No que diz respeito à privatização da TAP, o presidente executivo da companhia aérea, Luís Rodrigues, argumentou que não deveria afetar os esforços para melhorar a empresa, enfatizando a importância de continuar a trabalhar independentemente do resultado da privatização. “A privatização não estraga os nossos planos de tentar transformar esta companhia numa das mais atrativas da indústria”, enfatizou, garantindo que a companhia vai trabalhar “como se não fosse haver privatização”.
“Vamos fazer o caminho com as equipas [da TAP], vamos tentar baixar o tom, porque, de facto, a nossa sorte é que 75% dos nossos passageiros não são portugueses, não viram a CPI [comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP]”, comentou o presidente executivo da TAP, esta segunda-feira, num encontro promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal.
Luís Rodrigues começou a sua intervenção reconhecendo os desafios enfrentados pela TAP no passado, mas enfatizou os resultados positivos alcançados no verão de 2023. “Graças ao trabalho incrível que foi feito, ninguém ouviu falar da TAP neste verão, que era exatamente o que nós queríamos. Significa que fizemos o nosso trabalho bem feito.” O presidente da TAP enfatizou que a empresa havia recentrado a sua organização em áreas críticas, incluindo passageiros, pontualidade, pessoas e um plano de reestruturação bem-sucedido. “O verão correu bem, não só em termos de operação, mas de resultados”, acrescentou.
Sobre o futuro, Luís Rodrigues destacou a oportunidade de transformar a TAP numa das companhias “mais atrativas do mercado global de aviação”.
“Graças ao trabalho incrível que foi feito, ninguém ouviu falar da TAP neste verão. Significa que fizemos o nosso trabalho bem feito.”
“Em Portugal temos dos custos operacionais mais baixos do setor. Porque, infelizmente, as pessoas ainda ganham menos aqui do que no resto da Europa (…). Graças à nossa posição geográfica e conectividade, temos condição para termos uma receita monetária mais elevada do que a generalidade da indústria. (…) Se temos condições para termos um custo unitário igual ou mais baixo e para termos condições para termos uma receita unitária igual ou mais alta, cria-se uma oportunidade que permite criar um ciclo vicioso e transformar esta companhia numa referência a nível mundial, atrativa para o seu talento, passageiros e investidores”, sublinhou o CEO.
No entanto, Luís Rodrigues reconheceu que existem desafios, incluindo a sustentabilidade, a digitalização e a questão do novo aeroporto de Lisboa, que descreveu como “um projeto transformador para Portugal”.
“Não é aceitável um aeroporto dentro da cidade numa economia de futuro sustentável.”
“Precisamos de uma localização e precisamos de um novo aeroporto. Não para trazer mais turistas mas, se não o fizermos, vamos é deixar de ter o atual nível de turistas”, alertou, argumentando que os turistas vão preferir viajar para outros destinos, para não terem de “perder duas a três horas” no aeroporto de Lisboa.
O presidente da TAP defendeu ainda que “não é aceitável um aeroporto dentro da cidade numa economia de futuro sustentável” e que é preciso tomar uma decisão, “seja ela qual for”.
“Pragmaticamente não vamos ter um novo aeroporto em Lisboa nos próximos 10 anos, mesmo que a decisão seja tomada amanhã. Até 2025, estamos condicionados pelo plano de restruturação. Entre 2025 e os próximos 10 anos a nossa margem de manobra é no Porto. Ainda não conseguimos definir a estratégia para o Porto, mas está no nosso radar como não esteve até agora”, indicou o presidente.
“Ainda não conseguimos definir a estratégia para o Porto, mas está no nosso radar como não esteve até agora”
Por sua vez, Bernardo Trindade, elogiou os números positivos da TAP em 2023 e destacou a importância da companhia aérea para o setor turístico em Portugal. O presidente da AHP mencionou que a abertura do capital da TAP “é um sinal de confiança na empresa e no país”, enfatizando a necessidade de uma TAP forte para o turismo português.
“Portugal precisa muito da TAP, o país turístico precisa muito da TAP. Há mercados onde, indiscutivelmente, a presença da TAP é absolutamente primeira, como no caso do Brasil, EUA, Canadá, etc”, sublinhou, indicando que, no caso da Madeira, “é fundamental a presença da TAP”, sobretudo porque, face a um aumento das taxas aeroportuárias na cidade do Funchal, há a ameaça de retirada da low-cost Ryanair.