Javier Castillo Medina foi apontado como novo diretor-geral da Ávoris Corporación Empresarial para Portugal em abril deste ano. Com as operações de risco para o verão na iminência de começar, esta foi a prioridade dos primeiros meses à frente do grupo turístico. Na sua primeira entrevista ao TNews faz um balanço da operação e revela algumas novidades para o próximo ano.
Chegou em maio à empresa e, com o verão quase a começar, concentrou esforços na operação de risco. Como estão a correr as operações de risco para as Caraíbas e Cabo Verde?
Sim, a minha entrada no grupo foi anunciada em abril e cheguei a Portugal na segunda semana de maio. O que mais nos preocupava era a operação de risco dos operadores turísticos. Vínhamos de um primeiro quadrimestre com uma procura não muito acentuada e a verdade é que a situação dos voos para os meses de verão era um pouco preocupante. A realidade é que fizemos algumas ações no mercado e, a partir do mês de maio, ativou-se um pouco mais. O resultado? As ocupações até ao final de setembro são ótimas, temos ocupações acima de 95% em praticamente todas as rotas. Para o inverno e outono, a verdade é que a procura está um pouco mais contida. Nestas últimas duas semanas estamos a notar uma menor procura.
Há operações que vendem melhor do que outras?
Há operações que têm mais aceitação e outras que dão mais trabalho. Também porque a oferta de lugares no mercado é grande. Cabo Verde tem tido uma muito boa aceitação, por isso duplicámos a operação nos meses de agosto – com quatro frequências semanais, uma de Lisboa para o Sal, duas frequências do Porto para o Sal, e uma do Porto para a Boavista. Todos os voos saíram praticamente cheios, exceto as primeiras partidas de julho em Lisboa, que tiveram uma ocupação de 90%. No destino Caraíbas, tivemos uma muito boa ocupação desde o final de junho até ao mês de setembro, para o destino Punta Cana, e abrimos uma operação especial à partida do Porto.
Justamente, que resposta está a ter a operação à partida do Porto para Punta Cana?
Havia certas dúvidas quanto à consolidação desse voo, mas a ocupação tem sido de 100% desde a primeira saída. É a primeira vez que operamos como grupo Ávoris, depois da pandemia, mas é uma operação que, pela tipologia de produto e pela tipologia de cliente, sempre vendemos muito bem os destinos de praia. E o destino de Punta Cana, este ano, foi ainda melhor.
Fizemos algumas ações promocionais na primeira saída. É verdade que tivemos um grupo de agentes de viagens no voo inaugural para conhecer o destino, foram 16 pessoas convidadas e os restantes eram passageiros. A nossa operação termina no mês de setembro e toda a operação, até ao final, está bem.
É possível manter esta oferta para as Caraíbas no próximo ano?
Sim. Creio que tanto as agências de viagens, como o consumidor, sobretudo as agências, podiam ter alguma dúvida que a operação não chegasse a realizar-se, e isso fazia com que a procura pudesse estar um pouco mais contida, mas comprovaram que as operações iam sair. No ano que vem, ainda com mais certeza, esta operação tem de ser consolidada. Inclusive, no próximo ano, no que diz respeito ao voo Lisboa-Punta Cana, tentaremos que seja alargado, ou seja, que comece mais cedo, para ter uma maior cobertura, e que não acabe em setembro.
Pensam fazer mais operações charter à partida do Porto? Quais são as vossas ideias para o aeroporto do Porto?
No Porto, e relativamente a 2023, observando o êxito que temos tido na operação Porto-Punta Cana, estamos a estudar alguns destinos de longo curso complementares à operação de Punta Cana. Não vamos abandonar a operação de Punta Cana. No próximo ano manteremos esta rota. Voaremos também do Porto para outros destinos das Caraíbas. Estamos a estudar a possibilidade de ter um voo para Varadero e Cancun.

“Em 2023, no que diz respeito ao voo Lisboa-Punta Cana, tentaremos que seja alargado, ou seja, que comece mais cedo, para ter uma maior cobertura, e que não acabe em setembro”.
Com o aeroporto de Lisboa esgotado, é mais fácil crescer em operações à partida do Porto?
Antes da pandemia já tínhamos muitas dificuldades para conseguir slots em Lisboa, tanto para os voos que já operávamos anteriormente, como para os novos. O histórico dos voos anteriores, de tour operação, não é considerado. Apesar de sempre operarmos os mesmos destinos, não temos histórico e a cada ano são novos slots e o aeroporto tem sérias dificuldades para ceder slots. O aeroporto alternativo a Lisboa que nos oferece a ANA é o aeroporto de Beja. É um aeroporto complicado para poder operar pela distância e pela infraestrutura para lá chegar, não temos comboio, não temos hotéis para as tripulações ficarem, então, em termos operacionais, é um pouco mais complicado. Independentemente da procura que a zona Norte pode ter, a verdade é que o aeroporto do Porto é mais fácil que o aeroporto de Lisboa. No entanto, o nosso interesse não é concentrar a operação no aeroporto por causa da dificuldade que pode ter Lisboa. O nosso interesse é manter as operações no Porto, porque há uma procura natural que temos de cobrir e porque o Porto gera tráfego importante no período de férias. É muito mais cómodo para o cliente. Mas também é certo que, se não conseguirmos operar todos os voos que queremos em Lisboa, antes de qualquer outra alternativa, preferimos o Porto como destino.
“Estamos a trabalhar na possibilidade de montar uma operação de Fim de Ano no Nordeste do Brasil”
Fim de Ano
Têm operações especiais para o Fim de Ano?
Estamos a trabalhar no Fim de Ano e queremos montar algumas operações especiais. Estamos a aguardar a confirmação da nossa companhia aérea sobre a disponibilidade de aviões. Atrevo-me a adiantar que vamos voar desde Lisboa para Punta Cana. Este voo não o faremos só no Fim de Ano, mas também em toda a operação de inverno. Estamos a trabalhar na possibilidade de montar uma operação de Fim de Ano para o Nordeste do Brasil. Não é 100% certo, mas estamos a analisar essa possibilidade com um voo direto de Portugal. Depois, teremos toda a operação das diferentes marcas e voos especiais via Madrid, mercados de Natal, voos para Punta Cana, Cuba, México. Teremos alguma operação especial para as Baleares e Canárias, mas tudo à saída de Madrid. Possivelmente teremos uma operação de Lisboa para Cabo Verde.
A operação para o Brasil será com a Nortravel?
Com a marca Nortravel temos lugares para o Fim De Ano com a companhia TAP, mas são lugares limitados e estamos a analisar a possibilidade de pormos uma operação para o Nordeste, com a Nortravel, sim. Podemos também pôr a Jolidey, mas seria a Nortravel a suportar esta operação.
“Estamos a equacionar voar para algum destino no Índico desde Lisboa”
Perspetiva lançar alguma nova operação de risco na próxima temporada? Em parceria com algum operador?
Sim, a nossa intenção em Portugal não é ter exclusividade, estamos abertos a colaborar com um parceiro estratégico, qualquer operador, qualquer rede de distribuição. A nossa relação com os nossos colaboradores e concorrentes está aberta, gostaríamos de chegar a acordos com qualquer operador, sempre que a filosofia deles e a nossa se cruzem e ajude a consolidar voos e novos destinos para que o mercado português tenha um portfólio de produto e maior atividade. Não estamos fechados, pelo contrário, estamos abertos a poder colaborar com outros operadores em novos destinos.
Quanto a novos destinos, no próximo ano vamos programar o Egito, que é um voo que já programamos este ano, mas que não consolidámos da forma como vamos fazer em 2023. Agora temos uma operação especial para o Egito com saída de Lisboa a 25 de setembro, mas é uma operação única. A intenção do grupo Ávoris, no ano de 2023, é que o destino Egito seja uma operação de verão e outono, com saídas de Lisboa e Porto com uma combinação de destino de praia (Hurghada), produto de cruzeiro e Cairo.
Quanto a outros destinos, o Nordeste do Brasil, não só para a operação de Fim de Ano, mas também uma operação de verão. Estamos também a equacionar voar para algum destino no Índico desde Lisboa. Vamos recuperar destinos como Malta, uma operação de voo charter para a Turquia. Em 2023 teremos alguns destinos novos.
Isso implicaria ter mais aviões?
Não digo que não. Se tivermos uma operação consolidada em destinos que necessitem de mais um avião, teremos. Pessoalmente, prefiro os aviões que permitem abrir novos destinos com capacidades relativamente cómodas, o melhor avião para o mercado português seria o A321 que permite fazer voos de longa distância. Já fizemos com o A321 da SATA de Lisboa para a República Dominicana que tinha 186 lugares. Essa seria a configuração ideal para abrir novos destinos.
Ter uma companhia permite-nos fazer um desenho da estrutura turística dentro do grupo Ávoris, garante-nos ter disponibilidade e facilidade para poder ampliar ou reduzir operações em função da procura. Para nós é estratégico e vital ter uma companhia. Também é verdade que ter uma companhia obriga-nos a condicionantes importantes, que são as capacidades, estamos a falar de 388 lugares, não podemos nem ter uma operação maior, nem mais pequena em função da temporada e da procura, e a procura em Portugal nem sempre é igual, temos uma temporada alta e uma temporada baixa.
“Estamos otimistas, entendemos que no próximo ano o cliente vai continuar a viajar, porque viajar converteu-se numa necessidade, depois de dois anos de pandemia e da privação de mobilidade.”
Que expetativas tem para o inverno?
Temos alguma incerteza não apenas no nosso grupo, como no mercado. Não diria que os indicadores para o ano de 2023 são preocupantes, mas também não são muito otimistas. Entendemos que o tema dos custos é um problema, os custos estão a subir muito, tanto na hotelaria como nos transportes, o que encarece muito os preços. Estamos a ter aumentos de preços na hotelaria porque os custos dos hotéis estão a aumentar, tanto de energia, como alimentação, pessoal. E na parte do transporte estamos preocupados como vai correr o inverno, tendo em conta os combustíveis e a paridade do dólar. Se fizermos uma comparação de como estava o dólar em 2021 e como está agora e quais as previsões em 2023, não é muito favorável para o setor. Tudo isto causa alguma incerteza. Mas por outro lado estamos otimistas, entendemos que no próximo ano o cliente vai continuar a viajar, porque viajar converteu-se numa necessidade, depois de dois anos de pandemia e da privação de mobilidade. Acreditamos que o ano não vai ser mau, mas com alguma incerteza, porque não sabemos muito bem que efeito terá na procura o aumento das taxas de juro, os custos de energia, aumento de bens. Esperemos que não seja uma crise, mas um momento transitório e que a economia recupere de forma rápida.
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