A aviação comercial na Europa Ocidental encontra-se em fase de crescimento sustentado, com uma previsão de aumento de 27% da sua frota até 2035, representando um crescimento de 5.475 aeronaves em 2025 para 6.956 unidades na próxima década.
Esta é uma das conclusões do relatório “Global Fleet and MRO Market Forecast 2025-2035“, elaborado pela Oliver Wyman, que analisa as tendências do setor e oferece uma perspectiva a 10 anos sobre a evolução da frota de transporte aéreo comercial e as suas implicações no mercado de manutenção, reparação e revisão (MRO).
O relatório anual indica que se espera um crescimento de 32% na frota mundial de aviões comerciais na próxima década, passando de 29.000 aeronaves em 2025 para 38.300 em 2035, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 2,8%.
No entanto, as limitações na produção de novas aeronaves e os problemas na cadeia de fornecimento resultaram num atraso recorde nas entregas, dificultando a capacidade do setor de satisfazer a crescente procura. Esta situação agrava-se pela escassez de mão-de-obra, que obriga a prolongar os tempos de manutenção e reparação, especialmente em regiões como a Europa Ocidental e a América do Norte.
“O envelhecimento da frota, a escassez de mão-de-obra qualificada e as limitações na cadeia de fornecimento, aliados a uma forte procura de transporte aéreo, estão a gerar grandes desafios no setor aeronáutico. Para sustentar o seu crescimento a longo prazo, a indústria terá de implementar estratégias inovadoras que promovam uma maior eficiência operacional”, explica Carlos García Martín, Sócio de Transporte e Serviços e especialista em Aviação da Oliver Wyman.
Produção de aeronaves não acompanha procura
A procura de transporte aéreo continua a crescer a um ritmo sem precedentes, mas a produção de novas aeronaves não acompanha o mesmo ritmo. Atualmente, a carteira de encomendas ultrapassa as 17.000 unidades, o valor mais alto registado. Com o ritmo atual de fabrico, esses pedidos levarão 14 anos a ser entregues, o dobro do tempo que as companhias aéreas tinham de esperar antes de 2019.
Desde 2018, quando a indústria alcançou um recorde de mais de 1.800 aeronaves fabricadas, a produção caiu significativamente. Em 2024, foram entregues menos de 1.300 unidades novas, o que representa uma redução de 30% face a seis anos antes, apesar do número de passageiros ter atingido os 4.800 milhões em 2024, com previsão de ultrapassar os 5.000 milhões em 2025. Além disso, os passageiros por quilómetro transportado (RPK) aumentaram quase 4% em comparação com os níveis máximos de 2019.
Crescimento sem precedentes do mercado de manutenção, reparação e revisão
O envelhecimento da frota, os problemas de durabilidade em aviões e motores de nova geração, e a crescente procura de manutenção estão a gerar um superciclo sem precedentes no setor de manutenção, reparação e revisão (MRO). Estima-se que o mercado MRO atinja os 119.700 milhões de dólares este ano, impulsionado pela necessidade de manter operativas aeronaves mais antigas. Até 2035, espera-se que o setor MRO cresça a uma taxa composta de 2,7%, alcançando os 156.800 milhões de dólares, um aumento de 31% em relação a 2025.
Na Europa Ocidental, o mercado MRO crescerá significativamente, passando de 25.000 milhões de dólares em 2025 para 30.000 milhões em 2035, impulsionado principalmente pela procura de manutenção de motores, que aumentará de 12.600 milhões em 2025 para 14.000 milhões em 2035.
Apesar destes desafios, a aviação comercial continua a ser uma peça-chave da economia global. A expansão da frota, o crescimento do mercado MRO e a adaptação das companhias aéreas aos novos desafios operacionais “serão fundamentais para garantir a competitividade do setor nos próximos anos”. Neste contexto, enquanto os mercados emergentes continuam a sua expansão, as regiões mais maduras terão de se concentrar na “modernização das suas frotas” e na “otimização da eficiência operacional” para enfrentar as exigências de um mercado em transformação.