O Ministro da Economia e do Mar manifestou a esperança de que uma estratégia de turismo transfronteiriço acordada com Espanha crie produtos que atraiam um novo tipo de turismo e, simultaneamente, leve a que mais pessoas se instalem no interior do país.
A Estratégia Conjunta para a Sustentabilidade do Turismo Transfronteiriço entre Portugal e Espanha 2022-2024 foi elaborada com base numa “mudança no perfil do turismo mundial”, que se acentuou após a pandemia, com turistas “mais exigentes” e a quererem novos produtos, bem como a estarem “muito preocupados com a sustentabilidade e a situação do planeta”, disse o ministro, António Costa Silva, durante a FITUR, que decorre de 18 a 22 de janeiro em Madrid.
O ministro falava na Feira Internacional de Turismo de Madrid (FITUR), onde apresentou, juntamente com a ministra da Indústria, Comércio e Turismo de Espanha, María Reyes Maroto, a nova estratégia transfronteiriça.
A estratégia conjunta concentra-se em 144.000 quilómetros quadrados de terra em ambos os lados da fronteira de 1.234 quilómetros entre Portugal e Espanha – a mais longa da União Europeia e caracterizada em ambos os lados por uma perda consistente de população.
“O turismo pode impulsionar este desenvolvimento local, tanto de um lado da fronteira como do outro”, defendeu o ministro. “Se conseguirmos criar riqueza, isso traduzir-se-á sempre em tudo o que quisermos, mais escolas, mais serviços públicos, mais resposta às pessoas”.
“Digo sempre que não há razão para que os territórios do interior sejam territórios abandonados”, prosseguiu. “A cidade mais desenvolvida da Península Ibérica, Madrid, onde nos encontramos, é uma cidade do interior”.
Segundo Costa Silva, as equipas de ambos os países estão agora a trabalhar na implementação da estratégia e nos modelos de financiamento da mesma, que vão contar com fundos da União Europeia. O ministro acrescentou que esperam ter mais pormenores para revelar até ao final de março, coincidindo com uma apresentação em Foz Côa, no nordeste de Portugal – e assim “nos territórios” visados pela estratégia -, na qual Reyes Maroto também deverá marcar presença .
Em causa, defendeu, estão territórios com “um conjunto de ativos” do ponto de vista histórico, cultural, arquitetónico ou ambiental, incluindo “áreas que são autênticos paraísos de biodiversidade” e cujo valor pode ser potenciado pelo turismo.
“Temos de olhar para as mais valias que o interior tem, desenhar esses produtos [turísticos], potenciar a oferta, promovê-la lá fora, atrair gente”, insistiu Costa Silva. Concretamente, e como exemplos, o ministro referiu nestas áreas os mais de 60 castelos e fortalezas, arte rupestre pré-histórica, parques naturais e rotas históricas de contrabando, entre outros, sublinhando que a partir daqui se pretende “reinventar destinos e tentar desenvolver as comunidades” do interior.
A Estratégia Conjunta para a Sustentabilidade do Turismo Transfronteiriço entre Portugal e Espanha 2022-2024, além de visar a criação, valorização e promoção de destinos e produtos, envolve também a formação de recursos humanos nas zonas fronteiriças.
Esta estratégia faz parte da Estratégia Comum para o Desenvolvimento Transfronteiriço de Portugal e Espanha, anunciada na Cimeira Ibérica de Outubro de 2020 na Guarda e que abrange 1.551 freguesias em Portugal e 1.231 municípios em Espanha.