“Vamos deixar de pesquisar na Internet e passar a conversar com a Internet”, defende Álvaro Carillo, diretor geral do Instituto Tecnológico Hotelero (ITH), associação filiada na Confederação Espanhola de Hotéis (CEHAT).
O aparecimento do ChatGPT, há pouco mais de ano, e agora do Google Gemini significou “a chegada da Inteligência Artificial (IA) ao grande público. Até há pouco tempo, uma disciplina técnico-científica foi democratizada graças ao Open AI (e agora todos falam dela)”, afirma Álvaro Carillo.
Mas como é que essa disciplina vai influenciar a forma de como utilizamos a internet? O ITH acredita que “será uma grande disrupção na sociedade atual, semelhante ao aparecimento do computador e da própria internet. Até agora, a internet é o ecossistema digital onde se pode encontrar toda a informação, conhecimento, serviços e entretenimento que podemos usufruir em troca dos nossos dados pessoais”.
De acordo com o responsável, “é assim que a internet funciona atualmente, com interfaces claras (computador, telemóvel, Alexa, entre outras) que de alguma forma dão resultados específicos às nossas pesquisas”.
Com a evolução de ferramentas como o ChatGPT, o Gemini e a tecnologia de compressão de linguagem natural, “vamos passar gradualmente da pesquisa na internet para a conversa com o ChatGPT sobre alguma necessidade ou concelho que precisemos. Contudo, não vamos esperar uma lista de ligações como resposta, mas vamos exigir uma resposta precisa, cada vez mais, baseada nas nossas próprias perguntas”, explicou Álvaro Carrillo.
Dessa forma, como detalhou o responsável pelo ITH, “estaremos a mudar o formato de como interagirmos com a internet e passaremos a ‘falar’ com a internet através dos vários serviços de IA”.
Isto significará “uma mudança incrível em termos do próprio conceito da internet e da forma de como os seus modelos de negócio são criados”, destacou. Acrescentando que, “a partir de agora, deixará de ser relevante aparecer nos resultados de pesquisa dos utilizadores, porque vamos pesquisar cada vez menos na internet”.
Definição de novos modelos de negócio
Daqui para a frente, “temos de definir estas novas formas de ‘falar’ com a internet, bem como os novos modelos de negócio que possam estar associados. Não esquecendo que o ‘combustível’ que move esta ‘roda gigantesca’ são os nossos dados pessoais”, explicou.
“Como sempre, e generalizando, os americanos vão desenvolver mais ferramentas tecnológicas e os chineses vão copiá-los no seu grande mercado cativo. Já, nós, os europeus, vamos estar ocupados a regular tudo”, apontou.
Posto isto, Álvaro Carrillo concluiu que “estamos no início de uma grande mudança disruptiva que vai transformar a forma como nos relacionamos com a Internet. E o melhor de tudo é que vamos ser testemunhas de primeira fila desta transformação digital, que deve ser uma transformação inteligente”.