Um recente relatório da Intrepid Travel levanta sérias preocupações sobre o futuro das viagens, sugerindo que a crise climática está a colocar em risco a indústria do turismo tal como a conhecemos. O relatório intitulado “Um Futuro Sustentável para as Viagens” pinta um cenário sombrio, descrevendo um mundo em 2040 onde as viagens físicas são substituídas por férias virtuais, e as restrições de mobilidade são controladas por passaportes de carbono.
Desenvolvido em colaboração com a agência de prospeção The Future Laboratory, o relatório lança um olhar para o futuro das viagens caso não sejam tomadas medidas significativas em relação às mudanças climáticas.
O relatório prevê que destinos como a Bélgica, a Eslovénia e a Polónia se tornarão cada vez mais populares para os viajantes, à medida que locais como Maiorca e a Grécia se tornam “demasiado quentes”, forçando os turistas a procurar destinos de férias mais frescos devido às alterações climáticas.
Além disso, prevê-se que o aquecimento global afete destinos icónicos, como a Lapónia, que poderá ter dificuldade em manter o seu ambiente coberto de neve, colocando em risco as tradicionais viagens ao Pai Natal.
Darrell Wade, cofundador e presidente da Intrepid Travel, sublinhou a necessidade de uma mudança fundamental na indústria das viagens, que atualmente “é vista como extrativa em vez de regenerativa”. Wade enfatizou que a indústria precisa evoluir rapidamente para enfrentar a crise climática e destacou a importância das “people-positive travel” e das “ephemeral escapes“.
No conceito de “people-positive travel” (ou, em português, viagens positivas para as pessoas) os operadores de turismo consideram não apenas o impacto ambiental, mas também o impacto social das viagens, promovendo conexões mais profundas entre as pessoas.
“A promoção da inclusão desempenhará um papel crucial, com empresas de viagens como a Intrepid a focarem-se na mudança social por meio da conexão. Estas empresas estão a investir no recrutamento de mais líderes femininas, especialmente em destinos como Marrocos e Índia, e têm como objetivo duplicar o número de líderes femininas nos últimos anos. Além disso, planeiam lançar 100 novas viagens focadas nas comunidades indígenas em 2023”, sustenta o operador turístico.
Os “Ephemeral Escapes” são outra tendência em ascensão. Tratam-se de hotéis pop-up que combinam sustentabilidade e artesanato local, oferecendo experiências únicas aos viajantes.
A Intrepid Travel já está a investir nesta abordagem sustentável, como é evidenciado pela parceria com o CABN, que oferece escapadelas remotas na Austrália, com pegada ambiental mínima e materiais locais.
Outra tendência discutida no relatório é a “eco-mobilidade melhorada”, que enfatiza opções de transporte mais sustentáveis e destaca as viagens de comboio como parte integrante de uma abordagem regenerativa.
O relatório prevê ainda que o rastreio das emissões de carbono se torne mais personalizado, com a ajuda da inteligência artificial e da rotulagem das emissões de carbono, tornando-se a norma da indústria.
A Intrepid Travel já está a liderar o caminho ao introduzir a rotulagem de carbono em 500 itinerários, fornecendo aos consumidores informações precisas sobre as emissões associadas às suas viagens.
Darrell Wade concluiu que a crise climática não é mais uma ameaça distante, mas sim uma realidade presente. “O turismo tem de evoluir e tornar-se regenerativo, pois o modelo atual é insustentável”, sustenta. “Resta pouco tempo e é necessária uma ação coletiva imediata e inovação para descarbonizar as viagens em conjunto e alcançar o imenso potencial de desenvolvimento sustentável da nossa indústria”, concluiu.