“O contacto direto com determinada cultura terá um acréscimo tremendo na vivência do turista, uma vez que irá muito além de uma mera experiência turística vivida por muitos”
Por Mariana Afonso
Turismo de Experiências, na sua definição, refere-se à procura de atividades autênticas e inovadoras, que permite aos turistas mergulhar na cultura e no estilo de vida de um destino através de experiências personalizadas.
Este conceito pode e deve ser usado como método para entender a diversidade nas sociedades que nos rodeiam, ou por outro lado constituir um bloqueio no caminho da inovação e da mudança para algumas sociedades. Aqui, o turismo assume um papel crucial enquanto veículo capaz de proporcionar esta troca de ideias e de experiências.
Existem diversas oportunidades e benefícios nesta prática, quer para os turistas, quer para os locais. O contacto direto com determinada cultura terá um acréscimo tremendo na vivência do turista, uma vez que irá muito além de uma mera experiência turística vivida por muitos. Aqueles que procurarem esta abordagem irão sem dúvida beneficiar do conhecimento dos locais, tirando o maior partido de qualquer que seja o destino do Mundo que estejam a explorar.
Experiências culinárias, lugares secretos que só os locais conhecem e dicas úteis sobre horários e os estabelecimentos a não perder são alguns dos claros benefícios para os turistas ao embarcar numa experiência imersiva deste género. Além disso, o intercâmbio cultural funciona como excelente mecanismo para quebrar barreiras e estereótipos, não só do lado da sociedade residente, mas também para os turistas relativamente à sua perceção da cultura local.
No entanto, os benefícios deste conceito não se cingem exclusivamente ao turista. A comunidade local é presenteada com diversos benefícios ao interagir nesta troca de ideias e costumes. Através do desenvolvimento de competências sociais, promove-se uma maior apreciação e respeito pela diversidade que os rodeia, fomentando ainda a cooperação com diferentes realidades. Estas interações podem e devem resultar numa troca aberta de ideias sobre as duas perspetivas, onde ambas as partes beneficiam de inputs que promovem o crescimento mútuo, destacando as características positivas de cada uma delas.
O principal obstáculo prende-se com o facto de nem sempre ser simples e direta a integração destas práticas na sociedade. O medo do desconhecido e pelo que as influências estrangeiras poderão alterar na cultura local muitas vezes torna esta troca de ideias difícil e impossível de acontecer. Desta maneira, o caminho mais fácil por vezes é “fechar portas” e não deixar entrar o que é novo e diferente. Neste cenário, as gerações mais novas são as que saem prejudicadas se o contacto com outras culturas e costumes diminuir, pois não terão oportunidade de serem confrontados com perspetivas e estilos de vida diferentes. Isto terá como consequência uma geração formatada a uma só realidade, incapaz de aceitar algo de diferente que pode vir a melhorar a forma como encara a vida.
Numa nota mais pessoal, acredito mesmo que este tipo de experiências moldou grande parte da minha personalidade e impactou definitivamente a maneira como encaro o mundo e as outras culturas. Experimentar pratos tradicionais russos, ver um jogo de hóquei na Suíça, ou mesmo ver filmes com legendas em estoniano, tudo isto ensinou-me a respeitar aquilo que é considerado “diferente” por muitos, pois torna-se uma enriquecedora fonte de conhecimento e essencialmente de tolerância pelas diferentes pessoas que nos rodeiam. Estas e outras experiências ajudaram-me a crescer e a manter sempre uma mente aberta em relação ao que me rodeia, e ainda bem que assim foi.
Desta forma, o turismo de experiências atua como um elemento essencial para promover o intercâmbio entre diferentes culturas. Estas experiências enriquecem as sociedades e ajudam a fomentar a tolerância e o crescimento mútuo entre as mesmas. Como diz Antoine de Saint-Exupéry em O Principezinho, “Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
Mariana Afonso está atualmente a terminar o Mestrado em Gestão da Nova SBE Westmont Institute of Tourism & Hospitality, com área de especialização em Hospitality and Customer Experience. É também atleta da Seleção Nacional de Badminton.
Nova Geração é uma rubrica do TNews, na qual damos voz à opinião dos jovens estudantes de Turismo.