O setor do turismo atravessa um período de grande dinamismo, com 2025 a revelar-se um ano decisivo, impulsionado por aquisições que poderão redefinir a indústria em Portugal e a nível mundial. À medida que o mercado se prepara para um novo ciclo de crescimento, torna-se fundamental acompanhar os movimentos estratégicos que, ao longo do ano, poderão redefinir as dinâmicas dos mais variados segmentos. Conheça cinco potenciais aquisições que poderão ter um grande impacto no setor do turismo em 2025.
2025 é o ano da privatização da TAP
O Governo garantiu que a privatização da TAP Air Portugal arrancará em 2025, com intenções de concluir o processo até ao final deste ano, de acordo com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz. O executivo visa vender 100% do capital, tentar reaver parte do dinheiro que o Estado injetou na recuperação da companhia e manter o ‘hub’ de Lisboa.
No final de outubro passado, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou que o Governo estava em diálogo preliminar com a Lufthansa, Air France-KLM e IAG – os três grupos aéreos que manifestaram interesse na aquisição da companhia portuguesa. No entanto, não se comprometeu com uma data para a privatização.
Segundo Miguel Pinto Luz, houve também “manifestações de interesse de outros fundos” na compra da TAP. “Foram vários, mais de uma dúzia, dentro e fora da Europa”.
Quanto às posições de participação na empresa que os interessados pretendem ficar, existem várias alternativas em cima da mesa. “Uns estão mais interessados num caminho para chegar a uma posição maioritária, outros estão disponíveis para começar numa posição minoritária, outros querem uma posição maioritária. Vamos fazer essa reflexão para encontrar a melhor solução”, garantiu o ministro das Infraestruturas e da Habitação.
No dia 7 de novembro, a Air France-KLM reiterou o interesse na privatização da TAP, após uma reunião “muito positiva” com o Governo. “Temos interesse em seguir esta oportunidade, assumindo que está dentro das nossas ambições estratégicas e que somos capazes de cumprir com o que o Governo português procura”, disse Benjamin Smith, presidente executivo do grupo.
Azores Airlines poderá ser adquirida pelo consórcio Newtour/MS Aviation
O concurso para a privatização da Azores Airlines mantém-se aberto, e 2025 poderá trazer novos desenvolvimentos. A administração da SATA encontra-se em negociações com o Newtour/MS Aviation, o único consórcio admitido no concurso da companhia aérea.
A informação foi avançada pelo presidente do Governo açoriano, José Manuel Bolieiro, no dia 9 de dezembro, em entrevista à RTP e Antena 1 dos Açores. O executivo sublinhou que o Governo dos Açores “não está envolvido em negociações algumas”. José Manuel Bolieiro disse “não ter noção” de quando estas deverão terminar, destacando que se trata de uma “responsabilidade do conselho de administração”.
“Primeira clarificação: nós queremos privatizar a Azores Airlines. Em segundo lugar, cumpriremos o que está estabelecido com a Comissão Europeia. Terceiro, o governo não se envolve em negociações porque essa é uma responsabilidade da administração da holding”, afirmou José Manuel Bolieiro, que confirmou ainda que o passivo da Azores Airlines será assumido pela região.
Ávoris aguarda luz verde para comprar DIT
A Ávoris Corporación Empresarial quer incorporar a DIT Gestión, o grupo de gestão com maior número de agências de viagens em Espanha. A Ávoris esperava obter a aprovação da autoridade de concorrência espanhola ainda em 2024, sobre a qual ainda não foram divulgadas novidades oficialmente. É expectável que novos desenvolvimentos sobre a aquisição surjam em 2025.
Atualmente, a Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) de Espanha está a analisar a documentação relativa à compra. Em novembro, o operador turístico confirmou à Europa Press que já foi feita pré-notificação à CNMC, que respondeu com pedidos de informações adicionais. A Ávoris afirmou que está a responder a estas solicitações com agilidade e manifestou a sua “confiança” de que a operação será aprovada antes do final de 2024.
Segundo informação avançada pelo jornal Preferente a 2 de janeiro, a decisão da CNMC terá sido adiada devido a uma sanção no valor de 324 mil euros imposta em 2016 aos grupos de gestão que constituíam a AGRUPA. A Unida, que fazia parte da associação espanhola e que integrou a DIT em 2021, poderá ter uma conta pendente, o que terá levado o regulador espanhol a solicitar informações adicionais ao grupo de gestão. Não obstante, no momento da aquisição da Unida, foi assinado um documento comprovativo de que o comprador – a DIT – estava isento de qualquer tipo de cobrança, acrescenta o Preferente.
Desde maio de 2023 que a Ávoris Corporación Empresarial e a DIT Gestión estão ligadas através de uma aliança estratégica. Este acordo permitiu à DIT aproveitar as vantagens que a Ávoris oferece às suas agências afiliadas, como tecnologia, informações de mercado, formação e melhor acesso a produtos de maioristas do operador turístico.
UE aprova aquisição da ITA Airways pela Lufthansa
A Comissão Europeia aprovou, no dia 29 de novembro, a compra da ITA Airways pela Lufthansa. Este acordo final, que contou também com o parecer do Governo italiano, prevê a aquisição de 41% do capital da companhia aérea italiana pela Lufthansa num primeiro momento e outros 49% numa fase posterior. Após a luz verde, deverão surgir atualizações sobre o negócio durante este ano.
No entanto, uma das exigências de Bruxelas foi a alienação de slots da ITA Airways, que passarão para a easyJet no caso da curta e média distância, assim como para a Air France-KLM e Grupo IAG no longo curso.
De acordo com a imprensa espanhola, a Lufthansa deverá adquirir 41% do capital da ITA Airways por 325 milhões de euros e, posteriormente, mais 49% da companhia por 325 milhões de euros.
Uber está de olho na Expedia para se tornar uma “superapp”
A Uber está a considerar adquirir a plataforma de viagens Expedia, avaliada em 20 mil milhões de dólares, que representaria a maior aquisição da empresa até ao momento. Este possível negócio é uma das movimentações estratégicas a acompanhar ao longo deste ano.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, a Uber tem abordado, nos últimos meses, consultores para avaliar a viabilidade da aquisição da Expedia. Salienta-se que o atual CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, desempenhou o mesmo cargo na Expedia de 2005 a 2017, permanecendo como diretor não executivo no conselho da empresa.
Nos últimos anos, a empresa tem expandido as suas operações para além do transporte de passageiros, tendo passado a incluir, mais recentemente, reservas de voos. Khosrowshahi afirma que quer tornar a Uber o principal canal para qualquer tipo de mobilidade ou serviço que os utilizadores procurem. A aquisição da Expedia teria como objetivo tornar a Uber uma “superapp”, à semelhança de plataformas multifuncionais desenvolvidas por grupos tecnológicos chineses como o WeChat.