Afinal, profissionais com formação técnica – e não só – profissional e superior existem aos milhares em Portugal, a cada ano letivo que termina. Onde será que andam?
O que lhes temos feito, Exmos Srs. Hoteleiros?
Ainda a investir recursos em estratégias e programas de retenção de talento? Há quanto tempo…
Esqueçamos a retenção e foquemo-nos diariamente na atração de talento. Na indústria da hospitalidade, é só a atração que faz sentido, tendo a mesma de ser contínua para todos os colaboradores, sem exceção.
Não estará na hora de saber, mais e melhor, reconhecer os perfis vocacionais na hora de contratar? Onde habita o desenvolvimento de competências?
Tantos e quantos não são os casos de colaboradores brilhantes que, depressa, abandonam a profissão na área do turismo e hotelaria? Porque será? Será “apenas” pela elevada carga horária, pelos turnos e/ou pelos baixos vencimentos? E a ausência do treino de equipas, da formação contínua e dos prémios de performance pelas avaliações dos clientes?
E por falar em ética, é essencial que haja igualdade e equidade nas oportunidades de carreira, a competência nem sempre é premiada em detrimento da antiguidade.
O que vale termos colaboradores cheios de aptidões, competências e com vontade de ombrear a qualidade do serviço e depois serem “barrados pelos velhos hoteleiros do Restelo”, que acham que só eles entendem o setor?
É preciso dar autonomia aos colaboradores, sobretudo quando estes têm bagagem e experiência profissional comprovada. Em muitos casos, quem os dirige acha que sabe mais quando, muitas vezes, sabem menos, bem menos…
Quem contribui diretamente para a reputação dos hotéis são os colaboradores e não os gestores hoteleiros! Dêem-lhes condições condignas de progressão, é assim tão difícil?
Na consultoria que presto na hotelaria e restauração, na ótica da monitorização dos procedimentos standard operacionais, sempre que faço as visitas/estadias em formato mistery guest, como na sessões de treino, quando falo com os colaboradores, é evidente uma quota-parte da sua insatisfação e desmotivação por as chefias continuarem a não os deixar evoluir, com receio que lhes passem “à frente” na hierarquia profissional.
Mas, ainda muita sorte os hoteleiros têm. E, porquê? Porque, enquanto clientes, continuamos a ser bem mal recebidos, atendidos e servidos. Parece que o que interessa é o espaço ter um design de interiores instagramável e a comida com assinatura de um chef. E os colaboradores? Em terceiro plano?
Não há mão de obra como a nossa, em parâmetro algum. Será que queremos passar a ser como muitos outros destinos turísticos em relação a este assunto?
Afinal, mudar os gestores hoteleiros ou os colaboradores? Ou, os primeiros mudarem a forma de gerir e garantir os segundos (seus subordinados) e os segundos voltarem a apaixonarem-se novamente pela sua vocação?
Reconheçam o trabalho dos vossos colaboradores, dêem-lhes oportunidade de crescimento, perguntem-lhes o que melhorariam se fossem os gestores hoteleiros, peçam-lhes para expressarem os seus pontos de vista e opinião na ótica da melhoria da qualidade do serviço. Do que estão à espera? Se já fizeram este exercício, há quanto tempo foi? Está na hora de repetir!
Inventem-se novos gestores hoteleiros líderes, porque chefes já há muitos – os gestores hoteleiros, claro!
Uma reverência, em jeito de vénia, aos gestores hoteleiros que são a antítese do acima mencionado!
Notas soltas para refletir…
Por Vasco Ribeiro
Doutorado em Ciências Empresariais e doutorado em Turismo
Pós doutorado em Gestão e Economia do Turismo
Autor do livro Etiqueta & Protocolo na Hotelaria de Luxo
Professor Coordenador no ISLA Santarém
Grandes verdades que são expostas neste belo texto…
Bem haja
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Excelente artigo
Exactamente por algumas razões aqui expostas, não segui essa carreira.
O problema é que ninguém quer pensar nisso.
Muito bem