A United Airlines cancelou os voos entre Faro e Nova Iorque, que estavam previstos decorrer entre 24 de maio e 23 de setembro deste ano.
Recorde-se que, em outubro de 2023, a transportadora anunciou uma série de novos voos internacionais para este verão, incluindo os primeiros voos diretos entre as duas regiões, com quatro ligações semanais, operados pelos Boeing 757.
“No total, esta operação iria representar cerca de 25 mil lugares ida e volta distribuídos por 130 voos – isto é uma gota no oceano de voos e de lugares à partida de Faro, mas é uma gota cujo cancelamento representa um enorme balde de água fria por tudo aquilo que esta rota e esta companhia traziam para a região”, descreve Pedro Castro, diretor da SkyExpert, empresa de consultoria em aviação, aeroportos e turismo.
Em declarações à imprensa internacional, a United Airlines refere que mantém o interesse em operar esta rota no Verão de 2025. Não tendo sido dada nenhuma justificação concreta, Pedro Castro levanta uma hipótese: “se havia necessidade de cortar algum voo operado pelos Boeing 757 devido à crise com os 737 MAX e com as entregas destes aparelhos que já afetou a Ryanair, a United poderia, por exemplo, ter optado por cancelar o segundo voo diário entre Nova Iorque e Porto. No entanto, preferiu, como se vê, cancelar este novo destino. Isto corresponde ao comportamento típico das companhias: em caso de dúvida, preferem consolidar o que já existe do que abrir novos destinos que requerem uma duplicação dos recursos e investimento”.
Com 277 aviões encomendados, a United Airlines é a companhia de lançamento dos Boeing 737 MAX 10, um avião cuja certificação e calendário de entrega ficaram comprometidos com a crise da versão MAX 9. “Estes são os aviões que irão substituir os Boeing 757 no futuro, mas talvez esse futuro tenha que aguardar um pouco mais”, prevê Pedro Castro.
Para Ponta Delgada, outro destino português sazonal da United, a empresa utiliza os Boeing 737 MAX 8, sendo esta a única rota europeia dos Boeing 737. “É possível que o gestor da frota da United esteja a passar por um mau momento”, afirma o diretor da SkyExpert.
“Os turistas americanos têm tido um desenvolvimento notável no Algarve, mas sem um acesso aéreo direto e sem escalas, o seu crescimento torna-se mais difícil. Se eu fosse o diretor do Turismo do Algarve, tentaria aliciar a Azores Airlines a aumentar, prolongar e/ou acertar os horários dos novos voos Faro-Ponta Delgada para ligarem com os voos de Ponta Delgada para o aeroporto de JFK. Em segundo lugar, no próximo Inverno, a United vai lançar o seu voo Nova Iorque-Marraquexe. Esta poderia ser a oportunidade perfeita para o Turismo do Algarve combater a sazonalidade”, disse.
Turismo de Portugal destaca aposta nos EUA
Em comunicado, o Turismo de Portugal sublinha que estas ligações são fruto de “uma colaboração intensa” com a ANA Aeroportos, a Associação de Promoção da Madeira, Associação de Turismo do Algarve e a United Airlines. “É especialmente relevante pelo impacto positivo que terá na promoção do turismo internacional em Portugal e no reforço da conectividade aérea com um mercado de grande relevância e em franco crescimento”, aponta o organismo.
Para Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, “estas novas rotas representam um marco na conectividade aérea e no fortalecimento das relações entre Portugal e os Estados Unidos. A partir de agora, todos os aeroportos nacionais serão servidos por rotas diretas dos EUA, mercado estratégico e de grande potencial, onde o Turismo de Portugal está comprometido em explorar e maximizar oportunidades. Trata-se de um mercado que se tem destacado pelo notável crescimento e contribuição positiva para o setor turístico nacional”.
Os EUA posicionaram-se, em 2023 como o 3.º mercado turístico para o destino Portugal aferido pelo indicador hóspedes (quota de 11,2%) e o 5.º no indicador de dormidas (quota de 8,6%). Este mercado registou cerca de 2M hóspedes (var.23/22: +35,2) que geraram 4,6M dormidas (+32,9%).
Destaca-se como o 5º. mercado em termos de receitas turísticas com um valor de 2 469€ milhões (quota: 9,8%), registando um aumento de 31,5% comparativamente a 2022.