Marta Sotto-Mayor, docente da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, foi a vencedora na categoria de Melhor Carreira de Docente no Ensino Profissional na edição de 2021 dos prémios da Hospitality Education Awards. Em entrevista com o TNews, a docente falou sobre como foi ganhar o prémio, o seu percurso e as suas projeções para o setor turístico.
A conquista deste prémio para Marta Sotto-Mayor “é um orgulho e uma enorme responsabilidade”. “É muito bom ver reconhecido o trabalho que desenvolvi ao serviço da formação em hospitalidade e dos profissionais, formandos, alunos, colegas, parceiros, gestores e empresários. E quando percebo que o meu contributo é uma mais valia aceito, com humildade, a responsabilidade de continuar a melhorar sempre”, disse a docente.
A vencedora do prémio de melhor carreira de docente acredita que a sua “paixão pela hotelaria e turismo, o orgulho e a capacidade de trabalho, acrescidos à dedicação pela partilha de saber com vista a melhoria do outro e à criação de valor”, foram os motivos pelos quais conseguiu essa distinção.
O seu percurso nesta área iniciou-se na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto com a graduação em Gestão Hoteleira, e a partir daí, segundo a docente, percebeu a importância da formação de excelência para o setor do Turismo. Adicionou a isto uma Pós-Graduação pela Glion Hotel Management School, uma Licenciatura em Gestão Hoteleira no ISEC Lisboa e um certificado em Strategic Hospitality Marketing da Cornell University. Trabalhou nos Estados Unidos, em Espanha e Portugal, em funções como diretora de vendas e marketing, diretora geral e de operações, tanto em multinacionais hoteleiras como em marcas independentes.
Hoje está focada unicamente no desenvolvimento do potencial humano trabalhando em projetos de formação, recrutamento e consultoria.
Os desafios atuais do turismo
Marta Sotto-Mayor vê o turismo atualmente com “enormes desafios e oportunidades incríveis”. “Em especial aplaudo o trabalho feito pelo Turismo de Portugal e pelas equipas nas Escolas de Hotelaria e Turismo espalhadas pelo país”, disse a docente. “É extraordinário ver os bons resultados conseguidos e participar no percurso de melhoria contínua da qualidade formativa prestada pela Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Disse a nossa SET na entrega dos prémios: “Não queremos ser só o melhor destino turístico do mundo, queremos fazer de Portugal o melhor destino a capacitar, formar e educar turismo no mundo!”. Por isso mãos à obra, há muito para fazer por parte de todos os intervenientes do ensino no turismo”, completou.
Em relação aos obstáculos do setor, Marta Sotto-Mayor acredita serem muitos, entre eles, considera que a maneira como alunos e profissionais aprendem mudou e que as necessidades e as exigências da indústria do turismo evoluíram. Para a docente, o formador precisa, mais do que nunca, “de agilidade na capacidade de comunicação de conhecimentos. Tem de motivar os seus alunos para reconhecerem as mais valias da procura do conhecimento e deve manter o foco no desenvolvimento de competências de inovação, do pensamento crítico e do espírito de resolução de problemas. A generosidade e a humildade são valores essenciais ao bom desempenho da sua função, ao serviço do outro”
A retoma do turismo no pós-pandemia
Sem hesitar após ser questionada se acredita na retoma do turismo, a docente disse: “Claro que sim! Sabemos satisfazer e fidelizar clientes e isso é chave. Quem nos visita adora, recomenda, regressa e alguns até nos escolhem como lar”.
“Já demos provas que a economia do nosso país precisa do turismo, setor criador de emoções e memórias. Acredito que estamos juntos nesta missão de retoma, trilhando o caminho do desenvolvimento e da capacitação das pessoas, os que fazem acontecer as memórias!”, disse, concluindo que “vejo uma maior aposta na qualidade, na sustentabilidade, na inovação e na diferenciação que acredito vão dar bons frutos”.
No entanto, para isso, o setor terá de se reinventar. “Todo o ecossistema terá de remar para subir a fasquia, ou o afundar é certo. Vivemos desafiantes tempos de mudança e a concorrência é fortíssima. Hoje acho já que todos sabem que é insuficiente, e mau caminho, assumir que se aprende com antes e que já se sabe tudo. Se fizermos como sempre se fez não vamos mais longe, recuamos”.
Além disso, para Marta Sotto-Mayor, os alunos também pedem novos estímulos e procuram objetivos diferentes das gerações anteriores. Assim como os clientes, que aumentaram e a todo o momento cada um pede mais personalização. “O ensino e as empresas do setor terão que encarar de frente o princípio de que há sempre incerteza e que reinventar é evoluir.