A Les Roches apresentou a sua mais recente análise sobre as principais tendências da indústria hoteleira para 2024, que, de acordo com a universidade, caraterizam-se por uma “forte presença da tecnologia como motor de inovação”.
Para Carlos Díez de la Lastra, CEO da Les Roches, “2024 não assistirá apenas à evolução da hotelaria, como será uma grande transformação da forma como o setor se conecta com os seus hóspedes e com o resto do mundo”.
A tecnologia como eixo principal – Na nova era pós-Covid, as expetativas e prioridades dos clientes mudaram e estes optam agora por experiências totalmente personalizadas, sustentáveis e mais locais. E, por sua vez, estas novas exigências no setor da hotelaria são “impulsionadas pela tecnologia”, que é definida como a “espinha dorsal”.
Desde a automatização de serviços através de chatbots e Inteligência Artificial até aos hotéis que utilizam ferramentas de Sistemas de Gestão Empresarial (BMS) para gerir eficientemente os seus recursos, passando por robots que irão simplificar tarefas manuais como a limpeza ou o transporte de bagagens, estas são algumas das novas exigências no setor da hotelaria.
Dar prioridade à sustentabilidade – No último relatório da Booking.com, os viajantes já refletiam a sua preocupação em tornar o mundo um lugar mais verde: 79% dos viajantes afirmou que quer viajar de forma mais sustentável nos próximos 12 meses e 75% está a procurar empresas que ofereçam opções mais sustentáveis.
“Os turistas de hoje estão muito mais conscientes do impacto ambiental que as atividades relacionadas com o turismo têm vindo a gerar nos últimos anos”, explicou a Les Roches. Os hotéis estão a adotar energias renováveis, software centralizado e BMS para otimizar a eficiência operacional e reduzir a sua pegada ambiental. A implementação destes sistemas inteligentes contribui para a eficiência energética através do ar condicionado, da iluminação inteligente ou dos pontos de carregamento para veículos elétricos.
Mas a sustentabilidade não é apenas uma questão de otimizar a utilização dos recursos ambientais, mas também de ter em conta os aspetos económicos e socioculturais do ambiente. Aqui, por exemplo, entra em jogo o respeito pela comunidade anfitriã ou a criação de atividades que contribuam para o benefício de todos os intervenientes no turismo e para a redução da pobreza através da promoção do emprego local ou da compra de produtos locais. Desta forma, os hotéis alinham-se com os princípios de desenvolvimento sustentável da Organização Mundial do Turismo.
Hiperpersonalização para a diferenciação – Nos últimos anos, o setor assumiu o compromisso de personalizar ainda mais o serviço para um cliente premium. E esta hiperpersonalização, já exigida por 71% dos clientes, é conseguida através da utilização de ferramentas digitais como a inteligência artificial, o machine learning e a análise de big data. A adoção destes conceitos permite aos hotéis “antecipar e satisfazer proactivamente as necessidades dos hóspedes”, oferecendo experiências “altamente adaptadas aos seus gostos e hábitos”. Os principais fatores incluem a adaptação de estratégias de preços, programas de fidelização personalizados, recomendações de refeições com base em padrões de consumo e serviços adaptados ao seu histórico.
A implementação de serviços multicanal, como a utilização de dispositivos móveis e a faturação eletrónica, juntamente com a monitorização das redes sociais, alarga as opções para o desenvolvimento de uma comunicação sem descontinuidades.
Viagens com base na experiência com foco na saúde e no bem-estar – A tendência para uma abordagem holística está a consolidar-se e os viajantes procuram experiências locais autênticas, com uma forte preferência por atividades relacionadas com o bem-estar, o turismo ativo, a imersão na natureza e a gastronomia. Estes planos já estão a ultrapassar, em termos de interesse, as atividades convencionais relacionadas com o turismo, como a arte e a cultura. A importância de se adaptar a estas tendências emergentes está a tornar-se uma “necessidade imperativa e uma obrigação para os agentes hoteleiros”, uma vez que a dependência excessiva de produtos turísticos específicos pode ser ineficaz, afetando a sustentabilidade dos destinos.
Nesta procura de novas experiências, começam a ganhar terreno outros tipos de turismo mais ligados à saúde, como o turismo desportivo. Além disso, estas viagens experienciais devem ser garantidas desde o momento da reserva. Segundo um estudo da Forbes, os turistas com menos de 34 anos têm 130% mais probabilidade de reservar um hotel se puderem fazer uma visita virtual através do seu site. Este tipo de visitas virtuais adaptadas às novas exigências geram “confiança no viajante e aumentam a duração da estadia”.
Impacto e influência das redes sociais – As redes sociais continuam e reafirmam-se como uma “ferramenta essencial” para a indústria hoteleira, influenciando as decisões de viagem e transformando a interação com os clientes. As estratégias centram-se na inspiração através de plataformas como o Instagram ou o Tik Tok, influenciando as decisões de reserva e construindo credibilidade através de críticas autênticas baseadas nas experiências dos viajantes. O impacto das redes sociais é “evidente” na mudança de comportamento dos turistas, que consideram crucial a relação direta com as marcas.
As empresas de turismo utilizam ativamente as redes sociais para promover destinos, campanhas publicitárias e melhorar o serviço ao cliente, demonstrando a sua importância contínua na indústria da hospitalidade. Além disso, em nenhum caso podem ignorar as classificações e comentários recebidos e, em muitos casos, devem determinar se essas avaliações correspondem a experiências reais e tratá-las adequadamente, a fim de atrair o maior número de hóspedes.