O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, afirmou esta quarta-feira, dia 4 de agosto, que a contenção da pandemia, por via do progresso do plano de vacinação em Portugal e nos principais mercados emissores, permite “encarar com outra confiança a recuperação” do turismo.
“Este é um momento em que já começamos a ver finalmente o final do túnel”, disse Pedro Siza Vieira no webinar promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal, em que foi convidado a falar do Plano de Ação “Reativar o Turismo | Construir o Futuro” e das medidas em concreto para o setor hoteleiro.
“Tenho a convicção profunda que, do ponto de vista do setor turístico, o que temos neste momento é uma repressão da procura, as pessoas não viajam porque não podem. Aquilo que vimos foi uma busca intensa por viagens, assim que houve uma reabertura dos mercados, tanto no ano passado como este ano”, afirmou o ministro.
“A procura só está à espera que as autoridades de saúde de todo o mundo carreguem no botão. (…) A maior parte das pessoas que viajam acresceram as suas poupanças neste último ano e, por isso , vamos assistir a um crescimento muito grande da procura, com exigências e características diferentes”, acrescentou Pedro Siza Vieira.
O ministro da Economia ainda espera que seja possível alcançar as metas para 2021 definidas na apresentação do Plano “Reativar o Turismo| Construir o futuro” no passado mês de maio. Na altura, o Governo esperava que as receitas turísticas se aproximassem dos 9 mil milhões no final do ano.
“Tivemos um primeiro trimestre muito severo, de redução da atividade bastante acima do que foi o primeiro trimestre de 2020. O segundo trimestre de 2021 foi bastante superior ao segundo trimestre de 2020. Em termos de dormidas tivemos cerca de 10 vezes mais o valor que tivemos em 2020. Continuamos a entender que é possível chegar ao final de 2021 na casa dos 9 mil milhões de euros, que é um crescimento de 10% relativamente a 2020. São números ainda muito reduzidos, que ainda precisamos de recuperar. Não estimamos que a procura se recupere antes de 2023”, afirmou.
Perante este cenário, Pedro Siza Vieira considera que o governo “fez o que tinha de ser feito”, ou seja, “preservar o essencial da nossa oferta turística”. “Se não tivéssemos esta possibilidade de prorrogar apoios para este setor mais atingido, provavelmente íamos assistir a uma grande destruição do ecossistema turístico, e quando a procura retomasse não tínhamos capacidade de responder”.
Apoios ao setor
Pedro Siza Vieira esteve durante uma hora a falar dos apoios com que o setor hoteleiro, em concreto, pode contar neste momento para a retoma do turismo. Mas antes lembrou o que foi feito durante a pandemia.
“Começámos logo em março de 2020 por adotar medidas que apoiassem a preservação do emprego e para fazer chegar liquidez às empresas. Depois, ao longo do tempo, começámos a focar os apoios para as empresas mais afetadas”, disse o responsável
As moratórias bancárias foram o tema de maior destaque do webinar, com o ministro a adiantar que o setor do alojamento é, dentro da indústria do turismo, o que tem maior percentagem de crédito em moratória, “63% do crédito concedido ao setor do alojamento está sob moratória, o equivalente a 3.500 milhões de euros”.
Às moratórias, lembrou o ministro, somaram-se outros apoios para o setor do turismo. “No conjunto dos apoios, tivemos 3.400 milhões de euros de apoios, dos quais 1.400 milhões a fundo perdido. As moratórias introduziram a hipótese de poupança no setor daquilo que normalmente teria de ser despendido em favor do setor bancário”, realçou.
Mas se o turismo foi “o setor mais violentamente impactado pela pandemia”, Pedro Siza Vieira considerou que se justifica que se seja o mais apoiado pelas instituições públicas”.
O governante reconheceu que é necessário um apoio “à recomposição dos capitais próprios das empresas”, visto que a retoma no turismo será “mais lenta” e será preciso “aliviar o esforço de tesouraria nos próximos meses, que coincidem com a época baixa”.
O ministro destacou que as empresas turísticas têm ao dispor o regime do apoio à retoma progressiva, prolongado por um período indefinido, linhas de crédito para micros, pequenas, médias e grandes empresas do setor, e que o governo mantém a disponibilidade para apoiar o fim das moratórias bancárias. “Já demos 12 meses de maturidade adicional e agora temos este nosso programa de garantias”, referindo-se ao programa já anunciado em que o Estado vai garantir 25% do crédito sob moratória às empresas dos setores mais afetados pela pandemia que acordem com os respetivos bancos uma reestruturação da dívida após o final das moratórias, em 30 de setembro. Este programa não está, contudo, isento de comissões do Estado, como explicou Pedro Siza Vieira. “Temos de cobrar uma comissão de garantia, aquilo que temos previsto é que seja 0,25%, um montante relativamente baixo. Uma das condições impostas pela Comissão Europeia é que as empresas que beneficiam de garantias públicas tenham de remunerar essas garantia”.
Promoção externa
No que diz respeito à promoção externa e à captação de fluxos turísticos internacionais, Pedro Siza Vieira disse ainda que a verba “foi consideravelmente reforçada” para a promoção externa. “Quer o investimento em promoção externa, como a captação de acessibilidades aéreas, foram reforçados consideravelmente para os próximos anos”.
“Apesar de termos reforçado o nosso investimento em promoção, também é verdade que Portugal manteve uma grande capacidade de estar próximo dos clientes potenciais do país e reforçou a sua notoriedade como marca líder em alguns dos mercados mais importantes.”, referiu.
O ministro disse ainda que Portugal vai continuar a apostar nos mercados emissores importantes e nos que têm crescido nos últimos anos, como o americano, brasileiro ou canadiano. “Há também outros mercados de oportunidade que o governo identificou a possibilidade de investimento mais dirigido, desde os nórdicos aos países asiáticos”, disse.
O webinar terminou com o pedido do presidente da AHP, Raul Martins, para ser reconhecido o certificado de vacinação aos turistas brasileiros que entrem em Portugal e, ainda, um pedido de agilização da resposta das Sociedades de Garantia Mútua, depois de aprovados os empréstimos pelos bancos.