O verão ainda não terminou, mas já é possível fazer um balanço positivo da operação do Monverde Wine Experience Hotel, unidade hoteleira vínica de Amarante, que registou, face ao verão de 2020, crescimentos acima dos 20%, quer em receitas, quer em hóspedes. O mercado nacional foi o grande impulsionador da procura que teve o seu pico nos meses de julho e agosto, mas também os mercados europeus de proximidade (França, Bélgica e Alemanha) responderam positivamente este verão. Uma tendência que já se tinha verificado no ano passado, como conta Miguel Ribeiro, diretor da unidade em entrevista ao TNews.
“Esta tendência de crescimento manteve-se, à semelhança do que aconteceu em 2020. Talvez um pouco mais este ano, porque as restrições às viagens eram menores e já tínhamos uma boa parte da população vacinada, portanto, as pessoas já tinham mais segurança para viajar, particularmente viagens de carro. Uma grande fatia dos turistas chegou de carro e não de transporte aéreo como seria mais comum. O verão foi manifestamente bom”, refere.
Segundo o responsável, verificou-se uma tendência para um consumo maior. “Os portugueses gastaram mais e compraram um produto um pouco melhor”, explica. Exemplo disso são as novas Wine Experience Suites inauguradas em 2020. “Foram o produto mais procurado, em detrimento das tipologias mais baratas, que eram sempre as últimas a serem ocupadas. Claramente, as pessoas demonstraram vontade em investir em férias e lazer”, refere Miguel Ribeiro, para quem esta procura deixa muitas perspetivas de futuro: “Tivemos muito mercado português a conhecer regiões que tipicamente não visitavam”.
Wines Experience Suites
São o produto estrela do Monverde Wine Experience Hotel e a mais recente oferta de alojamento. Denominadas Wine Experience Suites, estas dez unidades de alojamento elevam a experiência vínica no Monverde. “Esta nova oferta surge porque queríamos trabalhar um pouco mais o conceito do vinho, da vinha, do relaxamento e da natureza. As suites aparecem com uma pequena piscina privativa sobranceira sobre a vinha exatamente para cultivar, ainda mais, a ideia que este é um hotel vínico, com todos os serviços inerentes a um hotel comum, mas sem esquecer a nossa ligação à adega, à Quinta da Lixa, à produção de vinho e à região”, explica o diretor geral.
Todas com piscina privativa, enoteca, chuveiro de exterior, para promover um maior contacto e proximidade à natureza, as 10 Wine Experience Suites mantêm a mesma linha de arquitetura e decoração da restante oferta de alojamento.
Regresso dos grupos de lazer do mercado americano
Setembro marca a retoma da operação do Monverde Wine Hotel com os mercados dos EUA e Canadá de grupos que procuram atividades de lazer, como caminhadas e cycling nos diferentes destinos que percorrem. Estes grupos ficam em Portugal cerca de 10 noites, sendo o último circuito a Norte, incluindo duas noites no Monverde. “No ano passado e no primeiro semestre de 2021 [esta operação] esteve condicionada, devido às restrições de viagens, algo que não acontece desde agosto. Não estão a preencher a totalidade dos allotments que têm contratualizados connosco, mas estão a preencher 60/70%, o que quer dizer que também do ponto de vista do consumidor há uma recuperação da confiança para este tipo de viagens”.
Já quanto aos mercados europeus são para já aqueles em que o hotel volta a sentir novamente a procura. “Ao longo do período de verão estes mercados funcionaram, até duplicando o número de reservas comparativamente a 2020. Evidentemente que ainda estamos longe da procura que existia em 2019. Mas julgo é que uma questão de confiança e de condicionalismos que tivemos ao longo deste último ano face à circulação de pessoas”.
Um nova piscina biológica e lotes de vinhas para arrendar ou comprar
No Monverde Wine Experience Hotel existem dois investimentos que estão na calha para avançar já na próxima temporada de verão. Um deles é a nova piscina biológica no meio da vinha, acrescentando a área de lazer e bem-estar, “orientada muito para um mercado mais nórdico, que procura natureza”. As obras deverão começar assim que esta época de verão termine de forma a que o projeto esteja concluído antes da Páscoa de 2022.
A segunda aposta será na oferta de enoturismo, com o hotel a pretender criar novas atividades de enoturismo. Há também uma vinha nova plantada, que vai permitir alargar os circuitos de visita na propriedade e não só. “No projeto da nova vinha está planeada uma adega boutique e o loteamento de oito hectares (8 parcelas) de vinha que podem ser compradas ou arrendadas, a quem quiser ser viticultor. É algo que vamos lançar no próximo ano. Os proprietários ou arrendatários de cada parcela podem escolher a casta que querem plantar seguindo as orientações técnicas da equipa de enologia. A adega boutique será o culminar deste trabalho, até porque estes vinhos serão vinificados e armazenados lá”. Ainda em fase de projeto, a estimativa é que a construção da adega boutique arranque em meados do próximo ano. A quem se destina? Miguel Ribeiro afirma que este projeto não está apenas focado no mercado estrangeiro. “Se nos perguntarem se o potencial em termos de poder de compra é maior por parte do mercado internacional, diria que sim, mas não estamos com isto a dizer que o mercado nacional não tem capacidade de resposta, até porque a operação hoteleira deste ano comprovou isso. O mercado nacional será o nosso foco”.
Glampling
Acompanhando “a procura desacerbada por experiências diferentes”, e tendo em conta que o hotel tem um foco grande nas famílias, estão a ser planeadas três unidades de alojamento de glampling ou casas na árvore. “A propriedade ainda nos permite ter dois ou três spots deste género, sem perder esta linha vermelha que definimos de 50 unidades de alojamento – agora temos 47. Diria que é algo que vai acontecer num futuro próximo, até porque, em termos de construção, é relativamente simples de fazer, uma vez que uma boa parte da infraestrutura é construída em armazém e depois colocada no local. Temos a ambição de apresentar no próximo verão, vamos ver se conseguimos. Antes disso, temos um projeto que é mais premente e que tem a ver com a sustentabilidade e a operação do hotel. Temos em fase de adjudicação a instalação de um parque solar fotovoltaico que nos vai permitir ter uma capacidade instalada de cerca de 80% do consumo energético do hotel”, conclui.