O ano está a acabar e quisemos saber que balanço fazem os profissionais de turismo de 2023. Saiba o que elegeram como o melhor e o pior do ano e os seus desejos para 2024. Com as opiniões de Ana Jacinto, André Gomes, Francisco Capote e Miguel Mota.
Ana Jacinto, secretária geral da AHRESP
+Melhor
Os proveitos e os números de dormidas e de hóspedes, sobretudo internacionais, que ultrapassaram os do ano-recorde de 2019 e voltaram a demonstrar que o Turismo é verdadeiramente determinante para o crescimento da economia nacional.
-Pior
O aumento do custo de vida e a redução do poder de compra, consequências da inflação e das taxas de juro, tiveram impactos diretos e muito negativos nas atividades turísticas. A aprovação da legislação para o Alojamento Local do pacote Mais Habitação, bem como a incerteza no quadro político nacional de um governo de gestão e eleições antecipadas são sempre prejudiciais à estabilidade e crescimento das nossas empresas.
Um desejo para 2024
Tenho muito mais que um, mas, acima de tudo, desejo o fim dos conflitos internacionais e paz para um mundo melhor. Espero também que seja mais um ano de superação das nossas empresas da restauração e do alojamento turístico, para que possam continuar a ser o motor principal da economia nacional.
André Gomes, Presidente do Turismo do Algarve
+Melhor
O setor deverá pela primeira vez ultrapassar o pico atingido em 2019. Este facto é positivo por vários motivos. Em primeiro lugar, permitiu a retoma da atividade económica do setor, que representa um importante contributo para o PIB nacional. Em segundo lugar, contribuiu para a criação de emprego e oportunidades de negócio. Em terceiro lugar, tem um impacto positivo na imagem internacional do país como destino turístico, gerando cada vez mais interesse de mercados exigentes como o norte-americano, que é o que mais cresce em Portugal.
-Pior
A inflação teve um impacto negativo no turismo nacional, pois aumentou os custos operacionais das empresas do setor, como os custos de energia, alimentação e alojamento. Este facto pode levar a uma redução dos lucros das empresas e, consequentemente, a uma diminuição da competitividade do setor a nível internacional. O aumento dos preços impactou especialmente o mercado interno, que é o mais relevante para a atividade turística no país.
Um desejo para 2024
A consolidação da recuperação da procura turística é fundamental para a sustentabilidade do turismo em Portugal. A diversificação da oferta é também importante para atrair novos turistas e para reduzir a dependência de mercados tradicionais. Além disso, gostaria de ver o setor a promover uma maior sustentabilidade ambiental e social.
Francisco Capote, Head of Sales MICE International Discovery Hotel Management
+Melhor
Os avanços na tecnologia com novas ferramentas que permitem um ambiente interativo de realidade virtual e aumentada, a utilização da inteligência artificial para a personalização de experiências, o desenvolvimento de iniciativas cada vez mais sustentáveis, e sem dúvida, a recuperação gradual do setor no pós-pandemia, impactaram positivamente o turismo em 2023.
–Pior
A recuperação lenta de mercados turísticos importantes para Portugal, como o asiático ou o alemão. Mercados estes com uma grande representatividade no setor do turismo nacional, e que em 2023 não tiveram a expressão de anos anteriores.
Um desejo para 2024
Que o turismo em Portugal continue a aumentar a sua qualidade com colaboradores qualificados e motivados, conquistar novos mercados e reconquistar os que estão mais fragilizados, que se traduzirá no crescimento das nossas taxas de ocupação. Desta forma, conseguiremos voltar a ser o motor da economia nacional.
Miguel Mota, Diretor de Vendas para Portugal do Grupo Air France-KLM
+Melhor
Em primeiro lugar, devo sublinhar que, além de termos recuperado melhor e mais cedo do que o esperado após o período sem precedentes da covid-19, o fim da maioria das restrições de viagem na China e a forte recuperação e o crescimento das viagens intercontinentais, especialmente o tráfego transatlântico entre a Europa e a América do Norte (Canadá, EUA e México), estão entre os eventos mais impactantes para o setor do turismo e a nossa indústria em 2023. Especificamente para a Air France-KLM, sublinho, uma vez mais este ano, a contínua aposta estratégica e operacional do Grupo na sustentabilidade enquanto pilar estratégico do nosso negócio. Parece que o nosso compromisso de décadas com a sustentabilidade começa a ganhar ímpeto num número crescente de mercados (e, esperamos, de empresas!) em todo o mundo, e isso deve ser saudado. A este respeito, é importante recordar e celebrar a assinatura e renovação do nosso primeiro acordo local do programa SAF Corporate em Portugal com um agente de viagens, a Travelstore. Por último, gostaria de destacar o fortalecimento da nossa carteira de destinos e de ter Zanzibar como um dos nossos destinos mais na moda e de topo a partir de Portugal.
-Pior
Prefiro vê-lo como desafios a superar pela indústria do turismo no seu todo: por um lado, as consequências das persistentes tensões geopolíticas na Ucrânia e da eclosão do conflito no Médio Oriente desde Outubro passado e, por outro, o ainda modesto número de parceiros locais que se têm juntado a nós em ações de sustentabilidade, como o nosso programa SAF.
Um desejo para 2024
Com toda a certeza, um mundo mais pacífico e um governo forte em Portugal saído das eleições de 10 de Março; para a indústria, com a sua diversidade de stakeholders e interesses, um maior foco e propósito na transição energética e na sustentabilidade, incluindo a maior adesão dos parceiros locais ao nosso programa de SAF.