Quase um ano e meio e dois confinamentos depois, os agentes de viagens regressam aos poucos ao seu trabalho e às suas rotinas. Três agentes de viagens contam como estão a ultrapassar o período da pandemia.
Elisa Sequeira trabalha há cerca de três anos na agência Viaja com Lisboa Santos. Como tantos colegas de profissão esteve em lay off e em teletrabalho. Trabalhar em casa foi uma boa experiência e de fácil a adaptação. Agora, está de volta à agência, mas há algo que não mudou: continua a trabalhar muito online.
Como correu o primeiro confinamento, em março de 2020, quando tivemos todos de vir para casa?
Fui para casa no dia 16 de março. Inicialmente, pensei que seria a típica quarentena de 15 dias, e voltaria de imediato – com o avançar da situação percebi que não ia ser bem assim. Foi um período de muito trabalho, tínhamos passageiros em vários locais a tentar voltar, tínhamos pessoas com viagens sinalizadas e, na altura, não se percebia bem os trâmites que devíamos seguir, tínhamos poucas indicações e muitas especulações. Foi trabalhoso.
Nunca pararam de trabalhar? Foi fácil a adaptação ao trabalho em casa?
Nunca parámos de trabalhar. Fizemos todos os vouchers de crédito e depressa começámos a comercializar o nosso turismo “Cá Dentro”. Na verdade, em maio de 2020, já estávamos a dar a possibilidade aos nossos clientes de trocar os seus vouchers por estadias em Portugal, o que deu uma enorme segurança ao cliente e a nós uma enorme satisfação, por sabermos que estávamos a resolver “problemas” e a passar a mensagem que as agências de viagens estavam totalmente encerradas.
Gostei muito da experiência do teletrabalho. Na verdade, trabalho muito online, sou muito ativa em redes sociais e não necessitei de grande adaptação, já estava na minha praia.
Quando é que regressou ao trabalho na agência de viagens e qual foi a sensação de estar de volta?
Foi como um primeiro dia de escola. Regressei a 4 de abril de 2020. Não sabia ao certo o que ia encontrar, se íamos continuar num frenesim enorme de vender Caraíbas e Internacional ou se apenas ia passar pelos cinco dias no Algarve. No entanto, foi gratificante, sentir que era o início de um novo normal e foi bom perceber que, mesmo depois de tudo, as pessoas confiam em nós para ajudarmos nas escolhas das férias, seja fora ou dentro de Portugal.
Do que sentiu mais falta no trabalho na agência de viagens?
Senti muito a falta da rotina laboral, o contacto com operadores, as trocas de emails constantes, a abordagem sucessiva de pedidos de orçamentos, procurar os melhores hotéis e destinos para cada cliente…senti falta de toda a rotina de um agente de viagens.
O que aprendeu a valorizar no trabalho em casa e o que funciona melhor no escritório?
Em casa trabalhamos mais horas, ligamos o computador enquanto fazemos o café da manhã, se for necessário almoçamos enquanto fazemos uma reserva, podemos dar um orçamento depois de jantar – no escritório não é assim.
No entanto, no escritório torna-se mais prática a logística, temos os processos mais perto, todos os meios de contacto em funcionamento, acesso a mais “ferramentas” de trabalho.
Como é trabalhar novamente em equipa?
A minha equipa é pequena (mas muito grande). É bom. O companheirismo faz parte do sucesso.
O que mudou no trabalho da agência antes da pandemia para agora?
Deixei praticamente de ter pedidos para viagens internacionais. Atualmente posso dizer que 90% das minhas vendas é para Portugal, noto os clientes mais recetivos aos meios online – o que para mim é fantástico, porque trabalhamos muito online e sou muito ligada a redes sociais. Notei também que os clientes preferem cada vez mais ser aconselhados por um profissional da área em opção de fazerem tudo sozinhos, como faziam antes pandemia.