O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Bernardo Trindade, destaca a importância do novo Aeroporto de Lisboa como um dos principais fatores para o futuro do turismo em Portugal. Em entrevista, Bernardo Trindade, que se recandidatará às eleições da AHP em abril, defende também uma abordagem mais responsável e comunicativa em relação às taxas turísticas, visando aumentar a confiança tanto dos turistas quanto da população local. Além disso, aborda os principais desafios do setor hoteleiro, como o crescimento sustentável da hotelaria e a privatização da TAP.
Defende que um dos maiores desafios da hotelaria, neste momento, é garantir um crescimento equilibrado e sustentável. Como é que esse equilíbrio pode ser alcançado no setor hoteleiro, tendo em conta que o turismo cresce ano após ano, mas também se depara com desafios, nomeadamente nas grandes cidades?
Esse é um dos propósitos da minha continuidade na AHP: garantir que podemos construir, com os parceiros que não são do setor, um debate cada vez mais rico e mais construtivo. Não vamos reinventar a roda. Francisco Calheiros tem uma expressão corretíssima que acompanho: o problema não é mais turismo, o problema é menos economia. Os números estão aqui e são evidentes. Fechámos 2024 com um crescimento de 8,8% nas receitas, que compara com uma economia que cresce menos de 2%. E, portanto, o que temos de fazer? Por um lado, assegurar esta continuidade, que é uma continuidade em que o nosso cliente estrangeiro e nacional reconhece o trabalho que foi feito. Por outro lado, olharmos com responsabilidade para as novas dinâmicas nos espaços mais concentrados, e aqui entram as grandes cidades de Lisboa e Porto. É um tema de densificação. Mas esse, para mim, não é um tema acabado. É sempre muito interessante discutir o que se passa em Lisboa, nomeadamente nas freguesias de Santa Maria Maior, da Misericórdia — leia-se Bairro Alto, Baixa, Chiado, Alfama. É muito importante e temos que encontrar respostas a este nível, mas também temos de perceber que há uma outra Lisboa, uma Lisboa de freguesias na periferia, que gostariam de ter e sentir os efeitos do turismo.
Portanto, temos de olhar para a densificação com responsabilidade, com as autoridades a tratar de temas tão importantes como a questão da higiene urbana, da sinalética, da iluminação para garantir a segurança, do trânsito, da mobilidade, nos espaços de maior densificação. Mas, por outro lado, temos de olhar para outros espaços nas grandes cidades que ainda não sentiram o efeito do turismo. E aqui entra o tema do ovo e da galinha: o que vem primeiro? Muitas vezes, há iniciativas nas freguesias de menor densidade que precisam ser feitas para suscitar o interesse dos empreendedores. Por exemplo, em São Domingos de Benfica, as reuniões que temos feito com as juntas e na presença dos nossos associados têm revelado duas coisas importantes. Por um lado, o grau de excelência da preparação dos nossos associados, que apontam problemas muito concretos, com abordagens e propostas de soluções. E, por outro lado, os poderes públicos locais também estão muito disponíveis para acolher estas iniciativas. Portanto, este é claramente um tema que temos de acompanhar no futuro.
Que leitura faz do grande número de hotéis que estão para abrir em Lisboa e no Porto? Como é que devemos olhar para estes números? Com preocupação?
Em primeiro lugar, estamos a falar de economia e da confiança para investir. Isso é bom, isso é positivo. Significa que, à escala global, reconhecem em Portugal esse interesse. Depois, é preciso também, de forma fria e responsável, saber se todas estas intenções se vão concretizar. Há investimentos um pouco por todo o país. Portanto, em zonas de menor densidade, em zonas onde a hotelaria ainda não chegou, é bom que cheguem. Aliás, basta perguntarem a qualquer presidente de Câmara se não gostavam de ter um hotel de qualidade no seu concelho. A resposta é, posso assegurar, 100% positiva.
“não quero regressar ao passado, mas, tenho que dizer que o setor de turismo foi muito assertivo relativamente à sua opção para o aeroporto. A opção dual pelo Montijo não só estaria pronta hoje, como também seria muito mais barata e teria muito menos implicações do que as que se prevEem para Alcochete”
Imaginando que estes hotéis — ou grande parte deles — vão abrir, do ponto de vista dos hotéis já instalados, é legítimo questionar se existirá procura para todos? Ainda para mais, tendo em conta a questão do crescimento das acessibilidades.
É uma excelente reflexão. Por exemplo, Lisboa está hoje fortemente condicionada em termos de mobilidade, porque o aeroporto de Lisboa não tem slots disponíveis para responder a este acréscimo de procura. São as próprias companhias aéreas, que hoje, em função também da sua capacidade — leia-se aviões maiores —, estão a transportar mais pessoas e, dessa forma, mitigando a ausência de slots.
Tivemos uma decisão relativamente ao novo aeroporto. Devo dizer que, há uns dias, estivemos reunidos com a ANA Aeroportos, que apresentou ao setor o novo aeroporto e as suas implicações, e ficámos preocupados pelo grau de exigência que vai ser colocado na infraestrutura de Alcochete. Não só pela construção do aeroporto, mas também pela questão das infraestruturas e das necessidades. Este é um projeto de uma enorme dimensão, que tenho dúvidas que possa efetivamente ser concretizado. A decisão política está tomada, mas é só o início de um processo que é longo. Portanto, para podermos responder objetivamente a um acréscimo de procura por parte de quem nos observa, vamos ter, em primeiro lugar, de olhar para aquilo que temos. E a melhoria das infraestruturas no Aeroporto Humberto Delgado, com uma melhor qualidade de serviço entregue e com uma gestão muito detalhada, vai ser, de facto, um gigantesco desafio para o qual todos temos que estar muito disponíveis para participar. Mas não nos iludamos: temos um tema. Não quero regressar ao passado, mas, em consciência, tenho que dizer que o setor de turismo foi muito assertivo relativamente à sua opção para o aeroporto. A opção dual pelo Montijo não só estaria pronta hoje, como também seria muito mais barata e teria muito menos implicações do que as que se preveem para Alcochete.
Portanto, o que podemos depreender das suas palavras é que o seu grau de confiança nesta solução de Alcochete é muito baixo?
Eu não tenho poderes de profecia, nem quero tê-los, mas não escondo a minha preocupação. O nosso setor é favorável ao aumento do número de turistas, ao aumento da imigração, reforçando a nossa capacidade de trabalho, à construção de um novo aeroporto, à abertura do capital da nossa companhia aérea. Sobretudo, são soluções que, de forma responsável, reforçam a importância deste setor.
Taxas turísticas
A AHP tem expressado preocupação com o aumento das taxas turísticas em Portugal. Já defendeu que “a banalização das taxas turísticas é um sinal errado” e que não se discute suficientemente a finalidade dessas taxas. Pode explicar um pouco mais sobre essa posição e o impacto que isso tem no setor hoteleiro?
Em primeiro lugar, essa é uma decisão soberana municipal. A AHP não participa nela, não vota. A AHP debate e está disponível para participar neste debate, mas com a consciência de que não participa eleitoralmente, ou seja, são as Assembleias Municipais que decidem. Quando falamos da questão da taxa turística, temos a consciência do trabalho que fazemos. Vou dar um pequeníssimo exemplo que está muito presente na vida dos nossos associados. Quando falamos de higiene urbana, fazemos o tratamento dos lixos. Entregamos a quem faz a recolha dos lixos, não deixamos sacos de lixo à porta dos estabelecimentos. Não fazemos isso e somos respeitados por isso. E isso é muito importante.
Quanto à questão da banalização das taxas, tem a ver, sinceramente, com a vocação turística dos municípios portugueses. Nem todos eles têm vocação turística. Olhando para o exemplo de Lisboa, a cidade decidiu, de forma unilateral, aumentar a taxa turística de 2 para 4 euros, sem explicar onde será aplicada essa taxa, sabendo que a pegada turística não foi de 100%. O aumento da pegada, segundo os dados da Câmara Municipal de Lisboa, foi de apenas 9%. Chamamos a atenção para isto, até porque temos um crédito junto da Câmara. A Câmara comprometeu-se connosco – não este executivo, mas o anterior – a construir um centro de congressos na cidade. E não foi feito. E a cobrança foi feita. E continuamos a cobrar a taxa turística todos os dias e entregá-la à Câmara.
Também mencionou que é essencial comunicar melhor à população o quanto o turismo contribui para a economia e sugeriu que parte das receitas das taxas turísticas sejam investidas em comunicação.
Vou dar uma novidade que resulta das audiências com as juntas de freguesia. O que temos apresentado como proposta é que cada investimento feito no âmbito da higiene urbana, cujo financiamento seja a taxa turística, deve ser comunicado. As pessoas têm que saber. Os fregueses têm que saber que aquele equipamento de lixo, qualquer infraestrutura ou manifestação que tenha sido paga pela taxa turística deve ter um selo indicando: “Este investimento foi financiado pela taxa turística”. Porque isso, de alguma maneira, é pedagógico e traz conhecimento às pessoas. Assim, o turista, a pessoa que optou por fazer uma viagem de lazer ou de trabalho em Lisboa ou noutro lugar qualquer, sabe que está a contribuir para a melhoria dos espaços. E essa informação falta. Repetiremos isso à exaustão, porque é fundamental. Equilibra os poderes, reequilibra as opiniões e traz informação. Vivemos num mundo profundamente polarizado e muito desinformado. Precisamos de informar, e isso é um aspecto simbólico, mas de grande importância.
“Se as pessoas começarem a perceber que alguns investimentos na cidade foram financiados pela taxa turística, vão pensar que o turismo é importante e e traz atividade económica”
Isso permitiria que os residentes, alguns deles com uma percepção negativa sobre o turismo, mudassem essa percepção?
Acho que sim. É um princípio muito importante. Se as pessoas começarem a perceber que alguns investimentos na cidade foram financiados pela taxa turística, vão pensar que o turismo é importante e traz atividade económica.
O Governo atual está a completar um ano de mandato. Como avalia as suas ações, especialmente no que diz respeito à redução de impostos para trabalhadores e empresas?
Uma coisa é, por exemplo, o reforço dos prémios de produtividade, isentando de tributos como uma forma de participação e de redução da carga tributária. Do ponto de vista de desenho, está corretíssimo. O tema é sempre a própria regulamentação. Ou seja, posso ter o Orçamento de Estado como instrumento, mas é importante que as portarias que documentam e permitem a implementação dessas medidas entrem rapidamente em vigor. E isso tem faltado. A execução dessas medidas tem sido um bocadinho mais tardia. Continuaremos, no fundo, empenhados para que essas medidas possam entrar em vigor rapidamente, a bem das empresas, dos trabalhadores e da força de trabalho.
Quanto ao apoio ao emprego no setor hoteleiro, o Programa Integrar para o Turismo, que visa promover a formação no setor para imigrantes, foi uma das medidas do Governo. Este responde realmente às necessidades dos hoteleiros?
É outra vez um bom princípio. O ponto de partida era uma situação muito difícil: a ausência de resposta do Estado na sua responsabilidade de autorizar os pedidos de residência. Esse olhar simbólico do Governo, através do Turismo de Portugal e da AIMA, relativamente à integração dos primeiros mil migrantes, é muito positivo, e participamos ativamente nisso, dando sugestões sobre a forma e implementação. Há temas de grande complexidade. Por exemplo, as empresas não têm problema nenhum em assumir a sua parte na formação dos migrantes. O que não posso ter como ponto de partida, por exemplo, é tratar as empresas como responsáveis pela habitação. Isso é claramente uma responsabilidade do Estado, embora possa haver alguma evolução nesse sentido. Portanto, somos favoráveis a essa medida, mas é essencial que todos os timings de implementação sejam cumpridos. Essa é a nossa expectativa.
Muitos associados da AHP recorreram a este programa?
Sim, muitos associados. O que acontece, mais uma vez, é a identificação dos requisitos de acesso e daquilo com que nos podemos comprometer. Ou seja, há coisas com que muito facilmente nos comprometemos, há outras que são obviamente mais difíceis.
Quando se começou a debater o problema da falta de recursos humanos, falava-se muito sobre aquilo que a hotelaria pagava. Hoje já não é tanto um problema de remuneração; existem outros problemas, nomeadamente a habitação, que dificultavam a retenção dos recursos humanos. Qual é a sua leitura sobre isso?
Está certo. Julgo que está a avaliar bem, neste sentido: hoje, o setor da hotelaria é quem, de forma quase permanente, paga melhor os seus colaboradores. O setor tem acompanhado as tendências e, quando olhamos para os grandes números, verificamos que estamos a pagar acima da média de crescimento da restante economia. A economia em geral pagava melhor do que o setor do turismo, mas temos vindo a aproximar, e isso é muito bom, porque permite atrair pessoas para o nosso setor.
É evidente que o pós-pandemia trouxe desafios muito importantes no quadro da organização de trabalho. As pessoas começaram a olhar para outros temas que não só a remuneração, como os tempos livres, as distâncias entre a habitação e o local de trabalho, e a existência da própria habitação. E este é claramente um tema que ultrapassa o setor do turismo. Temos associados que hoje têm condições para oferecer habitação aos seus trabalhadores, mas uma grande maioria não tem essa capacidade. Portanto, há uma responsabilidade pública que deve ser assumida. Vejo como positiva a alteração da lei dos solos, ou seja, a possibilidade de dar uma vocação urbana a espaços que eram rurais. Isso é positivo porque, de alguma maneira, responde a essa necessidade. No fim do dia, temos esta consciência: a atividade turística e a atividade hoteleira são não só intensivas em mão de obra, mas também uma indústria de serviços. Portanto, a qualidade do serviço também tem muito a ver com o estado anímico de quem trabalha. Se as pessoas estiverem motivadas porque ganham melhor, têm a questão da habitação resolvida, e os seus skills profissionais e linguísticos tendencialmente resolvidos, isso é bom.
Para concluir este tema dos recursos humanos, queria perguntar-lhe se, também pela perceção da associação e dos seus associados, está mais fácil encontrar e reter talento?
Isso é um tema muito dinâmico e não há uma resposta simples. Se me perguntar, em relação à Covid, melhorou? Em relação ao tempo da Covid, melhorou indiscutivelmente. Portugal está a atravessar uma revolução demográfica significativa. Nós éramos 10 milhões, hoje somos mais de 11 milhões. E somos mais de 11 milhões porque trouxemos, adicionalmente, mais de um milhão de pessoas para viver e trabalhar em Portugal. Isso é bom para a indústria do turismo. Agora, obviamente, não é um fim em si mesmo. Temos que continuar esse trabalho. Como comunidades de acolhimento, temos que pensar que o nosso futuro coletivo será construído com essas pessoas. E, portanto, temos que não só acolhê-las, como também perceber o grau de pressão sobre os serviços públicos, em áreas como a saúde e a habitação. Esses são desafios que temos para o futuro e que precisamos de acompanhar.
Perceção de segurança em Portugal
Tem existido um debate sobre a perceção de segurança em Portugal. Qual é a visão da hotelaria sobre este tema?
Portugal é um dos países mais seguros do mundo. É seguro vir a Portugal. Agora, como lhe digo, para nós, esse debate é pouco importante. As autoridades dizem que a criminalidade diminuiu. A Câmara de Lisboa tem uma visão contrária. O que é importante para nós é que, sobretudo, reforcemos a perceção de segurança. A questão do número de agentes, a questão das esquadras encerradas, a questão da CCTV (câmaras de videovigilância) nas ruas, é um tema que tem que ser olhado muito a sério pelo Governo. Estamos disponíveis para, por exemplo, na questão das câmaras de videovigilância dar o nosso parecer favorável em Lisboa ao cofinanciamento por parte da taxa turística. Isso parece-me um bom equilíbrio. Aliás, já o manifestámos. O que é importante é reforçar esta convicção: ninguém, à escala global, sai de casa para ser maltratado, para ser assaltado, ou ser vítima de qualquer ação violenta. Temos que fazer a nossa parte. O país tem que fazer a sua parte. Os poderes públicos têm que fazer a sua parte. Agora, não contam connosco para transmitir qualquer perceção de insegurança quando ela nem sequer está confirmada e, em segundo lugar, porque penaliza a nossa atividade.
Impacto de mudanças políticas nos EUA sobre o turismo
Numa altura em que o mercado americano se consolida em Portugal, há uma mudança de presidência nos Estados Unidos, com as consequências que isso terá a nível político e de medidas. Considera que isso não terá nenhum impacto nas viagens dos americanos?
Temos dois conflitos à escala global e conflitos globais não são bons para o turismo. O turismo é a indústria da paz, o turismo é a indústria do acolhimento, portanto, temas de instabilidade não são bons para o turismo. É essencial que esses temas sejam resolvidos, e se puderem ser resolvidos, melhor ainda. Isso seria muito bom para o turismo, é muito bom para a humanidade. Estamos a atravessar momentos de grande debate à escala global. É um mundo polarizado, em que, muitas vezes, o direito internacional é desrespeitado. Todos temos que caminhar. A Europa tem que se consolidar como um grande espaço político e económico de afirmação, contrapondo-se com a Rússia, o Oriente, a China, a Índia e os Estados Unidos. Esse é um trabalho que temos que fazer. Mas há algo muito importante aqui: nós exportamos serviços, não colocamos barreiras, nem taxas, nem limitações para que os turistas venham a Portugal. E isso é muito positivo. Quem desejar vir a Portugal, independentemente de quem seja o presidente ou o Governo em qualquer parte do mundo, é bem-vindo.
“O grande concorrente de 2025 será, sem dúvida, os anos anteriores, nomeadamente 2024”
Quais são as suas expectativas para o futuro imediato do setor?
Com uma trajetória tão boa nos últimos anos, com números tão significativos em termos de evolução, o grande concorrente de 2025 será, sem dúvida, os anos anteriores, nomeadamente 2024. O que sentimos é, de facto, um interesse crescente por parte dos nossos clientes, mas temos a convicção de que não será possível manter os níveis de crescimento a que assistimos. Esta chamada de atenção é importante para quê? Para traduzir alguma serenidade e realismo, e também para refletir sobre a evolução dos custos dos fatores de produção, seja o fator trabalho, o fator capital, ou os custos com os nossos fornecedores. Portanto, temos um otimismo, mas com realismo.
O início do processo de privatização da TAP está para breve, mas ainda não conhecemos o caderno de encargos. O que é que deve ser acautelado neste processo de privatização?
Em primeiro lugar, a manutenção do hub em Lisboa é essencial. A TAP desempenha um papel absolutamente instrumental no transporte de passageiros para Portugal. Um dos grandes objetivos é alargar, por exemplo, a regiões como o Porto e o Algarve, para que possam ser reforçadas em termos de ligações com a TAP. Mas, acima de tudo, a manutenção do hub em Lisboa é algo que precisa de ser mantido, assim como é fundamental manter o respeito pela nossa dimensão desconcentrada, sejam as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, seja a nossa diáspora. Isso faz-se com a manutenção estratégica do core da atividade da TAP em Portugal.
Por outro lado, há um ponto muito importante: o balanço da TAP é muito dependente de necessidades de capital. E essas necessidades de capital não precisam de ser necessariamente públicas. É por isso que estamos disponíveis para apoiar a abertura do capital da TAP. Uma abertura que, além de trazer robustez financeira, permita à TAP expandir as suas capacidades de ligação com outros mercados e outras dimensões onde está menos presente. Esse expertise pode ser adquirido integrando-se num grande grupo.
Entre os principais candidatos à privatização estão a Lufthansa, IAG e Air France/KLM. Qual deles considera ser o melhor candidato para o futuro da TAP e porquê?
Acho que todos eles são bons. Realisticamente, cada um tem pontos fortes em determinados mercados, e, portanto, o mais importante nesta fase é perceber o interesse que esses grupos têm pela TAP. Para aqueles que, há menos de cinco anos, diabolizavam o papel da TAP, e que se queriam ver livres da companhia a qualquer custo, hoje a percepção é outra. Felizmente, com mais informação e com a prova evidente de que a TAP é fundamental para o país, esse interesse dos grupos é a maior demonstração da sua importância.