As companhias aéreas não têm motivos para fazer voos vazios na Europa para manter os seus slots, disse a ACI Europe na quinta-feira, dia 6, dizendo que está “consternada” com a polémica e expressou o seu forte apoio à posição da Comissão Europeia sobre os limites para o uso de slots pelas companhias aéreas.
Recorde-se que, para evitar a perda de direitos de slots de aterragem e decolagem, as companhias aéreas estão a operar voos sem passageiros, noticiou esta quarta-feira, dia 5, a imprensa belga. É o caso da companhia aérea Brussels Airlines, do grupo Lufthansa, em que estão em causa cerca de 3.000 voos quase vazios nesta temporada.
Em tempos normais, as regras europeias estabelecem que as empresas devem utilizar pelo menos 80% dos slots de descolagem e aterragem que lhes são atribuídos nos aeroportos, caso contrário, perdem os seus direitos na época seguinte. Estas regras tornaram-se inaplicáveis pela pandemia, que causou o colapso do tráfego aéreo desde março de 2020, levando Bruxelas a suspendê-las.
Desde 28 de março de 2021 que as empresas estão obrigadas a utilizar 50% dos seus slots de decolagem e aterragem para mantê-los, mas esse patamar é considerado excessivo pelo setor aéreo, que ainda está em recuperação.
O CEO do Lufthansa Group, Carsten Spohr, alertou em 23 de dezembro que seria forçado a realizar “18.000 voos desnecessários” durante o inverno “apenas para manter os direitos de decolagem e aterragem” . “Apesar da procura urgente por mais flexibilidade, a UE aprovou uma regra de uso de 50% (…) claramente irreal”, disse um porta-voz da Associação de Transporte à AFP na quarta-feira.
Voos vazios: aeroportos não entendem a polémica
As organizações aeroportuárias já tiveram discussões públicas com a IATA nos últimos meses, em particular sobre as taxas aeroportuárias, num contexto de esgotamento financeiro para todo o setor.
A entidade afirmou quinta-feira a sua “consternação com a escalada das declarações políticas” e do setor sobre este tema dos “ voos vazios e os seus impactos ambientais” que para ela sugere um “cenário do fim do mundo (…) alheio à realidade ”.
A ACI Europe acrescentou que apoia a posição da Comissão Europeia e relembrou que as empresas podem manter os seus slots invocando pelo seu regulador nacional a cláusula de “não utilização justificada de slots”.
Isso “cobre não apenas a proibição total de viagens, mas também as restrições de movimento, quarentena ou medidas de isolamento que afetam a viabilidade ou a capacidade de viajar, ou a procura em certas rotas”, de acordo com o relatório.
