A indústria hoteleira em Portugal projeta um cenário otimista para 2024, de acordo com os resultados de um inquérito apresentado esta sexta-feira pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP). Com a participação de 476 estabelecimentos hoteleiros, a pesquisa realizada entre 2 e 21 de janeiro revelou que a maioria dos inquiridos antecipa um crescimento na taxa de ocupação, no preço médio por quarto e nas receitas. Apesar das expectativas positivas, a preocupação com a instabilidade geopolítica emerge como o principal desafio, citado por 78% dos inquiridos.
A pesquisa revela que a maioria dos hoteleiros antecipa uma taxa de ocupação em 2024 igual ou superior à de 2023. No entanto, regiões como os Açores, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e o Norte expressam uma expectativa de um primeiro trimestre pior ou igual. Em contrapartida, o Alentejo espera um 2024 melhor em todos os trimestres, enquanto a Madeira prevê um desempenho idêntico ao de 2023, mas com melhorias no último trimestre.
A antecipação do preço médio por quarto para 2024 revela uma perspetiva otimista, com a maioria dos inquiridos a prever melhorias em relação a 2023. No entanto, a AML e o Norte antecipam um primeiro trimestre pior ou igual, enquanto o Alentejo espera um desempenho superior em todos os trimestres. Cristina Siza Vieira, vice-presidente da associação, destaca que, apesar de um estudo da STR sugerir que Portugal teve um crescimento menos expressivo no preço médio, “essa não é, de todo, a realidade registada pela AHP na sua operação”, sublinhando que a “amostra da STR em Portugal é bastante reduzida e composta, praticamente em exclusivo, por hotéis de 4 e 5 estrelas”.
Em relação às receitas, a pesquisa indica que a maioria dos inquiridos antecipa receitas superiores em 2024 em comparação com 2023. AML e Norte expressam uma expectativa de um primeiro trimestre pior ou igual, mas esperam melhoria nos trimestres seguintes. O Alentejo espera um desempenho superior em todos os trimestres, enquanto a Madeira e o Algarve antecipam um 2024 melhor ou até mesmo muito melhor.
Os hoteleiros preveem que os três principais mercados emissores em 2024 se mantenham os mesmos de 2023, com Portugal, Reino Unido e EUA a liderar a tabela. Destaca-se uma ligeira descida de 1 ponto percentual para Portugal, uma descida de 2 pontos percentuais para o Reino Unido e uma subida de 1 ponto percentual para os EUA.
Principais desafios para 2024
A instabilidade geopolítica é apontada por 78% dos inquiridos como o principal desafio, representando um aumento em comparação com os 55% do ano anterior. A preocupação com o aumento das taxas de juro atinge 59%, enquanto a redução do número de voos é referida por 40%, revelando-se particularmente inquietante nos Açores (90% dos inquiridos), onde a Ryanair reduziu a frequência de voos de dois por dia para dois semanais, na Madeira (73%) e no Algarve (58%). A capacidade do aeroporto de Lisboa é mencionada como um constrangimento por 36%. No entanto, a inflação e a escassez de recursos humanos, que figuravam entre os principais desafios em 2023, não constam na lista deste ano. Em contrapartida, o aumento e disseminação da taxa turística surgem pela primeira vez na lista, sendo apontados como um desafio por 9% dos hoteleiros.
“A capacidade de resposta do aeroporto de Lisboa preocupa de forma generalizada os hoteleiros da capital. Em 2023, o aeroporto de Lisboa recusou o equivalente a 1 milhão e 300 mil lugares de avião por incapacidade de resposta da infraestrutura”, revela Bernardo Trindade, presidente da AHP. “Este número é passível de ser qualificado, companhias como a Saudi Airlines, a Qatar Airlines e o reforço da operação dos EUA não puderam ter expressão devido à falta de capacidade do aeroporto”, acrescenta.