“EM TODO O LIVRO HÁ UMA VIAGEM”
6. A Arte do Silêncio, (Amber Hatch, 2017) *
O silêncio é um bem fundamental. Porém, não é tarefa fácil. O silêncio é cada vez mais raro e aceite pelas pessoas. Muitas destas são alheias ao ruído do quotidiano urbano, sem se aperceberem de que isso as afeta na saúde.
Amber Hatch é autora de diferentes livros sobre mindfulness. Aos 24 anos, terminou um mestrado em Escrita Criativa na Universidade de Bath, em Inglaterra. Este seu livro é um guia de viagem dentro de nós próprios em resposta ao confronto com a vida lá fora.
Na introdução, a autora descreve o conceito de “silêncio”, uma fonte de poder profundo e um lugar especial de serenidade, calma e paz. O excesso de informações, no quotidiano, no trabalho e até em viagem obriga a exercícios de mente plena. “O que é o silêncio?” – É esta a questão essencial e urgente.
A autora procura dar a conhecer não o silêncio puro, que considera inatingível, mas a ferramenta para controlar a ansiedade quotidiana e atingir a paz interior.
O silêncio e a quietude podem ser encontrados a determinadas horas da madrugada ou em lugares inóspitos, no entanto é necessário estar disposto a procurá-los e a saber usufruir deles. Encontrar estes espaços num mundo em movimento, onde se é compelido a estar permanentemente disponível e contactável, cada vez se torna mais premente, pois os momentos de pausa e de sossego absoluto são possíveis e fundamentais para uma boa qualidade de vida, num mundo inundado de ruído.
Quando viajamos, quase sempre estamos na presença de ambientes cheios de sons e estímulos do mundo externo, queremos ver muito, em vez de usufruir de menos para compreender e desfrutar em pleno do tempo e do lugar. É aqui que entra a arte do silêncio no culto da viagem, para priorizar o que é importante, cultivar relações pacíficas com as pessoas, as coisas e a paisagem, estar em atenção plena e usar o olhar e a escuta como ferramentas de conexão.
Também há destinos que são procurados, precisamente, pelo seu sossego relacionado com a sua natureza e as suas características. O que não deve acontecer é a existência de programas de animação intrusivos que cortam esse bem. Veja-se, por exemplo, praias paradisíacas com música e dança a toda a hora que importunam alguns turistas que procuram esses destinos turísticos por causa, precisamente, da tranquilidade da paisagem, das arquiteturas orgânicas e do ritmo de vida.
Agora, eu próprio vou entrar em silêncio. Desejo-vos boas leituras, de preferência em viagem!
Por Jorge Mangorrinha, Pós-Doutorado e Professor em Turismo
*O autor escreveu durante seis meses sobre um livro à escolha
Ver também:
A Biblioteca de Jorge Mangorrinha: Viagens de uma Vida, de 25 Bloggers de Viagens Portugueses
A Biblioteca de Jorge Mangorrinha: Cozinha Tradicional Portuguesa, de Maria de Lourdes Modesto
A Biblioteca de Jorge Mangorrinha: Teoria da Viagem, de Michel Onfray
A Biblioteca de Jorge Mangorrinha: Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne
A Biblioteca de Jorge Mangorrinha: Diário de Bordo, Fernando Távora