Durante o verão, o TNews conversa com agentes de viagens de norte a sul do país, em entrevistas informais que revelam o outro lado da época alta. Histórias curiosas, pedidos insólitos e tendências do setor — tudo contado por quem vive o verão no centro da ação, na nova rubrica “Agentes em Época Alta”.
À conversa com Susana Amaral | Suricata Viagens
Qual foi a viagem mais inusitada que já vendeu?
Há vários pedidos que pela sua originalidade são inusitados. O mais recente foi o de uma cliente que viaja anualmente com os seus netos para Benidorm. Este ano, eles pediram à avó para ir de férias para o Mussulo, para participarem nas festas, tentando convencê-la de que “é em Espanha, por isso é perto”.
A senhora – que é um amor e faz tudo pelos netos – ligou-me a perguntar se a viagem era cara e se dava para ir de autocarro. Expliquei-lhe que o Mussulo fica em Angola e que este pedido era fruto de influências musicais da atualidade. No final, rimos bastante e, neste momento, estão de férias em Benidorm.
E a pergunta mais estranha que já ouviu de um cliente?
Tive um rapaz que, no Natal, queria visitar a família na Ilha da Boavista. Contudo, ele tinha perdido o passaporte numa mudança de casa e perguntou-me se podia viajar com o passaporte do irmão.
Também já me perguntaram se em Djerba vendiam chinelos.
Que destino recomenda de olhos fechados — e porquê?
Cuba, sem dúvida. Apesar do embargo económico a que estão sujeitos, o povo cubano demonstra uma resiliência digna de ser notada e uma capacidade de inovação mesmo com recursos limitados. E, acima de tudo, sempre com um sorriso na cara.
A ilha mantém um charme especial, com cidades e monumentos históricos (reconhecidos como Património Mundial pela UNESCO), praias paradisíacas e uma cultura que muitos visitantes dizem ser uma das mais autênticas e acolhedoras do Caribe. Costumo dizer que Cuba tem um mar único, dos que deixam saudades e vontade de voltar. Aproveito para desmitificar a ideia de que em Cuba se passa fome, como se ouve muitas vezes dizer quando falamos deste destino. Não existe a variedade de alimentos como encontramos na República Dominicana, mas ‘passar fome’ é um termo que devemos ter muito respeito quando o pronunciamos.
Há alguma tendência no setor que lhe desperte particular entusiasmo?
Tenho muito interesse pelo turismo sustentável porque acredito que é a melhor forma de viajar respeitando o meio ambiente. É importante promover a economia local, incentivando a compra de produtos feitos por moradores, acabando com a massificação de áreas protegidas e reduzindo o uso de plásticos descartáveis. Sou contra atividades turísticas que envolvam abuso de recursos naturais e culturais, situações em que os moradores locais são extorquidos e prejudicados e atividades em que os animais são explorados.
Quando chega a sua vez de viajar, como escolhe os seus próprios destinos de férias?
Eu sou uma rendida aos regimes tudo incluído e se gostar de um destino volto a repetir. Mas mesmo em regime de tudo incluido, não sou pessoa de ficar no resort todos os dias – tenho sempre de preencher a semana com excursões, atividades ou visitas à cidade. Faço sempre questão de conhecer a cultura local e de preferência ir a sítios menos turísticos. Estudo as principais carências no destino e tento sempre adicionar uma componente solidária. E incentivo os clientes a fazer o mesmo: há sempre um espacinho na nossa mala para levar algo a quem necessite.
Nota de editor
Se é agente de viagens e quer participar na rubrica “Agentes em Época Alta”, envie o seu contributo respondendo a estas cinco perguntas para cmonteiro@tnews.pt.






