugueses podem estar habituados a encontrar num destino. Porém, essa é porventura a beleza das viagens, sermos surpreendidos por experiências autênticas.

A entrada no Senegal pelo aeroporto de Dakar é relativamente tranquila e rápida. Fizemos a viagem num voo da TAP – é preciso recordar que antes do início desta operação de voos especiais, a Solférias disponibilizava já ao mercado um programa em voos TAP.
No aeroporto de Dakar só é necessário mostrar o certificado de vacinação e o passaporte, antes de passar pelo posto de controlo de fronteiras.
Na zona de chegadas esperava-nos o nosso guia Souleymane Lam aka Júlio, dos poucos que fala português no Senegal. Entre o aeroporto de Dakar e o Riu Baobab é uma hora de viagem, tempo suficiente para as primeiras apresentações sobre o país.
Ex-colónia francesa, o Senegal é um país relativamente recente, tendo em conta que só se tornou independente em 1960. É um país jovem, não só na sua curta história, mas também na pirâmide demográfica, já que 90% população está abaixo dos 55 anos. O Senegal é também um país tolerante, onde as diferentes etnias e religiões convivem pacificamente, não existindo guerras sociais e étnicas, “ o que é bom para o Turismo”, constata Júlio. Seguem-se mais algumas estatísticas: apenas 47% dos 16 milhões que vivem no Senegal são escolarizados, não há escolaridade obrigatória no país e, à medida que se avança no grau de escolaridade, as estatísticas tendem a ser mais desfavoráveis e a mostrar um país com um problema na educação. Júlio fugiu a estas estatísticas, estudou na Universidade de Dakar. Aos 43 anos, exibe orgulhoso na sua escolha: numa turma de 50 alunos, apenas ele e outra colega escolheram o ensino do português. Quando começou a trabalhar não existiam guias que falassem português. Hoje em dia, é guia da Nouvelles Frontieres e lê livros em português para praticar a língua. É com ele que faremos todas as excursões nos dias que se seguem.
Chegámos ao Riu Baobab já de noite, o primeiro impacto é um hotel acabado de estrear com um lobby relativamente grande e bem decorado. O RIU Baobab foi construído junto à praia numa grande extensão de terreno, onde não se avista mais nada senão o hotel. As primeiras impressões ficariam para o dia a seguir.

Começámos o segundo dia com a visita a um mercado típico senegalês ao ar livre. Do hotel ao mercado são cerca de 40 minutos de viagem. Pelo caminho avistámos pequenas aldeias, e muitos baobás, a árvore sagrada e símbolo nacional do Senegal. As casas parecem-nos inacabadas, construídas com tijolos de betão feitos à mão, sem teto, Júlio explica-nos que os senegaleses vão construindo as casas à medida das suas possibilidades. Nas zonas mais populacionais, avistam-se muitas crianças na rua e animais à solta.

Na paragem em Nguéniène para a visita ao mercado ao ar livre, o calor abrasador de África recebe-nos, ao mesmo tempo que somos “engolidos” pelas vendedoras de artesanato assim que saímos do autocarro. À medida que avançamos para acompanhar o guia, elas vão ficando para trás e nós serpenteamos entre cabras, vacas, cavalos e carroças puxadas por burros. Na zona de venda de animais há sobretudo homens, mas também crianças. Olham-nos surpreendidos, mas rapidamente voltam ao que estão a fazer. Não é um mercado turístico, estão ali uma vez por semana para trocas comerciais entre eles. Não querem que tiremos fotos, irritam-se quando percebem que estamos de telemóveis apontados. Ao fim de algum tempo, desistimos de tirar fotos e deixamo-nos levar pelo nosso olhar, guardando apenas na memória o que vemos. Reconheço que é difícil controlar o ímpeto de tirar uma foto. Afinal estamos a visitar um mercado africano real, que nada tem de turístico. Quantas vezes podemos vivenciar experiências reais nas nossas viagens? Júlio conduz-nos pela zona do vestuário e dos produtos alimentares, vai fazendo pequenas paragens para explicações sobre alimentos, produtos ou artesanato local.


Deixamo-nos invadir pelos cheiros, cores e sons do mercado. O percurso dura mais ou menos uns 40 minutos. Julio vai perdendo a paciência com alguns vendedores que não se deixam fotografar. Sabe a importância do turismo para o desenvolvimento do país, e vai tentando, mas sem sucesso, explicar que somos um grupo de jornalistas e agentes de viagens, e que têm de nos tratar bem, para que façamos uma boa divulgação do país. Não sendo um mercado turístico, é normal que não esteja preparado para receber turistas, como noutros destinos. Mas para quem quer viver um experiência real e local, não podíamos ter pedido melhor.


Antes de seguir viagem, parámos numa pequena mercearia para comprar alguns bens essenciais que levámos até à próxima paragem: uma aldeia de etnia serere, a poucos minutos do mercado.
São 11h30 da manhã e na aldeia só estão as mulheres e crianças e o ancião, cerca de duas dezenas, as mais velhas com mochilas às costas, sinal de que estariam a regressar da escola. Mulheres muito jovens carregam os bebés nas costas, outras lavam roupa nos alguidares, sobre o olhar do ancião sentado estrategicamente em frente à porta. Recebem-nos com alegria e abrem-nos as portas das suas casas, precárias, feitas de argila e cimento, com folhas de palmeiras a cobrir o teto, sem luz e água. São as mulheres que nos conduzem por uma visita à sua aldeia, mostram-nos os quartos e o modo de vida. Há tempo para interagir e no final despedimo-nos com uma música e dança típica da aldeia.




Deixamos a aldeia para trás e seguimos em direção a Simal, que fica a sensivelmente a 50 minutos da aldeia. Vamos almoçar no Ecolodge Simal, que fica nas margens da Lagoa Sine Saloum, no Delta de Saloum. Esta é uma das excursões possíveis de realizar que combina a visita à aldeia serere com a viagem ao Delta do Saloum. O ecolodge é o ponto de partida para um passeio de barco pelos mangais do Delta ou para outras atividades. O almoço é servido junto à praia tendo como pano de fundo o Delta, com as suas canoas que aguardam os turistas para um passeio.


Depois do passeio de barco, somos convidados a um passeio de charrete, ou melhor, de carroça pelas aldeias vizinhas do ecolodge. O melhor do passeio foi mesmo a paragem numa aldeia, em que novamente fomos recebidos calorosamente pelas crianças, numa alegria que tem tanto de genuína como de contagiante.
Safari na Reserva de Bandia e os Leões
A manhã do terceiro dia de viagem foi dedicada a duas atividades: um mini safari com leões e um safari na Reserva de Bandia. Os dois locais – a Reserva e o Lion Ranch estão apenas separados por metros, mas são duas excursões distintas, que valeria a pena fazer em conjunto. Chegados à reserva dos leões, esperam-nos veículos 4×4 com um estrutura de proteção para percorrermos a área onde se encontram os leões. Será provavelmente o mais perto que estaremos de um leão em toda a nossa vida e isso não é algo de menosprezar, mesmo que saibamos que estamos numa reserva controlada. Ainda não tínhamos os telemóveis prontos e num ápice uma das leoas salta para cima do veículo ao nosso lado, atraída por um pedaço de carne. Em poucos segundos, um leão sobe para cima do nosso veículo. O que se segue é um momento de adrenalina e admiração, que tentámos captar através das lentes dos telemóveis, mas que nunca será possível de transmitir se não o vivenciarmos. Alguns tocam-lhe no pelo, outros tentam tirar a melhor foto do animal prostrado por cima das nossas cabeças. Saímos de coração cheio desta aventura e com imagens espetaculares para partilhar.






Seguimos para a Reserva de Bandia para uma hora e meia de visita com almoço incluído. Nesta reserva com 3500 hectares, construída em 1995, predominam muitos animais e espécies nativas de África, entre os quais zebras, javalis, avestruzes, rinocerontes, gazelas, cabras, girafas e impalas. Também podemos encontrar entre a flora, os baobás. O almoço é feito na área de acolhimento da reserva, uma estrutura bem preparada para receber os turistas, com restaurante, loja e casas-de-banho. Quem já fez safaris em África, provavelmente não ficará surpreendido com o que vai encontrar aqui, mas para quem nunca fez, não deixa de ser uma excelente experiência pela savana africana. Durante 1h30 de passeio acompanhado por um guia, avistam-se muitos animais a poucos metros de distância. É uma boa excursão para fazer em família.


Petit Côte
Nestes primeiros dias, a nossa viagem centrou-se na Petite Côte do Senegal, a sul da capital Dakar. É nesta costa, que se estende até o Delta do Saloum, perto da fronteira com a Gâmbia, que se situam os destinos de resort, sendo Saly a estância balnear mais conhecida e onde visitámos quatro hotéis (o Royal Horizon Baobab, Lamantin Beach, Palm Beach e o Hotel Royam), todos na linha da praia e com boas infraestruturas, no entanto, sem o regime de tudo incluído, que é praticado pelo RIU Baobab.
Aberto em abril deste ano, o RIU Baobab levou o seu conceito de tudo incluído às praias do Senegal. O hotel fica localizado em Pointe Saréne, a sul de Saly, também na Petit Côte. Julio diz que o governo quer transformar Pointe Saréne numa nova estância balnear. Os hotéis do Senegal resultam de investimento estrangeiro, como as restantes economias das quais o país depende, sobretudo a pesca. A maioria da população trabalha na agricultura, pesca ou turismo. No Riu Baobab, além dos senegaleses, há trabalhadores de Cabo Verde ou da Guiné Bissau.
Com uma oferta de 522 quartos, a unidade oferece o habitual serviço tudo incluído 24 horas da cadeia, dispondo de um restaurante principal, o “Yassa”, onde é servido o buffet de cozinha internacional e o pequeno-almoço; e ainda restaurantes temáticos de cozinha italiana, asiática e grill. A oferta é complementada por quatro bares: o “Sorouba”, com palco e esplanada, o “Bar Plaza”, o bar piscina “Dunun” (com bar aquático) e o lobby bar “Safari”.






O hotel oferece ainda um programa de entretenimento para crianças e adultos com a equipa de animadores RIU, wifi gratuito em todo o hotel, quatro piscinas, uma piscina infantil com escorregas e o parque aquático “Splash Water World”. O desenho e decoração são inspirados na tradição do Senegal, com uma homenagem contínua que se reflete na utilização de materiais naturais, como: madeiras escuras e acabamentos em pedra. Apesar de ser um resort com muito para oferecer, existem várias experiências que podem ser vividas fora do resort, como as que já referimos anteriormente e as que vamos referir em seguida.

Ao quarto dia, visitámos a vila de pescadores de etnia serere Joal-Fadiouth. A vila divide-se em duas partes: Joal, uma antiga colónia portuguesa fundada no século XV por João Alves (origem do nome Joal), localiza-se na parte continental e é conhecida como a terra natal do primeiro presidente senegalês, Léopold Sédar Senghor; enquanto a vila de Fadiouth, também conhecida como “ilha das conchas“, fica numa pequena ilha ligada a Joal por uma ponte pedonal sendo proibida a circulação de carros.
O nome “ilha das conchas” deve-se ao facto de Fadiouth estar sedimentada por cima de milhares de conchas. Durante centenas de anos, os habitantes da vila pescaram moluscos, comiam e acumularam as conchas em Fadiouth, o que levou à formação da pequena ilha. As conchas acumuladas ao longo de muitos anos não só formam o solo de Fadiouth, como também cobrem as ruas e são utilizadas na construção das casas. A ilha é também conhecida pelo seu cemitério onde são enterrados muçulmanos e cristãos. Ao contrário do país, em Joal-Fadiouth, a maioria da população é cristã e a comunidade orgulha-se da tolerância religiosa existente entre cristãos e muçulmanos. Na pequena ilha, percorremos as ruas com tranquilidade, apenas interrompida pela chamada de atenção do guia para o modo de vida da aldeia. Fazemos um ou outra paragem para compras aos vendedores ambulantes, felizes por avistarem alguns turistas, sob o olhar dos mais velhos que matam o tempo. No Senegal o tempo não mata, são os senegaleses que matam o tempo e Fadiouth é um bom exemplo.
Ilha de Gorée e Lago Rosa
O último dia de viagem foi dedicado a dois locais cuja visita é muito recomendável: a ilha de Gorée e o Lago Rosa. Saímos em direção à cidade de Dakar que fica a uma hora e meia do Riu Baobab. Embora esta excursão não inclua a visita a Dakar, fizemos um tour rápido de autocarro pela cidade antes de seguirmos para o porto, de modo a apanhar o barco para a ilha de Gorée. Era sábado e as filas eram grandes. À espera estavam turistas, grupos de alunos para visitas de estudo e os vendedores locais, num ambiente relativamente organizado no cais. O turismo é a atividade principal da ilha, que fica ao largo de Dakar. Foi preciso esperar algum tempo para o próximo barco, mas no Senegal há que ser flexível com os horários e encontrar forma de matar o tempo.
São cerca de 20 minutos de viagem até Gorée. A ilha é um dos pontos mais visitados no Senegal e a sua história está ligada ao comércio de escravos durante quatro séculos (1444-1848). Em Gorée encontramos uma arquitetura colonial bem conservada de diversas origens, desde os holandeses aos portugueses. As casas coloridas contrastam com o lado negro da história da ilha. Depois de um passeio a pé, fizemos uma paragem para a visita à Casa dos Escravos, um antigo cativeiro que atualmente abriga um museu. Divisão a divisão, revisitámos uma época terrível da história da humanidade, através da explicação de como eram tratados e as suas rotinas. O maior simbolismo desta casa está no corredor que dá acesso ao mar. Dali partiam barcos para várias geografias carregados de pessoas que nunca regressariam e foi ali que, em 1992, o Papa João Paulo II pediu perdão a África.


A visita a Gorée inclui almoço na ilha e só depois o regresso a Dakar, de onde partimos para o Lago Rosa, que fica localizado na Grande Côte, a norte de Dakar. Este lago salgado entre as dunas e o oceano deve a sua cor à alta concentração de sal e algas microscópicas. Fizemos o passeio ao largo do lago num veículo 4×4 e a primeira impressão é que o lago não é rosa, uma ideia que se dissemina assim que nos aproximamos. O passeio segue pelas dunas até à grande costa do Dakar, percorrendo parte da última etapa do rally Paris-Dakar quando este aqui se realizava. Por entre aldeias e dunas, o caminho faz-se com adrenalina até à praia, onde encontramos um cenário verdadeiramente idílico, com um areal a perder de vista. A melhor imagem para levarmos de cinco dias intensos de viagem.


O Senegal não é um destino que possa ser colocado em nenhuma destas “caixas”: não é um destino apenas de resort ou de praia, nem apenas cultural, mas se tivéssemos de lhe colocar um rótulo seria o destino onde encontramos África autêntica e experiências reais.
Operação charter da Solférias
O operador Solférias tem partidas de Lisboa e Porto, às segundas-feiras, de 6 de junho a 3 de outubro de 2022 (última partida). Os pacotes têm preços desde 969 euros por pessoa, incluindo voo desde Lisboa ou Porto para Dakar e regresso, sete noites de alojamento no Hotel Riu Baobab 5-estrelas, regime de Tudo Incluído, transferes e taxas.
A Solférias também disponibiliza programas com a TAP, que tem 7 voos semanais à saída de Lisboa o ano todo.
Protocolos de entrada e saída
Exigido passaporte, certificado de vacinação e preenchimento de formulário para entrada no país.
Moeda
A moeda oficial do país é o Franco CFA, mas são aceites euros. 1€ = 655 CF
*Viajou a convite da Solférias com a TAP
Uma maravilha
Carina a reportagem está TOP MUNDIAL !