Os viajantes internacionais estão mais cautelosos ao planear viagens de longo curso à Europa nos últimos quatro meses do ano, identificando o custo como principal entrave, de acordo com um estudo publicado pela European Travel Commission (ETC) e pela Eurail BV.
O Long-Haul Travel Barometer (LHTB) 3/2024 revela que 58% dos viajantes inquiridos estão a planear viagens de longo curso entre setembro e dezembro de 2024, sendo que 40% preveem uma visita à Europa. De acordo com a análise, este valor percentual representa uma queda de 4% face ao período homólogo de 2023.
O estudo, que analisa as preferências dos viajantes em relação às viagens de longo curso para a Europa, indica que o custo é o principal obstáculo às viagens à Europa, tendo sido referida por 44% dos inquiridos – um número que está a aumentar em todos os principais mercados, à exceção da Austrália, que registou uma ligeira diminuição.
De acordo com o estudo, verifica-se um um aumento anual “significativo” no que diz respeito ao desejo de viajar para o estrangeiro a partir da China, com 83% dos inquiridos a manifestarem interesse em visitar a Europa, mais 9% em relação ao ano passado. Entre os vários fatores impulsionadores desta tendência, destaca-se a reintrodução de voos entre a China e a Europa, tornando estas viagens mais acessíveis.
Também os brasileiros (quase 48%) estão a planear visitar a Europa nos últimos quatro meses do ano, refletindo as intenções observadas no mesmo período do ano passado. No entanto, os custos elevados continuam a ser um entrave às viagens dos viajantes brasileiros.
Os viajantes do Canadá e da Austrália mantêm a tendência cautelosa registada nos anos anteriores, com 39% e 33% dos inquiridos, respetivamente, a planear uma viagem à Europa até ao final do ano. Este desejo é também modesto entre os inquiridos da Coreia do Sul (27%) e dos EUA (23%), sendo que estes últimos registaram uma queda significativa face aos 41% do ano passado. De acordo com os viajantes norte-americanos, este declínio deve-se aos elevados custos de viagem (40%), ao interesse em explorar outras regiões (23%) e ao tempo de férias insuficiente (17%).
Segurança influencia os planos de viagem à Europa
O principal critério na escolha de um destino de férias na Europa continua a ser a segurança (52%), havendo crescido sobretudo entre os viajantes da Austrália, Japão, China, Canadá e EUA. Seguem-se os locais imperdíveis (41%) e as infraestruturas turísticas de qualidade (39%).
Quanto aos gastos previstos, a maioria dos inquiridos (66%) planeia gastar entre 100 e 200 euros por dia, espelhando os valores do outono de 2023. Alguns mercados estão a restringir os seus orçamentos, com uma queda anual de 30% no número de viajantes chineses que esperam gastar mais de 200 euros por dia. Já na Austrália e no Canadá houve aumentos de 6% e 8%, respetivamente, no número de viajantes que prevêem gastar menos de 100 euros por dia.
Cultura é um fator valorizado para visitar a Europa
O lazer é o principal motivo das viagens à Europa, sendo referido por 78%. Também a cultura e a história (44%) são vistas como uma prioridade para o planeamento de futuras viagens, com aumentos na China (+13%), no Japão (+11%) e nos EUA (+14%) em comparação com o ano passado. As experiências gastronómicas (39%)são também um fator atrativo para visitar a Europa, seguidas pela vida na cidade (33%).
O estudo revela ainda, pela primeira vez, que os viajantes inquiridos têm um forte interesse em interagir com os habitantes locais, com 40% a indicar que estas interações ocasionais melhoraram as suas viagens. Já 36% referiram que procuram experiências culturais aprofundadas para aprender sobre a vida e as tradições locais, enquanto 15% visam construir relações com os habitantes locais.
“Os viajantes que planeiam visitar a Europa demonstram um grande interesse em conectar-se com os habitantes locais, destacando uma mudança mais ampla no sentido de experiências mais significativas e autênticas. Os resultados do barómetro sublinham que os habitantes locais são um trunfo fundamental na formação das percepções dos visitantes estrangeiros sobre os destinos europeus, através da sua hospitalidade, cultura e vida quotidiana”, comenta Miguel Sanz, presidente da ETC.
“Ao envolver os habitantes locais na tomada de decisões turísticas, capacitando-os para criar as suas próprias iniciativas turísticas e investindo em espaços autênticos como mercados, centros culturais e eventos, os destinos podem cultivar relações sustentáveis que beneficiam tanto os viajantes como os residentes . Esta abordagem é o que pode tornar a Europa num destino ainda mais culturalmente vibrante e acolhedor”, acrescenta.