Segunda-feira, Dezembro 9, 2024
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Profissionais estão otimistas com 2024 e cautelosos a médio prazo, revela barómetro IPAM/Europeia e TNews

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A maioria dos profissionais de turismo em Portugal apresenta uma perspetiva positiva (95%) relativamente à atividade do setor para este ano e para os próximos três anos, revela o Barómetro 2024, uma iniciativa do IPAM, da Área de Turismo e Hospitalidade da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnologia (FCST) da Universidade Europeia, com o apoio do TNEWS. O questionário, que decorreu entre os meses de abril e maio de 2024, pretendeu avaliar os níveis de confiança dos profissionais no setor do turismo para este ano e para daqui a três anos.

Segundo a análise, 65% dos profissionais que participaram no questionário tem uma perspetiva boa e 30% tem uma perspetiva muito boa para o setor do turismo para este ano. Apenas 5% dos profissionais que responderam ao inquérito tem uma perspetiva má ou muito má para o setor do turismo para este ano.

Comparando com os resultados de 2023 (1ª edição do Barómetro IPAM/Europeia/TNews), verifica-se que se mantêm expectativas altamente positivas. A única alteração prende-se com o facto de em 2024, 30% dos participantes ter uma expectativa muito boa versus 40% dos participantes que tinha uma perspetiva muito boa em 2023.

Quanto às perspetivas para a atividade do setor daqui a três anos, a maior parte dos profissionais tem um sentimento positivo também. Apenas 9% tem uma perspetiva negativa enquanto 72% tem uma perspetiva boa e 19% muito boa.

Contudo, é de se referir que a perspetiva a curto prazo é melhor do que a perspetiva a três anos, havendo mais participantes com uma perspetiva muito boa a curto prazo (para este ano) quando comparada a médio prazo (três anos). Há também mais participantes com uma perspetiva negativa a três anos quando se comparando com a perspetiva para este ano. Assim, pode-se concluir que os participantes do estudo estão extremamente positivos a curto prazo, porém ligeiramente mais apreensivos a médio prazo.

Maioria perspetiva aumento dos níveis de investimento

A maioria dos participantes do estudo afirma que as suas empresas irão aumentar os seus níveis de investimento. Apenas 6% afirma que as suas empresas irão diminuir os seus investimentos. Em comparação a 2023, há menos inquiridos que afirmam aumentar os investimentos, mas também se verifica um ligeiro declínio daqueles que afirmam reduzir os seus investimentos. Pode-se concluir que continua a existir uma dinâmica bastante positiva no setor do turismo.

O relatório salienta que os planos de investimento variam consoante a dimensão das empresas, ou seja, existem menos microempresas a planear aumentar os seus investimentos quando se compara com empresas de maior dimensão. Mais de 67% das grandes empresas irá aumentar os seus investimentos, e nenhuma planeia diminuir os seus investimentos. Relativamente às PMEs, 57% afirma que irá aumentar os seus investimentos e 6% afirma que irá reduzir. Relativamente às microempresas, menos de metade (42%) afirma que irá aumentar os seus investimentos e 9% afirma que irá diminuir. Assim, as PMEs estão mais propensas ao investimento do que as microempresas, contudo há menos a afirmar que irão aumentar os seus investimentos quando se compara com as grandes empresas.

Contudo, quando se comparam os planos de investimento entre 2023 e 2024, pode-se observar que há um decréscimo na vontade de aumentar o investimento das grandes empresas e das PMEs. Contrariamente, em 2024 existem mais microempresas a afirmar que irão aumentar os seus investimentos comparativamente a 2023. Assim, apesar das microempresas serem aquelas que menos planeiam aumentar os seus investimentos, a sua trajetória de investimento é positiva.

Apenas 14% recomendaria uma profissão no setor do turismo

Quando questionados se recomendariam, a um familiar ou a um amigo, uma profissão numa empresa a operar no setor do turismo, apenas 14% dos participantes responde de forma positiva.

De acordo com os resultados, 50% dos inquiridos são detratores, ou seja, apresentam reservas na altura de recomendar uma carreira profissional em empresas no setor do turismo. Apenas 14% recomendaria uma profissão no setor do turismo. Desta forma, o valor do NPS (Net Promoter Score ou Índice de Satisfação) é -36, o que sinaliza que os participantes, globalmente, não recomendam uma carreira profissional numa empresa do setor do turismo. Comparativamente a 2023, os valores do NPS em 2024 melhoram (+1%), porém são ainda piores do que os valores de 2019. Em 2024, existem menos pessoas a recomendar e mais a desaconselhar uma carreira profissional no turismo quando se compara com 2019, revela o estudo.

Qual o maior fator de preocupação?

Os principais focos de preocupação de quem trabalha no setor do turismo foram medidos através da qualidade do sono dos participantes do estudo, utilizando uma escala de Likert com 5 pontos para avaliar a qualidade do sono.

Os fatores que provocam mais preocupação nos participantes do estudo são o potencial aumento dos custos e a falta de mão-de-obra. Do total da amostra, 65% afirma que dorme mal ou perde totalmente o sono ao pensar nesses dois fatores. Apenas 35% diz que dorme ok, muito bem ou que nem um anjo quando pensa na possibilidade do aumento dos custos ou falta de mão-de-obra.

Um segundo grupo de fatores que preocupam menos de metade da amostra do estudo são a imprevisibilidade legislativa, que retira o sono a 45% dos participantes, a evolução da economia, que retira o sono a 44% da amostra, e a incerteza fiscal, com impacto negativo no sono em 43% da amostra.

Num terceiro grupo de fatores encontram-se a segurança do emprego, que retira o sono a 34% da amostra, a oportunidade de carreira profissional, que tem um impacto negativo no sono em 32% da amostra, e o aumento da concorrência, que impacta o sono a 25% da amostra. Pode-se concluir que os fatores que mais preocupam os elementos do setor do turismo são o aumento dos custos e a falta de mão-de-obra. De facto, a falta de mão-de-obra aparentemente faz com que os participantes se sintam seguros nos seus empregos. É também de salientar que a concorrência é um fator que pouco preocupa os participantes do estudo.

“De facto, em função das expectativas positivas de curto e médio prazo, e com mais de metade da amostra a afirmar que irá aumentar os seus investimentos, pode-se depreender que existe uma perceção de que o mercado está em franco crescimento e tem lugar para mais empresas”, revela o estudo.

74% dos participantes prevê investimentos em práticas sustentáveis

Relativamente às práticas sustentáveis é “aparente o esforço que a maior parte das empresas tem encetado”, revela o relatório. A maior parte dos participantes, 74%, afirma que é provável ou extremamente provável que a sua empresa invista em práticas sustentáveis. Apenas 14% dos participantes afirma que a sua empresa não vai investir em práticas sustentáveis.

“É interessante verificar que a propensão das empresas a investir em boas práticas sustentáveis afeta a propensão dos participantes para recomendar uma profissão no setor do turismo. De facto, existem diferenças estatísticas entre os detratores, passivos e promotores do setor do turismo em função do grau de investimento das suas empresas em práticas sustentáveis. Os maiores promotores acerca de um futuro profissional no setor do turismo são aqueles que trabalham em empresas que estão mais propensas a investir em práticas sustentáveis. Inversamente, os participantes que trabalham em empresas menos propensas a investir em práticas sustentáveis são os que menos recomendam uma profissão no setor do turismo. Assim, o NPS dos participantes do estudo que trabalham em empresas que estão propensas a investir em práticas sustentáveis é de -30%. Porém, o NPS para os participantes que trabalham em empresas que não estão propensas a investir em práticas sustentáveis é de -68%”, aponta o estudo.

Os valores do NPS “têm correlação forte com os fatores oportunidade de carreira profissional e segurança no trabalho”, acrescenta o relatório. É de referir que os participantes que trabalham em empresas menos propensas a investir em práticas sustentáveis estão menos confiantes relativamente aos seus postos de trabalho e à sua progressão de carreira. 59% dos participantes que trabalham em empresas não propensas ao investimento em práticas sustentáveis afirma perder o sono quando pensa nas oportunidades nas suas carreiras profissionais e 44% perde o sono por causa da segurança do seu emprego. Contrariamente, apenas 25% dos participantes que trabalham em empresas que investem em práticas sustentáveis perdem o sono ao pensar em oportunidades de carreira profissional, e 31% dos participantes perdem o sono quando pensam na segurança do seu emprego.

Investimento em tecnologia

A maior parte dos participantes afirma que as suas empresas estão propensas a investir em novas tecnologias, tais como robotização, realidade aumentada, realidade virtual, chatbots, entre outras. De facto, 54% afirmam que as suas empresas irão investir nessa área.

Porém, o relatório salienta que as empresas do setor do turismo estão mais propensas a investir em práticas sustentáveis do que em novas tecnologias. “O foco é bastante superior nas práticas sustentáveis do que em novas tecnologias. De facto, 74% dos participantes afirmam que as suas empresas irão investir em práticas sustentáveis, enquanto ao nível do investimento em novas tecnologias o valor é de 54%”.

É possível tirar outra conclusão deste relatório: “Os participantes do estudo estão mais confiantes relativamente ao seu futuro profissional em empresas que investem em novas tecnologias. 50% dos participantes que trabalham em empresas não propensas ao investimento em tecnologia afirmam perder o sono quando pensam nas suas carreiras profissionais e 46% perdem o sono por causa da segurança do seu emprego. Relativamente aos participantes que trabalham em empresas que investem em tecnologia, apenas 24% dos participantes afirmam perder o sono quando pensam nas suas carreiras profissionais e 25% perdem o sono por insegurança no seu posto de trabalho”.

O relatório conclui que “as empresas mais dinâmicas ao nível do investimento em novas tecnologias são as que garantem melhores perspetivas de trabalho aos seus colaboradores”.

A amostra do estudo é composta por 222 profissionais que trabalham em diferentes regiões de Portugal. Os participantes da região de Lisboa representam 59% da amostra e os residentes do Porto e Norte de Portugal representam 23% da amostra. Os participantes da região Centro de Portugal representam 6% da amostra e os do Algarve representam 5% da amostra. Finalmente, participantes dos Açores e Madeira representam 1% e 2% da amostra, respetivamente. Os participantes são maioritariamente mulheres (61%), com idades compreendidas entre os 35-54 anos (53%). Com formação superior (84%) ou pelo menos secundário (15%), os respondentes desempenham funções em grandes empresas (21%), médias empresas (19%), pequenas empresas (20%), microempresas (38%) ou trabalham no setor público (2%).

Elaboração e Coordenação do projeto:

João Freire, Professor e Diretor da Licenciatura Marketing Global do IPAM Lisboa  

Sofia Almeida, Professora e Coordenadora da Área Turismo & Hospitalidade da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnologia da Universidade Europeia

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