Domingo, Maio 19, 2024
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Arrow Global: “Não estamos com pressa em alargar o nosso portfólio, estamos a consolidar as operações e equipas”

Em 2022, a Arrow Global anunciou um investimento previsto em hotelaria que poderia ascender a 500 milhões de euros nos próximos cinco anos. Desde então, já adquiriu o portfólio dos Hotéis Dom Pedro e tem estado a adquirir outros ativos, como é o caso da Estalagem das Cegonhas, em Vilamoura, os hotéis Hilton Vilamoura – As Cascatas Golf Resort & SPA, o Vilamoura Garden e, ainda, ativos na Herdade da Aroeira. Estas aquisições juntam-se à Details Hotels & Resorts, agora detida a 100% pela Arrow Global, e à gestão da Vilamoura World.

Em entrevista, Francisco Moser, CEO de Hospitality da Arrow Global Portugal, explica como estão a preparar o reposicionamento e divisão dos 14 hotéis do portfólio. O responsável garante que as marcas Dom Pedro e Details vão manter-se e avança que estão a negociar contratos de franchising com cadeias internacionais. Apesar da maioria dos ativos estarem concentrados no Algarve, sobretudo em Vilamoura, Francisco Moser afirma que continuam a analisar oportunidades de negócio noutras regiões do país. Mas a prioridade, agora, é consolidar as operações e a equipa.

Concluíram a aquisição dos principais ativos do Grupo Pedro em junho. Quais são os planos que têm para estas unidades?

Estamos a trabalhar na renovação, no reposicionamento e na melhoria dos ativos. Importa referir que temos um projeto bastante ambicioso e bem definido para o perímetro de Vilamoura. Os principais projetos do grupo Dom Pedro estão em Vilamoura, temos cinco campos de golfe – todos os campos de golfe de Vilamoura são nossa propriedade – , temos as três unidades do Dom Pedro (Dom Pedro Portobelo, Dom Pedro Marina e Dom Pedro Vilamoura), com frente mar, temos o projeto Dom Pedro Residence, para construção de um novo hotel, e, simultâneamente, dentro do grupo Arrow, somos também os gestores do Vilamoura World. Portanto, temos muitos projetos de construção de Real State, mas também de residencial turístico, depois também somos os donos da marina de Vilamoura e do Centro Hípico. Basicamente, temos um projeto de reposicionamento e de melhoria significativa do destino Vilamoura. O projeto para os hotéis, campos de golfe e club house está em linha com esta vontade de reposicionamento do destino.

Falando concretamente dos hotéis, queremos reposicioná-los. Tem havido um forte investimento por parte dos nossos concorrentes, o que tem sido ótimo, porque isso também nos ajuda a reposicionar o destino. O que estamos a fazer, neste momento, são parcerias com marcas internacionais para contratos de franchise para, pelo menos, dois dos hotéis, para o Dom Pedro Marina e para o Dom Pedro Vilamoura.

Quando serão anunciados estes contratos?

Ainda estamos numa fase de assinatura dos acordos com as marcas e, por isso, ainda não podemos avançar quem são os parceiros. São contratos de franchising com marcas internacionais de renome, que toda a gente conhece e que vão permitir posicionar os ativos num outro patamar.

A marca Dom Pedro não vai desaparecer. Uma das coisas que ficou muito bem definida aquando desta transação com a Saviotti S.A., foi precisamente que queremos honrar a marca Dom Pedro”

Isso significa que a marca Dom Pedro vai desaparecer?

Não, a marca Dom Pedro não vai desaparecer. Uma das coisas que ficou muito bem definida aquando desta transação com a Saviotti S.A., foi precisamente que queremos honrar a marca Dom Pedro. Uma coisa não é incompatível com a outra. É perfeitamente possível termos uma marca internacional no hotel e mantermos uma assinatura Dom Pedro Collection ou algo semelhante em que a marca Dom Pedro continue presente.

A mesma coisa vamos fazer para os campos de golfe, estamos em conversações com designers internacionais, para renovação dos campos e, simultâneamente, dos club house, que são uma parte fundamental dos campos. Há todo um projeto de reposicionamento destes ativos, em linha com aquilo que é o nosso projecto para Vilamoura.

Definiram um budget de investimento para os hotéis e campos de golfe?

Temos um business plan, considerámos um determinado valor aquando da aquisição dos ativos, obviamente que fizemos os nossos estudos, diligências, mas as coisas têm evoluído, a nossa visão também tem-se alterado e é fundamental fecharmos os acordos com as marcas, para começarmos a trabalhar em conjunto nos projetos de desenvolvimento dos hotéis. Por isso, não posso dizer que são 10, 15 ou 20, porque depende muito da evolução e fecho destes acordos. Iremos definir o valor, discuti-lo, e tentar fazer um investimento que permita que os hotéis ganhem uma nova vida, que mantenham um pouco da sua tradição, porque também não queremos abandonar a herança do grupo Dom Pedro, mas queremos, obviamente, preparar os hotéis para o futuro.

Divisão dos hotéis por clusters

Por sua vez, detêm 100% do capital da Details Hotels & Resorts, com oito unidades. Pode haver uma junção de marcas destas duas cadeias hoteleiras?

Neste momento, temos duas plataformas de gestão. Já tínhamos a plataforma da Details, agora temos a Dom Pedro, com a respetiva plataforma, herdámos a equipa, exceto algumas pessoas que ficaram no Dom Pedro Lisboa, como é natural. Estamos num processo de fusão das duas plataformas, e vamos criar uma plataforma única, para gerir estes ativos todos. Neste momento,temos 14 unidades hoteleiras sob gestão, mais os campos de golfe, cinco em Vilamoura e dois na Aroeira. A Aroeira é um projeto que também está incluído na nossa plataforma de gestão, no qual, além do golfe e club house, temos um projeto de construção de um aparthotel e algum residencial turístico.

Vão existir muitas mudanças em termos de reposicionamento e divisão dos hotéis por cluster, ou seja, vamos ter uma linha de hotéis franchisados, uma linha de hotéis geridos diretamente, uma linha muito clara de Villas&Apartments, porque é uma área que hoje em dia faz parte do panorama turístico e da nossa própria realidade, e uma área de desenvolvimento, que irá abranger os projetos que vão surgir. Portanto, a nossa plataforma vai abranger estes quatro braços, além de toda uma área de Sports&Leisure.

Quando estará concluído esse processo?

Temos estado a trabalhar na junção das plataformas e na estabilização das equipas em simultâneo com o posicionamento dos hotéis e dos clusters. Pode ser muito ambicioso dizer que no final do ano estará tudo pronto, porque falta um mês e meio para acabar o ano. Mas diria que, durante o primeiro trimestre, vamos ter tudo estabilizado.

“Gostamos muito da marca Details e podemos torná-la uma marca mais forte e com mais reconhecimento No Mercado”

A marca Details vai deixar de existir?

Não, não vai deixar de existir. Gostamos muito da marca Details e podemos torná-la uma marca mais forte e mais reconhecimento no mercado. Há uma coisa que posso dizer: os hotéis vão falar por isso, se for o Vale d’Oliveiras é o Vale d’Oliveiras, se for o Dom Pedro Vilamoura, que no futuro terá uma marca internacional, será essa marca que vai falar por si. Os hotéis vão falar por si, e temos uma management company por trás que gere todos estes ativos.

Vamos encontrar clusters diferentes, dentro do universo Details, temos hotéis no Carvoeiro, que têm um determinado posicionamento, mais virado para famílias, um full service resort, três unidades, estamos a negociar outras coisas nesta zona. Estamos neste momento muito atentos a oportunidades que estão a aparecer muito interessantes para a nossa plataforma, temos hotéis na zona de Albufeira mais adult-friendly. Portanto, estes diferentes clusters de hotéis vão estar muito bem definidos.

Já está concluído o projeto de requalificação da oferta das unidades da Details Hotels & Resorts?

Neste momento, concluímos ou estamos em fase de conclusão de duas unidades: O Aqua Pedra dos Bicos, que fica na Oura (Albufeira), e o Vale da Lapa, que fica na zona do Carvoeiro, em que temos praticamente os quartos renovados, áreas públicas, etc. Dividimos a remodelação em duas fases, para fazer em época baixa, nesta próxima época baixa vamos concluir. Nas outras unidades, estamos em fase de análise dos projetos de requalificação, durante este inverno e o próximo vamos continuar esse investimento. No Vale das Oliveiras fizemos algum investimento na renovação dos quartos, temos um projeto para investir na renovação das vilas que faltam. Basicamente queremos reposicionar as unidades para serem mais competitivas.

“já temos uma presença na Madeira, através das unidades Dom Pedro, e estamos atentos a outras oportunidades. o mercado está muito inflacionado e nós procuramos oportunidades em que valha a pena investir. Não significa que estamos apenas limitados ao Algarve”

Há uma concentração dos ativos da Arrow Global no Algarve (Vilamoura World, Details Hotels & Resorts, Hotéis Hilton Vilamoura, Hotéis Dom Pedro). Vão continuar a investir no Algarve?

Quando começámos a tratar os temas de hospitality dentro do grupo – fui contratado e estou desde o início com com este propósito – falávamos em investir em destinos consolidados do ponto de vista turístico, para os quais os fundos com que trabalhamos têm mais apetência. Essa estratégia mantém-se, o Algarve tem sido aquele onde as oportunidades têm surgido e, o facto de termos esta alavanca forte de Vilamoura, tem-nos permitido cimentar essa posição. Mas temos estado atentos a outros destinos. Neste momento, já temos uma presença na Madeira, através das unidades Dom Pedro, e estamos atentos a outras oportunidades. O mercado está muito inflacionado e nós procuramos oportunidades em que valha a pena investir. Não significa que estamos apenas limitados ao Algarve.

Estão a analisar outros projetos?

Não estamos proativamente à procura, para ser franco, mas recebemos muitas propostas para análise, temos a nossa equipa de investimentos, que analisa as oportunidades quando há oportunidades que mereçam um estudo mais aprofundado. Neste momento, não temos nenhum projeto que possa dizer que estamos quase a fechar. Temos o projeto da Aroeira, mas de resto não temos mais nada. Temos muito trabalho pela frente, com todos estes ativos, temos imenso trabalho na renovação, no reposicionamento dos hotéis, são 14 unidades sob gestão. Não estamos com pressa em continuar a alargar o nosso portfólio, estamos a consolidar as operações e as equipas para que tudo possa começar a dar resultados.

Adquiriram a Estalagem da Cegonha, em Vilamoura, e preveem a construção de um boutique hotel de cinco estrelas com 40 quartos. Quando abrirá?

A nossa equipa de desenvolvimento já está a trabalhar nisso. Em termos de timings, depende de muitos fatores, estamos dependentes de todos os parceiros com quem vamos desenvolver o projeto. Diria que dentro de dois, três anos, teremos o hotel a funcionar, é sempre muito difícil antever quando teremos o hotel pronto para abrir.

Terá uma marca internacional?

Provavelmente. Já discutimos isso e queremos envolver uma marca internacional, porque julgamos que haverá um mais rápido posicionamento do hotel em termos de performance.

“Estamos a planear um crescimento de cerca de 10% para o próximo ano. Julgamos que vamos atingir esse valor, não só porque o mercado vai continuar favorável para o nosso destino (Portugal e Algarve), mas também porque a United vai começar a voar quatro vezes por semana para o Algarve, e nós vamos beneficiar com isso, já estamos a sentir no real state

Como correu o ano para as unidades do portfólio da Arrow?

O ano correu bem. Em termos de resultados, agregando todas as unidades, estamos entre 15% a 20% acima. Houve velocidades diferentes, são ativos diferentes, mas no global o ano correu bem. O ano correu bem ao turismo e à hotelaria em geral, acompanhámos o movimento de melhoria geral da performance. Obviamente que temos um potencial para termos melhores resultados, tem muito a ver com os investimentos, mas, sobretudo, com a equipa que estamos a montar. A minha grande aposta é trazer profissionais para dentro desta plataforma que, de facto, tenham valor acrescentado. A nossa plataforma tem dois co-CEOs, eu na área de Hospitality, e o Nuno Sepúlveda, CEO de Desporto & Lazer, uma pessoa muito experiente, esteve nos melhores resorts de golfe que existem na Europa. Temos como diretor de operações o Gonçalo Duarte Silva, que estava no Hotel Shangri-la Kuala Lumpur. A vida toda trabalhou em grupos internacionais e estava há 30 anos fora de Portugal. Estamos a montar uma equipa de revenue management super competitiva e profissional. Isso para nós é fundamental, montar uma equipa de pessoas focadas, que olhem de uma forma moderna para a hotelaria, e que possamos, com isso, melhorar os resultados.

Esse processo de recrutamento está concluído?
Ainda estamos a afinar as equipas. Temos um CFO que entrou hoje, o Vitor Farinha, temos um outro profissional que vai entrar dentro de pouco tempo para a área de desenvolvimento estratégico, temos uma nova de diretora de Recursos Humanos que entrou ontem, Teresa Féria. Estamos a montar uma equipa de pessoas com competências para que os ativos sejam geridos da melhor forma.

Quais expetativas para o próximo ano?

Estamos a planear um crescimento de cerca de 10% para o próximo ano. Julgamos que vamos atingir esse valor, não só porque o mercado vai continuar favorável para o nosso destino (Portugal e Algarve), mas também porque a United vai começar a voar quatro vezes por semana para o Algarve e nós vamos beneficiar com isso, já estamos a sentir no real state. E, principalmente, vamos gerir as unidades de uma forma em que possamos ter uma maior diversificação de mercados e canais. Basicamente é nisso que estamos a trabalhar, continuar a privilegiar todos os mercados e canais, para não estarmos só dependentes da operação turística, ou da booking.com, continuarmos a ter esses parceiros obviamente, mas diversificar, e também os segmentos de mercado. Portugal e o Algarve estão muito dependentes dos portugueses no verão, e os ingleses nas temporadas intermédias, e é muito à volta disto que funciona o Algarve. Esses mercados são importantes, vamos continuar a investir, mas vamos à procura de outros mercados.

A ligação da United é mesmo muito bem-vinda, e nós estamos obviamente satisfeitos por isto ter sido anunciado, é bom para todos, para o Algarve, no geral.

Que desafios se apresentam pela frente?

Os custos. Agora vamos ter muitos projetos, preocupa-nos os custos de construção e renovação. Temos uma particularidade interessante. Somos donos da Viriato, uma empresa no Norte de Portugal que produz mobiliário para a hotelaria, temos um acesso mais competitivo a tudo o que é produção de equipamentos para a hotelaria, todos os nossos projetos vão contar com este apoio. Houve uma inflação grande na construção e equipamentos para hotelaria, isso preocupa-nos. Por outro lado, temos de ser muito mais eficientes na gestão dos recursos humanos, queremos ter pessoas a trabalhar connosco motivadas, pagar salários competitivos e até acima do mercado. Portanto, temos de ter pessoas mais eficientes e produtivas a trabalhar, para continuarmos a ser mais competitivos no nosso negócio. A componente de recursos humanos tem um peso significativo. Por fim, do ponto de vista tecnológico, queremos ter bastante eficiência, queremos soluções tecnológicas modernas para podermos ser competitivos na gestão.  

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