Com o fim do ano à espreita, é altura de começar a pensar nas viagens do próximo ano. Por isso, com base em dados anónimos de viagens e em conversas entre pessoas anónimas e especialistas da Amadeus, a empresa revelou seis tendências que vão mexer no setor das viagens no próximo ano.
Passados quase dois anos após o início da pandemia, as viagens estão a voltar ao seu ritmo pré-pandémico. Com as vacinas e com os passaportes de vacinação digitais, as pessoas voltaram a planear viagens quer sejam num futuro próximo ou distante.
Os dados da Amadeus revelam que as reservas das viagens estão a aumentar e identificam que existem seis tendências que vão agitar o setor das viagens em 2022.
Saborear o agora
A velha expressão “a viagem de uma vida” nunca foi tão apropriada.
Forçados a ficar em casa durante vários meses, todos refletimos sobre o que era mais importante na nossa vida. Agora que o setor das viagens está cada vez mais a regressar ao normal, muitas pessoas querem realizar as viagens das suas vidas por não saberem o que o futuro lhes reserva.
Devido ao estudo realizado, a Amadeus revela que as pesquisas para a Tanzânia aumentaram 36%. Para Petra, na Jordânia, vê-se um aumento de pesquisa de 22%. Já o maior aumento de pesquisas feitas, quase 50%, é para as cidades peruanas Lima e Cusco, perto do Machu Picchu.
Com uma pesquisa feita no pico da pandemia, também a Unforgettable Travel aponta para “viagens de uma vida” sendo que uma das experiências que destaca é caminhar no Monte Evereste, no Nepal.
Com isto, conclui-se que as pessoas estão, cada vez mais, a dar prioridade às viagens dos seus sonhos, independentemente de serem perto do seu país de origem ou não.
“Friendcations”
Sorrisos, memórias, aventuras com amigos = impagável
Há muito tempo que sabemos a importância de manter uma vida social ativa e a pandemia veio reforçar isso. Durante a pandemia aplicações como o FaceTime, o WhatsApp, o Zoom e o Microsoft Teams ajudaram-nos a estar mais próximos dos nossos amigos ou familiares, no entanto nada disto substitui a presença física de alguém.
Por isso, uma das tendências para as viagens em 2022 são as viagens em grupo.
O Reino Unido viu um aumento muito grande nas reservas de viagens, para os feriados, por parte de grupos grandes logo após o alívio das restrições. A Big Cottages revelou que houve um aumento nas viagens de grupo, com mais de 20 pessoas, de 600%.
A Amadeus confirma essa tendência, devido à pesquisa que realizou. A procura por viagens para Cancun, no México, e Cartagena, na Colômbia, destinos muito populares para viagens em grupo, aumentou mais de 50%. Por sua vez, o Havaí teve um aumento muito semelhante ao do México e à Colômbia. A procura por voos para Las Vegas, por parte de grandes grupos, aumentou 61% e, na Europa, Barcelona e Ibiza também tiveram uma grande procura.
Ecoturismo Ativo
As ações falam mais do que as palavras; o foco mudou para as atividades baseadas no ecoturismo.
Os “wanderlusters”, pessoas que têm muita vontade de viajar, estão cada vez mais a tentar conciliar as suas preocupações com o meio ambiente com a vontade que têm de viajar.
Um estudo recente da Amadeus revela que dois terços dos viajantes consideram viagens sustentáveis uma prioridade e 37% dos entrevistados acham que a envolvência dos turistas na preservação dos destinos irá ajudar a que a indústria se torne cada vez mais sustentável.
Por isso, os operadores turísticos já perceberam essa vontade dos consumidores e promovem cada vez mais viagens em que o impacto negativo para o meio ambiente é muito pouco. Com o intuito de ajudar as empresas de viagens a medir o seu impacto ambiental foi criado o B. Journeys, que também ajuda as empresas a ganhar o certificado BCorp.
Na África do Sul, o Mantis Group oferece programas de ecoturismo como, por exemplo, a oportunidade de apoiar os esforços de conservação dos rinocerontes na Tanzânia. Também a Habitat for Humanity desenvolveu programas no âmbito do ecoturismo como viagens onde se constroem e reconstroem aldeias em todo o mundo. Já a Global Citizens Network colabora com a reserva indígena White Earth, no Minnesota.
Todas estas ações, por partes de algumas empresas turistas, ajudam os viajantes a fazer coisas produtivas nas suas férias como trabalhar para reconstruir comunidades ou priorizar o turismo comunitário para garantir que os gastos que têm vão para as pessoas locais.
Tanto nos Estados Unidos como na Europa já se nota a escolha de destinos em que o meio ambiente é uma preocupação. A partir da Europa, as viagens para a Islândia, que é um país neutro em carbono, aumentaram 11%. Já as viagens a partir dos Estados Unidos para a Costa Rica, que é considerado um paraíso ecológico, aumentou 234%.
Viagens em negócios estão prontas para descolar
A forma como trabalhamos mudou, tal como as viagens de negócios.
O confinamento causado pela pandemia levou a que grande parte da população passasse a trabalhar a partir de casa. contudo a produtividade dos trabalhadores não piorou, por isso quase 40% dos trabalhadores nos Estados Unidos podem trabalhar a partir de qualquer parte do mundo.
Trabalhar a partir de casa faz com que a vontade de ter reuniões presenciais seja maior. Segundo o estudo feito pela Amadeus, as viagens de negócios fazem cada vez mais sentido, cerca de 72% das pessoas que viajam em negócios estão ansiosos para as viagens do próximo ano e metade das pessoas inquiridas assumem que ainda vão ter viagens de negócios este ano.
Com a tendência das viagens de negócios, os empregadores estão a rever as suas políticas de viagens e a procurar formas de tornar as viagens menos stressantes e mais eficientes.
Wanderlust Streaming
From Rome to Roman Holiday; os consumidores vão encontrar a sua “musa” de viagens em lugares inesperados.
Nos últimos dois anos, fomos impossibilitados de sair de casa, por isso a televisão, os serviços de streaming e o YouTube ganharam um peso ainda mais importante na nossa vida. Em 2020, os britânicos passaram um terço do seu tempo a ver televisão ou vídeos online.
Estes dados são tão importantes que a Organização Mundial do Turismo e a Netflix publicaram recentemente um relatório que analisa o papel que os filmes e as séries têm na escolha de destinos turísticos, por exemplo, a cidade de Porthgwarra, na Cornualha, Inglaterra, recebeu mais 50% de turistas devido ao programa de televisão “Poldark”.
Esta não é uma nova tendência, pois há pessoas que planeavam ir a Roma desde o “Roman Holiday” que saiu em 1993. Atualmente, graças aos smart speakers, como a siri, a Alexa, entre outros, e aos anúncios personalizados que aparecem nos nossos telemóveis ou computadores, as agências de viagem podem tornar realidade as nossas fantasias de viagens inspiradas em Hollywood.
Por exemplo, a Alexa pode reconhecer um filme ou uma série que foi vista recentemente e, com base nisso, sugerir locais de viagens nos sítios onde os filmes, ou séries, foram filmados. O Quo Vadis Travel já está a usar a Alexa para desenvolver uma tecnologia ativada por voz que permite aos clientes pesquisarem e reservarem viagens.
Futurista e rápido
Basta de viagens longas; mais tempo para explorar o mundo.
Em outubro de 2020, a Virgin Hyperloop fez o seu primeiro teste de passageiros num hyperloop no Deserto de Tule, em Nevada. Este teste enviou duas pessoas numa pista de 500 metros em 15 segundos, atingindo os 172 km/h. A velocidade do teste foi limitada devido ao comprimento da pista, mas a empresa planeia chegar a velocidades até 1000 km/h.
Além da Virgin Hyperloop, também a Zeleros Hyperloop, com sede em Valência, tem uma parceria com a Siemens para fazer um hyperloop.
O cofundador e CEO da Virgin Hyperloop, Josh Giesgel, prevê que as operações comerciais deste aparelho começam em 2027.
Enquanto isto, a United Airlines está a trabalhar na sua própria revolução dos transportes. A empresa anunciou recentemente que planeia comprar 15 aviões supersónicos e “retomar velocidades supersónicas na aviação” antes do final da década.
Porém, se prefere viagens mais lentas, a Space Perpective, com sede na Flórida, anunciou o lançamento de um balão espacial, o Neptune One, que está previsto começar a voar em 2024 a apenas 19 km/h.