Para assinalar o 4º aniversário do TNEWS, lançamos uma rubrica especial que reúne vozes do setor do turismo. Convidamos personalidades a refletirem sobre o futuro do turismo em Portugal, respondendo à seguinte questão: “Se tivesse poder sobre o país por uma hora, qual seria a decisão que tomaria para o setor do turismo?”
Por Tiago Quintas, administrador do Grupo Dorisol
Numa nota positiva, começo por referir que Portugal, através das suas diversas instituições conectadas ao turismo, públicas ou privadas, tem feito um muito bom trabalho na divulgação do seu diverso produto turístico, ao longo dos últimos anos. Acredito genuinamente que somos um caso de sucesso e, agora, resta-nos garantir que munimos o país das condições necessárias para que a excelente divulgação se adeque à realidade “no terreno”.
Dentro do poder absoluto, há três medidas essenciais que me parecem críticas para o sucesso do nosso país e sector. Duas delas são de amplo consenso e bastante óbvias, a necessidade de um novo aeroporto (garantindo que terá espaço de expansão e capacitado para se adaptar a eventuais novos meios de mobilidade, no futuro) e garantir que as taxas turísticas são efetivamente utilizadas na preservação e recuperação de todo o património natural ou edificado com interesse turístico, garantido assim a sustentabilidade do setor (e não uma simples nova rúbrica de rendimentos das câmaras municipais, distorcendo o espírito das taxas turísticas).
No entanto, a 3ª medida seria aquela de maior importância, visto que poderia resolver (pelo menos parcialmente), o tema mais preocupante do setor: a falta de mão de obra e a incapacidade de atrair pessoas. A medida passaria por permitir que todos os jovens estudantes com mais de 15/16 anos pudessem trabalhar algumas horas por semana, havendo uma entidade que faria a gestão entre as horas que eles teriam disponíveis (um género de banco de horas), a sua remuneração e as necessidades das empresas. Obviamente, isto obrigaria a: 1. termos um regime fiscal especial, com uma isenção total ou parcial de impostos e não comprometendo a normal progressão de carreira e benefícios destes jovens no futuro ou dos seus pais; 2. Uma legislação laboral altamente flexível; 3. uma real adaptação e flexibilização das nossas escolas e universidades.
Esta medida, além de poder contribuir para a falta de mão de obra em determinadas funções, que acabam por ser maioritariamente colmatadas por imigrantes, iria potenciar a autonomia financeira dos nossos jovens, contribuindo certamente para a sua literacia e capacidade financeira futura. Na verdade, esta medida não é uma novidade, nem tão pouco exclusiva ao sector do turismo, sendo por exemplo a realidade da mão de obra em países como a Holanda, Nórdicos em geral, Austrália, Canadá, etc.
Nota de editor
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