O Norte de Portugal será o próximo destino da Lisbon Helicopters, a empresa do Grupo Helibravo que se dedica à operação de voos turísticos de helicóptero.
Depois de um período de paragem devido à pandemia, a empresa retomou a atividade no último trimestre de 2021 e desde então tem registado uma forte procura. A retoma aconteceu já com Duarte Moreira no comando das operações e vendas. O profissional entrou na Lisbon Helicopters em setembro de 2021 com uma missão: aumentar as vendas.
O balanço destes primeiros meses “é francamente positivo”, conta, em entrevista ao TNews, apesar de encontrar no negócio da aviação vários desafios.
“Embora seja uma área ligada ao turismo, a aviação tem as suas próprias particularidades e detalhes que muitas vezes complicam a operação. Temos de ser ágeis para que tudo funcione”.
Com a operação montada no heliporto de Algés há oito anos, os tours da Lisbon Helicopters voltaram a ter procura. A pandemia e a entrada de Duarte Moreira levaram a uma reestruturação que incluiu também a oferta. Atualmente, estão disponíveis oito tours que vão desde um batismo de voo de cinco minutos até um voo de 45 minutos para Cascais, Sintra e Cabo da Roca. Mas se esta operação já está “oleada” e em “franco crescimento”, por outro lado, a Lisbon Helicopters tem apostado na expansão de outra área de negócio: o transfer de passageiros. “São pessoas que aterram no aeroporto de Lisboa ou em Tires e vão, por exemplo, para a Comporta. Esses pedidos têm aumentado exponencialmente”, afirma Duarte Moreira. No entanto, esta operação encontra alguns desafios, pela falta de heliportos no país. “Portugal ainda tem muito poucas infraestruturas nesta área. Este cliente está habituado a chegar de jato particular e ir de helicóptero para um determinado sítio, para isso temos de ter heliportos, que existem nos EUA, na Suíça, Itália, França, e em Portugal não existem. Isso cria algumas dinâmicas difíceis, mas estamos a trabalhar para abrir portas”, explica.
Quando entrou na Lisbon Helicopters, Duarte Moreira chegou a pensar em aumentar os tours a partir do heliporto de Algés, mas devido a condicionantes relacionadas com a falta de heliportos, percebeu que não era a estratégia a seguir. Também, por isso, apostou nos transfers de passageiros. Neste caso, os clientes não partem do heliporto de Algés, mas do aeródromo de Cascais para outros destinos. “Podem ser pessoas que querem ir passar o dia ao Douro, vão e voltam de helicóptero”, explica. É o caso de um cliente que está atualmente hospedado na Comporta e que já fez três voos de helicóptero, um deles para passar o dia na ilha da Sardenha. “Fomos buscá-lo à Comporta e levá-lo ao seu jato particular”, recorda. “Esta oferta já existia mas não estava a ser proativamente trabalhada, o que fiz foi tirar potencial dos meios que temos, em vez de estarem parados no hangar, e usá-los para este tipo de serviços”. Duarte Moreira refere-se aos meios da empresa mãe, a Helibravo, cuja grande operação é o combate aos incêndios. Anualmente a frota da Helibravo é de cerca de 13 helicópteros, mas aumenta exponencialmente quando se aproxima o verão com o recurso ao aluguer de aparelhos a outras empresas.
Além da falta de infraestruturas, Duarte Moreira sublinha outro constrangimento que deriva do decreto de lei aprovado em 2010 que traz “muitas limitações para os voos de passageiros”. “O modus operandi dos helicópteros não tem nada a ver com aviões e isso veio afetar-nos brutalmente”, afirma e explica porquê. “Há lugares certificados, que são os heliportos, e os não certificados, em que também podemos aterrar. Os não certificados têm de cumprir com a pior das regras com que nos deparamos que é uma distância de 300 metros de raio para diversos edifícios, como habitação, quartéis de bombeiros, escolas, locais de culto. Portanto, temos vários sítios onde não se pode aterrar”. A pandemia e a retoma da atividade trouxeram uma fiscalização mais apertada.
“Aterrar em lugares não certificados é o nosso maior desafio, neste momento, e recusamos grande parte dos pedidos que temos”.
Recuperação de vendas
Neste que é o primeiro verão em pleno, depois da pandemia, as vendas da Lisbon Helicpopters “aumentaram consideravelmente”, mas a empresa depara-se com alguns constrangimentos: o limite de horas para voar, que tem sido atingido correntemente, e a capacidade de resposta. “A contratação neste momento é um problema. Formar equipas sólidas, capazes de dar resposta à exigência do mercado turístico não é fácil. Tivemos de formar equipas porque vamos abrir um novo destino e tem sido um problema, inclusivamente tivemos de fazer a rotação da equipa de Algés para as funções de front-office e foi difícil”, reconhece.
Ainda assim, o objetivo para este ano é faturar 600 mil euros, o que, a concretizar-se, ultrapassa os valores faturados nos melhores anos desde que a empresa abriu. “Esta retoma abrupta trouxe-nos alguns problemas que não tivemos capacidade de dar resposta, nomeadamente as aeronaves, porque tiveram que voar muito e ter mais manutenção”, constata. A este problema soma-se o da importação de materiais. “Leva o dobro do tempo e o triplo do preço”, refere. “Diria que se não fossem estes constrangimentos, já teríamos ultrapassado neste primeiro trimestre o objetivo”.
O maior volume de vendas da Lisbon Helicopters é realizado através do canal direto (60%), estando o restante dividido por parceiros, como a Odisseias e as plataformas internacionais Viator e Helipass.
A procura nacional é grande e ronda os 60 a 70%. “O que acontece é que a restante fatia de venda é superior em faturação. Os portugueses são mais sensíveis aos preços”, explica. Quanto aos clientes internacionais, o principal mercado é o americano. “É um cliente que não tem limite de preço”, afirma Duarte Moreira. Em seguida surge o Reino Unido e a França.
Abertura de novos espaços
O crescimento da empresa passa pela abertura de novos espaços em Portugal, seja no Porto, Douro, Algarve, ou, eventualmente, nas ilhas. “Tem de ser passo a passo. Se montar uma empresa em Portugal já é complicado, porque existe muita burocracia no país, no caso da aviação é preciso contar com três vezes mais processos burocráticos”, constata.
Além disso, há que ter em conta a questão das rotas. “As rotas têm de ser aprovadas, todos os sítios que temos identificados nas principais cidades colidem sempre de alguma forma com os aeroportos locais e isso limita as nossas rotas. As aberturas têm de ser bem analisadas, bem sustentadas, para que o produto seja atrativo”, explica.
Ainda este ano, Duarte Moreira afirma que a empresa vai abrir um novo heliporto a Norte, sem adiantar o local. Quanto ao crescimento dos transfers de passageiros, os chamados voos VIP, “passa pela aquisição de aeronaves especiais que não temos em Portugal”. “Temos três novas aeronaves que ainda não podem voar. Uma chega em outubro, e duas já estão na nossa posse, mas à espera de documentação”. Comporta e Douro são os destinos mais procurados para estes transfers, mas com públicos diferentes. “Quem procura o Douro vai para visitar quintas e dormir no destino. Quem procura a Comporta vai para uma casa alugada ou resort”.
Com a abertura dos novos destinos, a expetativa é, pelo menos, “duplicar a faturação nos próximos dois anos”. A localização do novo espaço a Norte “é premium”, comparativamente a Lisboa. Na capital, a empresa continua a procurar novos espaços e tem “um possível projeto para o centro de Lisboa, porque quando os turistas veem os helicópteros sentem-se mais encorajados. Em termos de preços não estamos assim tão deslocados [face a outras experiências]. Os tours com partida de Algés variam entre os 132 euros e os 987 euros”, refere. Já quanto ao transfers de passageiros, os valores são outros. “Um voo para o Douro pode custar 9 mil euros para seis pessoas”.
Há dois meses, a Lisbon Helicopters fechou uma parceria importante com a empresa espanhola weareworldexperience.com. “Estão a instalar-se em Portugal e vieram colmatar uma fatia de mercado que não existia que são tours compostos, ou seja, tours de A a Z, desde walking tours, tuktuk, barcos, helicópteros”, afirma Duarte Moreira. “Há dias em que nos trazem 28 pessoas para voar”, acrescenta.
Esta não é a única novidade, já que a Lisbon Helicopters prepara a construção de um novo site e loja online. “A nossa loja online tem uma força de vendas muito grande e ainda não está otimizada, esse é um dos nossos projetos de futuro: a construção de um novo site com uma loja online espetacular. Vai dar-nos um boost muito grande”, conclui.
Sim, gostava de entrar neste tipo de investimento , com este grupo. Até porque eu tenho já pensado para
um terreno, na minha Quinta situada junto ao antigo campo de aviação da Covilhã.
Era um bem mais precioso, para a zona centro do país. E, uma mais valia para a zona da Cova da Beira.