Os representantes das associações de agências de viagens internacionais dos EUA, Reino Unido, Canadá, Europa e Caraíbas não têm dúvidas: a retoma das viagens internacionais é fundamental para a recuperação da indústria. Numa sessão virtual, que foi organizada pela American Society of Travel Advisors (ASTA), os participantes concordaram que a confusão em torno de regras e regulamentos e as políticas governamentais em constante mudança, muitas vezes não impulsionadas por dados científicos, continuam a prejudicar o negócio das agências de viagens.
Zane Kerby, CEO da ASTA, considera que as ações e inações governamentais causaram “tremendos danos” à indústria e ao viajantes. Como resultado disso, a associação, juntamente com outras organizações, continua a lutar por assistência governamental na forma de subsídios e legislação.
O CEO da ASTA referiu ainda que os regulamentos reduzem a procura e confundem os turistas. Os americanos vacinados estão a ser tratados da mesma forma que os não vacinados, “achamos que isso precisa de mudar, porque o nível de ameaça entre os viajantes vacinados é muito menor”, afirmou Kerby.
Wendy Paradis, presidente da Associação de Agências de Viagens Canadenses (ACTA) disse que a pandemia teve um impacto catastrófico na indústria dos agentes de viagens no Canadá. Wendy Paradis referiu que o Canadá foi dos países com restrições mais apertadas, “como resultado, as receitas do setor permanecem abaixo de mais de 90% em comparação com 2019, com a maioria dos consultores ainda licenciados. As reservas foram mudadas para o inverno, mas ainda existe a preocupação sobre se essas viagens vão acontecer.”
Apesar de 78% dos canadenses com mais de 12 anos estarem totalmente vacinados ainda há uma política geral para os canadenses evitarem todas as viagens não essenciais para fora do país. A menos que isso mude, “a nossa indústria não se consegue recuperar e os nossos trabalhadores não podem voltar ao trabalho”, afirmou a presidente da ACTA.
No Reino Unido, as viagens estão a retomar de forma mais lenta do que noutros lugares da Europa, apesar do programa de vacinação do país estar à frente de outros, disse Graeme Buck, diretor de comunicações da Associação Britânica de Agências de Viagaens (ABTA). O diretor afirmou ainda que houve uma redução de 85 a 90% na receita dos agentes de viagens, tornando-os o setor empresarial mais afetado, juntamente com a aviação. Graeme Buck considera que o setor de viagens precisa de apoio de curto a médio prazo, mas que não teve reconhecimento do governo relativamente às circunstâncias da indústria de viagens.
Eric Drésin, secretário-geral da Associação Europeia de Agentes de Viagens e Operadores Turísticos (ECTAA), disse que o principal desafio têm sido os reembolsos devido a regras rigorosas na União Europeia que exigem reembolsos em muitas circunstâncias. Embora a indústria tenha conseguido oferecer aos clientes a oportunidade de adiar a viagem, a data de vencimento de muitos desses adiamentos está a acabar. Além disto, Eric Drésin pediu para que os Estados Membros da União Europeia trabalhassem juntos e a uma única voz nas políticas de quarentenas, vacinas e testes.
Vanessa Ledesma, CEO interina da Caribbean Hotel & Tourism Association, disse que, após 10 anos recordes, a indústria foi devastada, embora a incidência da infeção por covid nas Caraíbas esteja entre as mais baixas do mundo. Vanessa Ledesma referiu que a associação continua a pressionar os governos para facilitar os requisitos de entrada, acrescentando: “Sabemos que os agentes de viagens consideram desafiante lidar com os requisitos porque estes mudam diariamente”.
Um ponto positivo destacado por Ledesma é que a procura é alta, particularmente dos EUA, devido à acessibilidade da região, identificação da marca e boa gestão da pandemia.
Todos os participantes concordaram que os governos precisam fazer mais para ajudar a indústria. Kerby disse que o governo dos EUA diz há meses que as férias tornarão a vida melhor, mas não seguiu com políticas apropriadas. O CEO da ASTA considera que “deve simplesmente haver um sistema de duas camadas um para os vacinados e outro para os não vacinados”.
Os agentes de viagens canadenses precisam muito de ajuda, referiu Wendy Paradis. Segundo a presidente da ACTA “grande parte da ajuda que está em vigor está a terminar, o que é inaceitável pois precisamos de sobreviver para podermos recuperar”.
“A Covid estará connosco nos próximos anos,” afirmou Paradis, acrescentando que é importante que os governos reconheçam a diferença entre aqueles que são vacinados e aqueles que não são.