O diretor executivo da Boeing afirma que a empresa assume a responsabilidade pelo incidente do 737 MAX da Alaska Airlines, comprometendo-se com total transparência na investigação e reconhecendo os seus erros num incidente que até agora levou à suspensão para inspeção de mais de 170 aviões.
A Junta Nacional de Segurança no Transporte dos Estados Unidos sugere que o incidente ocorreu devido a um parafuso inadequado na porta, indicando um potencial problema no processo de montagem da Boeing. Enquanto isso, as companhias aéreas Alaska e United descobriram mais parafusos soltos em vários dos seus aviões MAX 9.
Durante uma reunião de segurança com os funcionários na fábrica de Renton, Washington, o CEO da Boeing afirmou que a empresa vai abordar a situação “reconhecendo, em primeiro lugar, o nosso erro”, conforme noticiado pelo Simple Flying.
O incidente ocorrido na sexta-feira no voo 1282 da Alaska Airlines abalou ainda mais a confiança no 737 MAX, já abalada pelos acidentes fatais em 2018 e 2019, bem como por outros problemas de produção.
“Vamos abordar esta questão com 100% de transparência em cada passo do caminho”, acrescentou. A empresa foi criticada pela sua abordagem evasiva aos acidentes do 737 MAX, que, segundo um relatório do Congresso, equivalia a uma “cultura de ocultação”.
Tal como no caso da omissão do MCAS nos manuais dos pilotos, a Boeing não informou os pilotos de que a porta da cabine está projetada para se abrir durante eventos de descompressão rápida. Relativamente à Alaska Airlines, foi divulgado que a aeronave (matrícula: N704AL), entregue apenas em outubro de 2023, tinha apresentado anteriormente avisos de pressurização. Embora a transportadora tenha retirado o avião de voos longos sobre a água como medida de segurança, continuou a operar a aeronave.
Atualização da inspeção
A Boeing terá de fornecer uma lista atualizada de instruções para os operadores do MAX 9, após receber comentários dos operadores e das autoridades sobre as instruções iniciais.
A Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos ordenou que todos os 737 MAX 9 com porta de plugue permaneçam em terra após o incidente, afetando um total de 171 aeronaves. A agência acrescentou que “a segurança dos passageiros, não a velocidade, determinará o cronograma para o retorno ao serviço do Boeing 737-9 MAX”.
A Alaska Airlines continuou a operar brevemente a sua frota MAX 9, e 18 das aeronaves voltaram ao serviço após inspeções que não encontraram problemas. No entanto, a diretiva da FAA agora determina que os 65 MAX 9 permaneçam em terra.
O National Transportation Safety Board (NTSB) acredita que o tampão da porta não foi fixado corretamente, enquanto outros meios de comunicação noticiam que os investigadores do organismo sugeriram que o incidente poderia ter ocorrido devido ao facto da porta não estar devidamente fechada.
Michel Merluzeau, especialista em aeronáutica da consultoria AIR, explicou à AFP News: “Um trabalho negligente como este é um sinal de que algo está a falhar na rede de segurança da Boeing, por qualquer motivo”.
O tampão da porta foi fabricado pelo parceiro da Boeing, Spirit AeroSystems, embora não haja indícios de que seja responsável pela explosão da porta.
A NTSB já declarou que não acredita que a culpa seja de um defeito de design, parecendo que a responsabilidade recai no processo de montagem da Boeing.