O Grupo Vila Galé anunciou esta terça-feira, dia 28, receitas totais de 290 milhões de euros em 2024. Portugal, onde o grupo detém 32 unidades, registou um crescimento de 9%, atingindo 172 milhões de euros. No Brasil, o grupo gerou cerca de 682 milhões de reais (110 milhões de euros), com um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Já em Espanha, as receitas alcançaram 6,6 milhões de euros, após a abertura de um novo hotel em Isla Canela.
Durante o almoço de imprensa, Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo, fez um balanço positivo do ano e revelou as perspetivas para 2025. “Em 2024, conseguimos manter uma tendência positiva no turismo nas duas geografias mais relevantes para o nosso negócio: Portugal e Brasil. Ambos os mercados apresentaram um desempenho favorável em comparação com os números de 2023”, afirmou.
Além dos números financeiros, Rebelo de Almeida destacou o crescimento das taxas de ocupação e do número de hóspedes em Portugal, que aumentaram 4% e 5%, respetivamente. “Este crescimento também se deve ao aumento de 8% no preço médio”, explicou. No Brasil, embora a taxa de ocupação se tenha mantido estável, o aumento de 7% no preço médio resultou em mais 6% nas receitas.
O administrador do grupo também sublinhou a importância do mercado nacional, que representa entre 40% e 45% da ocupação total. “O mercado português cresceu 6% e continua a ser o nosso principal mercado”, afirmou, acrescentando que outros mercados internacionais, como os Estados Unidos, o Canadá e a Alemanha, também registaram um crescimento significativo.
Destaque para o mercado americano
Um dos pontos de maior destaque no desempenho de 2024 foi o crescimento do mercado americano. Gonçalo Rebelo de Almeida afirmou que este mercado destacou-se significativamente, registando um aumento de cerca de 30% em relação ao ano anterior.
“Se recuarmos cinco ou seis anos, o mercado americano nem sequer estava no top 10 dos nossos mercados emissores. Hoje, está prestes a disputar posições no 3.º, 4.º ou 5.º lugar”, concluiu Gonçalo Rebelo de Almeida.
Este aumento da procura do mercado norte-americano reflete não só o crescimento do número de turistas, mas também o comportamento específico deste grupo de clientes. “Os americanos têm demonstrado um grande interesse em explorar Portugal. Não se limitam a visitar Lisboa e Porto, mas têm se aventurado por outras regiões como o Alentejo, o Douro e até o Algarve, o que tem contribuído para a distribuição mais equilibrada da procura por todo o território”, afirmou Rebelo de Almeida.
Além disso, o mercado americano caracteriza-se por estadias mais longas e um interesse crescente pelo enoturismo.
Além do mercado americano, outros mercados internacionais também tiveram um bom desempenho. O Canadá, por exemplo, registou um aumento de 25%, enquanto a Alemanha cresceu cerca de 23%. Em contrapartida, mercados como Espanha e França apresentaram descidas de 5% e 10%, respetivamente
No que diz respeito às aberturas de 2024, o grupo destacou a abertura de novos hotéis na Figueira da Foz e em Isla Canela, em Espanha. “Isla Canela teve uma performance positiva, atraindo muitos turistas portugueses, sem prejudicar a procura no Algarve, onde os números também cresceram”, explicou Gonçalo.
O administrador expressou ainda otimismo em relação a 2025, apesar de não esperar um crescimento tão expressivo quanto o de 2024. “As perspetivas para 2025 ainda apontam para um aumento das taxas de ocupação e das receitas”, afirmou, destacando a manutenção da procura dos mercados norte-americano e canadiano, bem como a estabilidade nos mercados europeus tradicionais. “Não identificamos à data muitas mudanças nos mercados emissores e, portanto, o perfil do turista e do tipo de turista deverá ser muito parecido com aquilo que aconteceu em 2024”, afirmou o responsável.
Gonçalo Rebelo de Almeida concluiu que, apesar dos desafios globais, o turismo europeu, e em particular o de Portugal, continua a mostrar-se resiliente e competitivo, atraindo turistas de diversas partes do mundo. O grupo segue com o objetivo de continuar a expandir a sua presença em mercados estratégicos, como Portugal e Brasil.
Cuba: Um ano de operações e desafios pela frente
Em 2024, o Grupo Vila Galé completou um ano de operações em Cuba, com resultados mistos. Gonçalo Rebelo de Almeida afirmou que a operação no país correu “relativamente bem”, destacando o sucesso de retomar a operação charter para Cuba no verão de 2024, algo que não acontecia há vários anos. “Conseguimos com algum sucesso retomar as operações charter para Cuba no verão”, afirmou.
O grupo opera em Cuba com o Vila Galé Cayo Paredón, um resort localizado a 25 minutos do aeroporto Jardines Del Rey, em Cayo Paredón Grande, e que conta com 638 quartos. No entanto, o administrador também apontou desafios a superar. “Cuba enfrenta um déficit de promoção internacional, o que tem dificultado um maior crescimento do destino. O Canadá continua a ser o principal mercado emissor para Cuba, mas os resultados do nosso primeiro ano não são fabulosos, embora não tenham sido também negativos”, explicou.
Em relação à expansão da operação em Cuba, Rebelo de Almeida destacou que o grupo está a ser desafiado a crescer a sua presença no país, incluindo a possibilidade de abrir uma unidade em Havana. “Estamos a ser desafiados a expandir a nossa operação, com o objetivo de termos uma presença em Havana. Isto continua em cima da mesa”, afirmou. No entanto, reconheceu que há ajustes a fazer na operação, nomeadamente na questão do investimento em produtos alimentares.
Lucros e aumento dos custos
Relativamente aos lucros do grupo, Gonçalo Rebelo de Almeida foi questionado sobre os resultados financeiros e o crescimento em 2024. O administrador explicou que as contas finais do grupo só serão fechadas entre março e abril, mas indicou que “é previsível que haja um crescimento”, embora com alguns desafios. “Em 2023, tivemos lucros na ordem dos 100 milhões de euros, e para 2024, podemos estar a falar de 105, 106 milhões”, afirmou.
Rebelo de Almeida apontou três fatores que impactaram significativamente os custos do grupo. O primeiro deles foi o aumento da componente energética, em particular o custo da eletricidade, que disparou após o fim da isenção que havia sido concedida durante a pandemia. “A isenção na taxa de ligação às redes terminou no ano passado, e isso teve um impacto muito grande nos custos com a eletricidade”, explicou.
Além disso, o administrador destacou um crescimento expressivo nos custos relacionados com os recursos humanos, que considerou um “investimento” e não um simples custo. “O maior aumento que tivemos foi no investimento em recursos humanos. O número de colaboradores aumentou, naturalmente, com os novos hotéis, mas estamos a falar de um crescimento acima dos 10% no investimento em salários e condições de trabalho”, revelou. Rebelo de Almeida reconheceu que o aumento da massa salarial superou o crescimento das receitas. “Crescemos mais em custos com salários do que em receitas, o que significa que o crescimento da margem não foi tão grande quanto o crescimento da receita, mas ainda assim, o lucro vai crescer”, concluiu.