A Soltour encerrou o verão de 2025 a crescer “perto de dois dígitos”, apesar do “excesso de oferta para alguns destinos” que “acaba por condicionar” as vendas, disse à imprensa Luís Santos, diretor comercial para Portugal e Espanha, durante a mega fam trip à região de Quintana Roo, no México, organizada no âmbito do 50.º aniversário do Grupo Piñero e do operador turístico.
“Crescemos em vendas em relação ao ano de 2024, que era aquilo que estava previsto”, afirmou Luís Santos. Ainda que o operador tenha conseguido “ter rentabilidade”, reconhece que o resultado “poderia ser melhor”, uma vez que “há um bocadinho grande de excesso de oferta para alguns destinos que acaba por condicionar”. Para Luís Santos, “se a oferta estivesse mais regulada, obviamente seria melhor para todos”.
“Cuba teve um efeito bastante importante no verão”, explicou a título de exemplo, sublinhando que “dificulta bastante vender outros destinos quando se vendia [o destino] a menos de 700 euros”.
Ainda assim, a Soltour mantém uma trajetória de crescimento sustentável, e a diversificação do portfólio é um fator relevante. “Há outra parte que cada vez mais passa a ter um peso importante na empresa, que é a venda de produto não-risco”, disse. “Há uma dúzia de anos era charters, charters, charters. Agora já existem linhas regulares e o [produto] ‘só-hotel’ teve um crescimento tremendo. A tendência é que cada vez mais possa crescer”.
Destinos mais vendidos
A operação para o México, cujos voos são realizados em parceria com a Iberojet, conta com duas ligações para Cancún a partir de Lisboa. Luís Santos não escondeu que a operação “poderia ter corrido melhor, fruto da agressividade e do excesso de oferta que houve no mercado”.
Por outro lado, a operação “que correu melhor nas Caraíbas foi, de longe, Samaná”, uma vez que, “apesar de ser um produto completamente diferente”, é “um destino exclusivo”, o que é uma “mais-valia”, adiantou. “A operação já tem uma série de anos e cada ano que passa mais consolidado está o destino. As pessoas começam a aperceber-se que Samaná são umas Caraíbas diferentes”.
Além das Caraíbas, as Ilhas Espanholas mantêm um “peso forte” na operação da Soltour. Luís Santos rejeita a perceção de que o destino está a perder clientes portugueses, defendendo que “a prova disso é que há meia dúzia de anos era exclusivo da operação charter e agora há bastantes linhas regulares a operar para lá”.
“Muitas vezes associamos a Soltour às Caraíbas, mas se tiver que escolher a zona para onde vamos mais é as Ilhas Espanholas”, apontou o responsável, que salientou que “os voos têm saído sempre com muito boas ocupações”.
“Agora, há uma coisa que é certa: quando se têm alguns destinos das Caraíbas ao preço que se têm, é normal que possa ter um efeito dominó que acaba por impactar todos os destinos, não só os Baleares, como Canárias, Cabo Verde, Djerba”, acrescentou.
Em particular, Almería “foi provavelmente – não em volume porque a operação é mais curta – o melhor destino”, de acordo com o responsável, considerando que o destino começa a consolidar-se no mercado português. “Já no ano passado tinha tido bons resultados e em 2025 foi indiscutivelmente o melhor ano de Almería”.
Programação da Soltour já está na rua
Quanto à nova programação da Soltour, Luís Santos sublinhou que “tudo o que está programado já está disponível para venda”, mas indicou que “até ao Black Friday poderá surgir alguma coisa – ou não”.
“Não será um crescimento a nível de destinos, mas um crescimento a nível de rotações por destino ou número de lugares”, deixou claro o executivo, que perspetiva continuar a crescer no próximo ano.
A Soltour contará com um aumento de oferta no destino Samaná. A operação, que teve início no final de junho, começará a ser operada a 29 de maio de 2026. “Logo aí já haverá um crescimento significativo”, referiu Luís Santos, acrescentando que esta antecipação “significa mais quatro rotações”.
Para o próximo ano, “vamos continuar a operar com a Iberojet o México, República Dominicana, Cuba”, e serão igualmente mantidas as operações para as Ilhas Espanholas.
Também o destino Cabo Verde, operado com lugares garantidos com a easyJet, surge em destaque. “No final de 2025, arrancámos já com a operação para a Boa Vista e para o Sal todo o inverno. Temos voos todas as semanas de Lisboa e do Porto” para ambos os destinos, referiu.
Entre outros destinos que continuarão a integrar a programação da Soltour estão Albânia, Almería e Reus, e Costa Dourada – a aposta do operador turístico no ano passado.
Luís Santos antecipa superar os resultados do ano passado nesta Black Friday, “um momento de vendas que surpreendentemente tem estado a crescer”.
“O mercado não é sempre igual, mas a tendência de reservar com antecedência este ano ainda se vai manter. Portanto, temos bastante expectativas de que seja um momento de vendas importante”, reiterou.
Soltour celebra 50.º aniversário no México
Luís Santos faz um balanço “extremamente positivo” da mega fam trip ao México, tendo permitido “conhecer melhor o destino”. Em particular, destaca “o privilégio de usufruir do Tren Maya e de ver uma zona inexplorada. Só por isso já valeu bastante a pena”. Também os agentes de viagens que participaram na viagem, disse, “ficaram surpreendidos pela positiva”.
A escolha do México para celebrar as cinco décadas do operador turístico e do Grupo Piñero não foi por acaso. “O México é um destino estrela da Soltour”, com o qual tem “quase 30 anos de ligação”, sublinhou Luís Santos. “Temos outros destinos estrela, mas, dentro daquilo que são as Caraíbas, o México desde o início da Soltour que tem um peso importante”.
De regresso ao cargo de diretor comercial para Portugal e Espanha, Luís Santos sublinha que o mercado nacional “pode sair beneficiado sempre e quando do lado da fronteira se entenda qualquer coisa que se possa aplicar a Portugal”.
Ainda assim, reforça que “são dois mercados independentes, com mercados de origens completamente diferentes”, e que “a única coisa que é comum é a forma de estar da empresa, independente, privilegiando exclusivamente o canal de agências.”
Soltour à frente da nova divisão de viagens do Grupo Piñero
O grupo prepara-se agora para uma nova fase, assente na digitalização e na implementação de inteligência artificial “em tudo o que sejam processos inerentes à viagem”. O objetivo, disse, é claro: “quanto mais digitalizado, quanto mais se utilizar a inteligência artificial, com tudo aquilo que tem de bom a inteligência artificial, a lógica é que se consiga ser, pelo menos, mais eficiente”.
Luís Santos adiantou que “no grupo vai ser criada uma divisão de viagens” para dar resposta às “mudanças nos perfis de clientes”. Segundo o executivo, “aquilo que se pede hoje não é o mesmo que se queria há 50 anos e, portanto, mais do que reagir, temos que tentar anteciparmo-nos o máximo possível para ser proativos”.
O responsável recorda que “nos anos 2000, foi o boom da Internet”, e que o desafio atual passa por repetir essa adaptação. “Da mesma forma como nos anos 2000 evoluímos de um call center exclusivo para utilizar uma página, aproveitando as tecnologias da altura, agora pretende-se fazer o mesmo, otimizando ao máximo as ferramentas que estão à nossa disposição”.
Sem perder a essência da marca, a estratégia passa por “aproveitar aquilo que é a marca Soltour — as características e a história da independência, da segurança, da confiança, que são coisas que nos têm acompanhado nos últimos 50 anos — e tentar reforçar essas características”.
