Com o seu mandato à frente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) a chegar ao fim, Bernardo Trindade, atual presidente da AHP, anuncia a sua recandidatura à liderança da associação nas eleições de 21 de abril. Em entrevista, faz um balanço dos últimos três anos de trabalho e reflete sobre os 12 anos de vida associativa, destacando as principais conquistas e desafios. Bernardo Trindade revela as suas prioridades para um segundo mandato, como a paridade de género na direção e o fortalecimento das representações regionais.
O seu mandato à frente da AHP está a chegar ao fim. Que balanço faz deste período? Quais foram as principais prioridades e iniciativas que destacaria?
Não só completo três anos como presidente da AHP, como também completo 12 anos de vida associativa. É quase um propósito de vida. Gosto muito do que faço. Representamos um setor muito dinâmico, que cresce permanentemente acima da economia. Para se ter uma ideia, há 12 anos, quando iniciei funções nos órgãos sociais da AHP, a AHP tinha cerca de 445 associados. Hoje, tem mais de 950. É um crescimento de 114%, enquanto a evolução no Registo Nacional dos Empreendimentos Turísticos foi de apenas 46% nesse mesmo período. E, portanto, algum trabalho bom foi feito, sendo importante perceber que os empresários não só tiveram a responsabilidade de investir em Portugal, como também tiveram a capacidade de reconhecer na AHP alguma utilidade. Há três anos, candidatamo-nos com o lema “AHP em todo o país” e queremos continuar esse trabalho. É por isso que andamos um pouco por todo o país. Muito recentemente, tivemos em Fátima, no Algarve, nos Açores e no Porto. Ou seja, com esta lógica de crescer, mas crescer em todo o país, e envolver-nos nas questões que se passam por todo o território. O país é relativamente pequeno em área, mas muito diverso em termos das suas prioridades.
“Há três anos, candidatamo-nos com o lema “AHP em todo o país” e queremos continuar esse trabalho”
Vai recandidatar-se?
Vou recandidatar-me, sim, em função de uma auscultação que tive a oportunidade de fazer junto dos órgãos sociais da AHP. Não sou eu, é uma equipa. Uma equipa muito representativa do setor. O que procuramos fazer é aprofundar as ações e os resultados alcançados nos últimos 12 anos. Não só neste mandato em que presidi a AHP, mas também nos mandatos anteriores, em que acompanhei o Raul Martins e o Luís Veiga, com quem tive muito gosto em aprender, em partilhar e em perceber o que é realmente importante para a nossa associação.
É uma recandidatura de continuidade. Isso quer dizer que os órgãos sociais serão os mesmos?
Vamos procurar fazer duas coisas importantes: uma delas é assegurar a paridade de género na direção. É um tema recorrente, mas que precisa de consagração, além das palavras. Estamos ainda a fazer os contactos e a preparar tudo o que é necessário para a eleição, mas esse é um objetivo que temos presente na direção da AHP.
Depois, há outro aspecto importante, que surge na sequência do lema “AHP em todo o país”, que é reforçar as representações regionais. Começámos com sete representantes, o equivalente às cinco NUTs do continente e as duas Regiões Autónomas, Madeira e Açores. Julgamos que é pouco. Ou seja, se para o Algarve é suficiente um representante, se para Lisboa também, para o Porto e Norte, para a região Centro e para o Alentejo não é. Porquê? Porque a diversidade é muito grande. A Região Centro, por exemplo, tem 100 municípios. Uma região que vai de Fátima até Aveiro, passando pela Serra da Estrela. São realidades completamente diferentes e, por isso, temos que ter um representante para cada uma dessas realidades. O mesmo vale para o Porto e Norte. Ou seja, a cidade do Porto é diferente de Trás-os-Montes e do Minho e, portanto, também precisamos dessa consagração. No Alentejo, o Alentejo Litoral, com as suas dinâmicas muito associadas ao fenómeno da Comporta, é diferente da realidade de Évora, Beja ou Portalegre.
Esses dois aspectos são fundamentais: a questão da paridade de género na direção e o aumento das representações regionais para garantir uma maior proximidade com os nossos associados.
“Vamos procurar assegurar a paridade de género na direção. É um tema recorrente, mas que precisa de consagração, além das palavras”
As eleições já estão marcadas?
As eleições estão marcadas para o dia 21 de abril, o que coincide com os três anos de mandato.
Caso ganhe as eleições, quais serão as suas prioridades?
Reforçar a presença da AHP em todo o país, aumentar o número de associados, participar em todas as iniciativas relacionadas com o setor do turismo e da hotelaria, e, internamente, proporcionar condições aos nossos associados, como o acesso a serviços e a formação.
A AHP será reconhecida como entidade certificadora. Vamos poder construir soluções de formação, tanto personalizadas como formações gerais. Queremos mobilizar os nossos associados a participarem também numa iniciativa tão importante como o HOSPES, hoje redenominado HEART, que já conta com cerca de 360 hotéis a participar. Entendemos que isso é pouco, considerando uma lógica de solidariedade e sustentabilidade. Estamos a aumentar o número de hotéis, queremos mais IPSS envolvidas. Atualmente, temos mais de 170 IPSS, e há um trabalho de relação com a comunidade que precisamos fazer.
É também mandatório o processo de afirmação do setor do turismo. Essas associações e IPSS, que servem tantas pessoas necessitadas, devem ter um papel mais ativo no setor. O turismo é, de certa forma, o setor da solidariedade. Isso é muito importante, assim como outro aspecto que tem sido crescente, resultado da reorganização interna da AHP: fazer com que os associados participem mais nos inquéritos, nos webinars. Porquê? Porque essa participação traduz melhor a informação que oferecemos à comunicação social.

“O congresso é bianual e, no próximo ano, vai decorrer no Porto”
O congresso da AHP vai manter-se bianual?
O congresso é bianual e, no próximo ano, vai decorrer no Porto. O congresso é bianual para dar espaço ao Connect Hospitality Marketplace by AHP, que este ano vai decorrer a 3 de abril. Este evento é uma forma de aproximar associados e parceiros. Hoje, a vida associativa faz-se muito para além da relação com os associados. Queremos criar as condições de confiança para que os nossos associados tenham acesso à melhor informação e aos melhores serviços, mas também se faz com a relação com os nossos parceiros. E é por isso que este marketplace assume para nós um papel muito importante. Foi algo que marcou muito este mandato, e queremos mais. Queremos mais associados a participar, queremos mais parceiros a vender serviços, porque a vida associativa também se faz disso, dessa participação.