O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, afirmou esta sexta-feira, dia 3 de dezembro, que “não vale a pena ter um novo aeroporto, se não tivermos TAP”. “Uma coisa que tenho clara, é que o movimento aeroportuário cresceu em Lisboa, porque a TAP cresceu. O crescimento da TAP é que motivou a que outros operadores tivessem vindo para Portugal”, afirmou Pedro Siza Vieira no congresso da APAVT, em Aveiro, no qual participou num painel com Pedro Costa Ferreira.
Pedro Siza Vieira destacou o papel da companhia na conectividade intercontinental. “É absolutamente crítico para mantermos esta ligação direta ao mundo, termos uma companhia que faz do aeroporto de Lisboa o seu hub”. “Estamos na ponta da Europa, temos de pensar em nós mais como uma ilha, do que propriamente como um país continental, 95% das pessoas que chegam ou saem de Portugal fazem-no por via aérea”, acrescentou o responsável.
O ministro justificou ainda a manutenção da companhia com o seu contributo para o PIB e para a balança comercial. O grande problema que Portugal teve nos últimos anos são défices externos acumulados. Todos os anos compramos mais ao exterior do que vendemos. Esses défices traduzem-se no crescimento da dívida externa. A TAP contribuiu, em 2019, com quase 2% do PIB para a balança comercial. Pensem no seguinte: sempre que um americano viaja da costa leste americana para Atenas, usando um voo da TAP, é uma exportação que o país faz. Sempre que um português vai para o Brasil ou para a Angola e usa a TAP estamos a manter cá esse produto, mas, se não tivéssemos a TAP, era um importação que o país fazia. Desaparecer com uma companhia como a TAP tinha um impacto imediatamente negativo na balança comercial, no nosso PIB e no endividamento externo”.
Sublinhando que todos os Estados do mundo fizeram grandes apoios às suas companhias aéreas, Siza Vieira defendeu que, o esforço que está a ser feito na TAP, “deve ser visto como um investimento todos estamos a fazer num ativo que é estratégico para o país e que, se nos víssemos privados dele, provavelmente iríamos lamentar mais tarde, tal como no passado nos arrependemos de ter visto desaparecer algumas empresas importantes para o nosso futuro coletivo”.
“Esta história do aeroporto é mesmo lamentável”
“Esta história do aeroporto é mesmo lamentável. Não tenho outra palavras para descrever isto”. Foi desta forma que o ministro se referiu ao tema quando o presidente da APAVT trouxe o tema para a conversa. “Há sempre prós e contras de qualquer decisão significativa. Agora esta incapacidade de tomarmos uma decisão para mim é absolutamente lamentável”.
Siza Vieira confessou que já chegou a “perder a esperança que alguma vez tivéssemos a capacidade de aumentar a infraestrutura aeroportuária na região de Lisboa”. “É incontestável que precisamos aumentar a capacidade aeroportuária de Lisboa. Qualquer decisão que seja tomada – expandir a Portela, fazer um aeroporto complementar na margem sul, na margem norte, mais a sul ou a norte – tem vantagens e inconvenientes, mas o tempo tem um valor cada vez maior”.
O ministro lembrou ainda as palavras do Presidente da República na abertura do congresso d APAVT: “Espero que uma das vantagens destas eleições seja que o sistema politico seja capaz de responder ao apelo do presidente neste palco: Entendam-se sobre o que querem fazer do aeroporto. Se houver esse consenso político, as decisões tornam-se possíveis”.
