A fabricante de aeronaves Boeing encontra-se novamente sob escrutínio, devido a preocupações de segurança, após incidentes recentes envolvendo a sua frota. O rebentamento do tampão da porta durante um voo da Alaska Airlines em janeiro deste ano, juntamente com outros incidentes relacionados com segurança no início de 2024, incluindo a queda súbita de um avião Boeing 787 operado pela LATAM Airlines, resultando em feridos, têm levantado questões significativas.
“Combinando os recentes problemas da Boeing com os problemas existentes na cadeia de abastecimento dos fabricantes de aeronaves após o coronavírus, os atrasos na entrega de aeronaves estão a agravar-se e podem persistir durante alguns anos, afetando os planos de crescimento do setor”, destaca um recente estudo da Morningstar DBRS.
De acordo com os dados, o impacto dessas questões não se limita apenas à Boeing, mas também afeta as companhias aéreas que dependem dessas aeronaves para expandir as suas operações. Os atrasos nas entregas estão a forçar essas empresas a reavaliar e reduzir os seus planos de crescimento, podendo resultar em perturbações operacionais. “Estas perturbações podem resultar em tarifas aéreas mais elevadas e os objetivos de descarbonização podem ser afetados devido a atrasos na modernização da frota”, prevê o estudo.
No entanto, nem tudo são más notícias. Os desafios do setor das companhias aéreas podem ter um impacto ligeiramente positivo no setor da carga aérea, que já enfrenta baixos índices de carga e rendimento. “Isto acontece porque os atrasos nas entregas de aeronaves da Boeing podem limitar uma expansão excessiva da capacidade de transporte aéreo de passageiros, beneficiando indiretamente o setor de carga”, explica a Morningstar DBRS.
“Esperávamos anteriormente que o setor das companhias aéreas continuasse a sua trajetória de crescimento, com um crescimento elevado de um só dígito em 2024, apesar de um ambiente macroeconómico mais fraco. No entanto, com os recentes problemas da Boeing, bem como as restrições de capacidade existentes, essa previsão de crescimento pode ser otimista”, disse Rohit Kumar, vice-presidente assistente de classificações corporativas, indústrias diversificadas da Morningstar DBRS.