Os legisladores da União Europeia (UE) chegaram a um acordo na sexta-feira, dia 25 de março, que levará à adoção definitiva da Lei dos Mercados Digitais (DMA). A indústria hoteleira europeia está unida a aplaudir a UE por estabelecer novas regras direcionadas às OTAs (online travel agencies) “que exercem um poder desproporcional em relação aos seus usuários e consumidores empresariais”, afirma um comunicado de imprensa da associação hoteleira europeia HOTREC.
Os hoteleiros saúdam os legisladores da UE, por terem tomado as medidas adequadas para “domar o poder de controlo da plataforma online (Booking), proibindo cláusulas de paridade de preços estritas, que impedem os hoteleiros de oferecer um preço melhor nos seus próprios canais do que a plataforma”, observa a HOTREC.
“Ao longo da última década, os hoteleiros sofreram com o comportamento inaceitável das OTAs convencionais. O acordo sobre o DMA envia um sinal claro aos gigantes digitais: comportem-se como parceiros, e não como gatekeepers, para consumidores e usuários comerciais”, afirma o presidente do Grupo de Trabalho de Distribuição da HOTREC, Markus Luthe.
“Acredito que o comportamento de “gatekeeper” das OTAs não é apenas proteger um modelo de negócios de sucesso, vai além disso. Práticas como cláusulas estreitas de paridade de preços e retenção de dados acabam por desincentivar a digitalização dos hotéis e consolidar a dependência dos hoteleiros em relação às OTAs. Todo o setor agora pode lidar melhor com a sua digitalização”, acrescenta Markus Luthe.
O estudo de distribuição hoteleira da HOTREC mostra que, entre 2013 e 2019, as quotas de mercado das OTAs aumentaram constantemente no setor hoteleiro europeu de 19,7% em 2013 para 29,9% em 2019. Ao mesmo tempo, a parcela de reservas diretas diminuiu em toda a Europa em mais de 10 pontos percentuais, de 57,6% em 2013 para 45,5% em 2019.
Os três principais players do mercado continuam a ser a Booking Holding, Expedia Group e, em menor medida, HRS Group, com uma quota de mercado agregada de 92%. Booking.com é, de longe, o player mais influente, com uma participação de 68,4% no mercado OTA. O domínio da Booking.com aumentou nos últimos 6 anos em mais de 8%, de 60,0% em 2013 para 68,4% em 2019.
“O que queremos é simples: mercados justos também no digital. Agora estamos a dar um grande passo para chegar lá: mercados que sejam justos, abertos e que permitam a concorrência”, disse a vice-presidente da Executiva de Comunidade para a Era Digital, Margrethe Vestager
A este respeito, lembrou que as grandes plataformas impedem que empresas e consumidores usufruam de mercados digitais competitivos. “Os gatekeepers terão agora de cumprir um conjunto bem definido de obrigações e proibições. Este regulamento, juntamente com uma forte aplicação da lei da concorrência, proporcionará um campo de jogo mais justo para consumidores e empresas para muitos serviços digitais em toda a UE”, conclui.